Arte pop continua viva

Os filhos de Marx e da Coca-Cola estão reunidos em volta do pai na exposição Hollywood Boulevard, que a galeria Fortes Vilaça, em São Paulo, abre na quinta, mesmo dia em que Cindy Sherman faz 52 anos. O pai atendia pelo nome de Andy Warhol (1928-1987). Os filhos, além de Cindy Sherman, são Ed Ruscha, Francesco Vezzolli, Jack Pierson, John Baldessari, John Waters, Julião Sarmento, Richard Prince e Vik Muniz. Todos nasceram sob o signo da arte pop, aquele movimento do pós-guerra que queria mudar o mundo atirando na cara do consumidor caixas de sabão em pó, latas de sopa e tudo o que tornava os lares de então tão diferentes das casas de suas avós. E, embora irônicos, ao reconhecer e criticar a sociedade de consumo, acabaram consumidos pelos colecionadores, que transformam tudo em mercadoria.

De qualquer modo, não foi com intenções críticas que o curador português Alexandre Melo concebeu a mostra, que reúne pinturas, fotos e gravuras de artistas que trabalharam com ícones da indústria cinematográfica americana por considerá-los dignos de inserção no circuito da alta cultura. Nem Lawrence Alloway, ao cunhar o termo "pop", poderia imaginar que a estética do descartável e da obsolescência planejada produziria novos exemplos de expressão visual baseados nos velhos modelos warholianos.