Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Segunda - 16 de Janeiro de 2006 às 12:54

    Imprimir


A União Européia (UE) terá que tratar com o Hamas se está interessada em manter relações com o Oriente Médio, afirmou à EFE Mahmoud Ramahi, um dos principais dirigentes do movimento que poderia tirar do Fatah a liderança da ANP. "Somos uma parte importante do Oriente Médio e se a UE está interessada em manter relações com esta região terá que conversar conosco", garante Ramahi.

E acrescenta: "Informei representantes da UE, em minhas várias reuniões com eles, que foi um grave erro incluir o braço político do Hamas na lista de organizações terroristas. Também disse que este é um problema deles e eles têm que resolver".

Na sede da campanha eleitoral do Hamas em Ramala, em um pequeno escritório no quarto andar de um centro comercial meio abandonado situado no centro da cidade, se respira um ambiente de ansiedade, pelo entrar e sair constantes, e de confiança, em que conseguirão muito bons resultados nas eleições legislativas palestinas no próximo dia 25.

Ramahi, o oitavo na lista do Hamas, fala apoiado pelos resultados das últimas pesquisas, que concedem ao movimento ao que pertence entre 30% e 35% dos votos, poucos pontos atrás do Fatah, que atualmente domina a Autoridade Nacional Palestina (ANP).

Mas mais importante que as enquetes são as eleições municipais, realizadas por fases desde o fim de 2004, e em que o Hamas conseguiu o controle das prefeituras de quase todas as principais cidades palestinas na Cisjordânia.

Ramahi, que fala com nostalgia de seus dias de estudante na década dos 1980 em Roma, onde estudou medicina antes de se transformar em anestesista em Jerusalém, atribui o sucesso do Hamas à rede de clínicas e de organizações de caridade com as quais desde sua criação, em 1987, ofereceram ajuda aos pobres, aos órfãos e deficientes físicos.

Outros dois fatores, segundo Ramahi, são as "mãos limpas" do Hamas e que seus candidatos são escolhidos com base nas capacidades profissionais.

Ramahi, dirigente do Hamas na Cisjordânia durante a década de 1990 antes de ser preso por Israel, arremete contra as ameaças de boicotar o movimento se ganhar nas eleições.

"Entendo que a democracia só tem uma interpretação. Se ganhamos as eleições é porque o povo quer que o comandemos", aponta.

Por outro lado, Ramahi, que parece estar em um estado de hilaridade constante, com risos e gargalhadas em cada frase que pronuncia, minimiza a importância das repercussões que teria uma vitória do Hamas nas relações da ANP com a comunidade internacional.

Ramahi nega-se a falar sobre uma revolução no panorama político palestino e declara que, se ganharem, as mudanças serão percebidas basicamente na administração dos assuntos internos palestinos.

"As eleições são para o Parlamento da ANP, que representa os palestinos da Cisjordânia e de Gaza. As negociações com Israel e a política externa dos palestinos é assunto da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), da qual por enquanto nós não fizemos parte", disse.

Diz "por enquanto", porque a reforma da OLP é um dos três assuntos estipulados na reunião entre o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, e as principais facções, no Cairo em março do ano passado, junto com a declaração de uma trégua e a realização de eleições.

Quanto às principais objeções da comunidade internacional à participação do Hamas nas eleições -o compromisso de destruir Israel e seu braço armado-, Ramahi responde que "o problema não é reconhecer a existência de Israel, mas sua ocupação dos territórios palestinos".

"Temos direito a resistir, seja por meio da luta armada ou na política, para pôr fim da ocupação israelense", diz.

E explica: "Em 1993 Yasser Arafat reconheceu o Estado de Israel enquanto que Israel só reconheceu a existência de uma instituição, a OLP. Nestas eleições o povo castigará a ANP porque até o dia de hoje não conseguiram mais nada".







Fonte: EFE

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/324658/visualizar/