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Deputados pressionam Blairo Maggi
Em ano de eleição, deputados estaduais de Mato Grosso cobram do governador Blairo Maggi o cumprimento de promessas feitas durante a campanha eleitoral. Enquanto um chama o chefe do Executivo de "vacilante", outro reforça o coro para criticar a suspensão das emendas parlamentares. Porém, em uma coisa todos concordam, Maggi tem feito um bom governo.
Zeca D'Ávila (PFL), Vera Araújo (PT) e João Malheiros (PPS) conversaram com a reportagem da Folha do Estado, enumeraram os pontos positivos e negativos do governo e até deram nota à administração Maggi. Mesmo assim, faltou consenso na hora de apontar o próximo governador. Cada parlamentar aposta as fichas nos respectivos partidos e garante uma disputa acirrada na eleição de outubro.
Pontos positivos e negativos do governo estadual Zeca D´Ávila - Acho que o governador foi novidade na condução e na aplicação dos recursos do governo do Estado. Tenho como falar sobre a aplicação particularmente do Fethab, porque eu impetrei um mandado de segurança contra o Fethab no governo Dante de Oliveira, por má aplicação na época. Hoje a aplicação do recurso está aí para todo mundo ver. O produtor não reclama mais, está pagando, e além de pagar ainda contribui em consórcio para fazer mais estradas. Acho que tem os seus pecados. E pecado todos nós temos, mas ele, como governante, tem os seus pecados que acho que nesse primeiro governo são suportáveis e esperados. Governo nenhum dá conta de fazer 100% daquilo que um Estado como o nosso, que é emergente, em desenvolvimento, precisa. O governo fica impotente em atender todas as necessidades básicas e urgentes.
Malheiros - Também fui eleito com o governador, pelo PPS. As pesquisas apontam que o governo está dando a satisfação que o povo de Mato Grosso queria. Na construção de casas, a meta do governador era construir 20 mil casas durante os quatro anos de mandato. Em menos de três anos ele construiu mais de 20 mil, mais do que havia prometido. Temos o governo que mais asfaltou no Brasil. Estamos aplicando os recursos de maneira condizente com aquilo que ele propunha fazer. Acho que o governador tem cumprido com suas metas e tido todo apoio da Assembléia Legislativa porque as matérias do governo são aprovadas com tranqüilidade. O trabalho do governador tem sido satisfatório porque ele tem honrado os compromissos de campanha.
Verinha - O governo Blairo tem uma publicidade muito forte e articulada. Isso faz com que muitas vezes questões de críticas e questionamentos não apareçam. Quando vai inaugurar alguma obra tudo é muito articulado. Eu reclamava que o prefeito de Várzea Grande, na duplicação da Avenida 31 de Março, tem quase R$ 7 milhões da Infraero. Mas o governo do Estado arrumou R$ 1 milhão para fazer o anel e a placa está lá. No dia de inaugurar, quem vai aparecer? Como se só o governo do Estado estivesse fazendo. Essas coisas estão acontecendo muito no Estado. Acho que o governador conseguiu trazer para a administração pública essa coisa de dar resposta rapidamente. O governador optou por algumas escolas que são bem visíveis, em cidades estratégicas, e isso ofuscou a necessidade de algumas reformas mínimas em escolas. É uma estratégia de governo. Isso acaba levando à expectativa de uma reeleição.
Zeca - Discordo em parte. A verdade é que foram feitas as escolas, mas também inúmeras e infinitas reformas. A migração no Estado é muito forte. Essa parte social, concordo em parte com a senhora, que ficou alguma coisa para trás que o governo poderia ter feito e não fez. Escolas foram feitas estrategicamente porque o governo não é burro. Se for burro não funciona. Tem que ser inteligente, mostrar se fez escola boa.
Malheiros - A escola Diva Hugueney, em Cuiabá, é uma escola de primeiro mundo, que tem piscina semi-olímpica. Esse é o nível do trabalho do governador. Eu queria que todas as ações do governo fossem desse tamanho para ofuscar alguma coisa. Não dá mais para pensar pequeno.
Vera - [interrompendo] Mas é essa que aparece na propaganda, a com piscina. E 99% não têm piscina. São as que estão com problemas na fiação, com banheiro estragado, sem ventilador...
Reeleição em Mato Grosso Malheiros - A reeleição é ponto pacífico. O povo do Estado quer a reeleição do governador Blairo Maggi.
Zeca - Nosso candidato chama-se Jonas Pinheiro. O PFL vem com Jonas e podemos coligar com PL, PTB. No segundo turno até com o PT.
Vera - [rindo] Difícil. Só se o PFL apoiar o Lula. Nossa posição é ter candidata: Serys. Vamos fazer igual ao Chile, ter a primeira presidente mulher. Acho que é natural que os partidos coloquem suas candidaturas.
Malheiros - Acho o Jonas um parceiro de primeira hora. Condeno a verticalização. Você quer a coligação lá e tem que ser a mesma aqui. Fomos e somos parceiros do PFL. Penso ainda que muita coisa pode ser feita e que poderemos, se a verticalização cair, ficar junto do PFL. Com o PT a situação é mais difícil.
Zeca - [interrompendo] E se isso ocorrer o candidato ao governo é Jonas. PPS pode ser vice.
Malheiros - Jonas fez um bom trabalho como senador e é bom deixá-lo como senador. E como a Serys também é uma boa senadora, vamos mantê-la lá [risos].
Conjuntura Política Vera - Quero ver o posicionamento do governador com relação à presidência da República. Maggi está apostando em um quadro de fraqueza do Lula. Se o Lula voltar a se fortalecer, isso pode ser a fraqueza do Blairo. Nosso carro-chefe da campanha é a reeleição do Lula.
Zeca - Não acho que o Blairo pensa dessa forma que a senhora colocou. Mas ele deu um tiro no pé ao ficar no PPS.
Vera - Se ocorrer uma aliança nacional do PPS com o PSDB, Maggi fica em uma situação complicada. Acho que o quadro não está definido.
Zeca - Eu brigo para ter candidato próprio. É uma discussão no partido. Cacique é cacique, mas terão que ouvir os indiozinhos. Chega de só cacique mandar.
Vera - Acho que o governador tem trabalhado para marchar sozinho. Para tentar trabalhar todos os partidos de forma que ele estivesse comandando, inclusive o PT. Só não conseguiu porque nós ganhamos o diretório e enfrentamos o setor do partido que queria abraçá-lo. Há um ano estava estampado na imprensa para o Alexandre ser vice dele. Blairo tentou construir uma situação para ter o controle de todos os partidos. Com o PMDB foi o último.
Zeca - Não discordo. Acho que ela fez uma leitura mais ou menos correta. Mas também é correto trabalhar dessa forma.
Maggi se afasta Zeca - Maggi não deve se afastar para disputar a eleição. A lei permite? Então. Mas acho que não teria que haver reeleição. Cinco anos de mandato e fim.
Vera - Também concordo. Tem que acabar com isso. Com relação ao mandato no Legislativo, tem que ter a mesma regra do Executivo. Quando está em um mandato, tem que renunciar para ser candidato. É muito cômodo ir para a reeleição e ganhar ou perder. Por que só o Legislativo pode?
Fundo de Desenvolvimento de Mato Grosso Folha - A Assembléia aprovou a criação do chamado "Fundão", com orçamento de R$ 70 milhões sob administração direta do governador. Os deputados opinaram sobre a votação do Fundão e a entrega de toda essa verba para o governador gerenciar em um ano eleitoral.
Malheiros - Acho que não há perigo. Há uma transparência muito grande do governador. Não vejo problema, tanto que a Assembléia aprovou.
Vera - Fui contrária e digo por quê. Não é nem por ser perigoso. Acho que praticamente a Assembléia deu uma carta em branco para o governador decidir sozinho, no gabinete dele, onde o recurso será canalizado.
Zeca - Não vejo perigo. Encaro com tranqüilidade. Sei que o governador saberá administrar os recursos na hora certa e no lugar certo.
Suspensão das emendas parlamentares Zeca - Sobre o contingenciamento, sou a favor. Se houver condições, gasta. Se não houver, está contingenciado.
Malheiros - O orçamento é real. O governo não teve problemas na Assembléia.
Zeca - O corte das emendas foi um vexame. Porque foi prometido em prosa e verso, cantado e recantado no Estado. Assumimos compromisso com os prefeitos.
Vera - Não há a necessidade do contingenciamento. Em outubro houve uma queda na arrecadação, mas foi recuperado depois em novembro e dezembro. Foi sazonal, porque aconteceu a mesma coisa em outubro de 2004. Teve uma queda de R$ 40 milhões na arrecadação, mas que foi compensada com a ampliação de repasses do governo federal. Sobre as emendas, acho que o governador rompeu com uma frase que usou muito, que é 'romper paradigmas'. Ele rompeu paradigmas quando inovou e permitiu a todos os parlamentares a indicação de emendas. Ele inovou, foi democrático. Mas agora ele fez o que é uma marca do governador, infelizmente. Ele é vacilante. Ele vacila, não por ele, mas em um contexto. Talvez em um ano eleitoral queira ter mais controle sobre esses recursos e não seria interessante que os parlamentares fizessem essas indicações sem passar pelo governo central.
Matérias do Executivo Folha - Os parlamentares explicaram por que a Assembléia aprovou mais matérias do Executivo do que do próprio Legislativo.
Malheiros - É um aspecto da legalidade. Nós temos restrições que nos impedem de fazer o que a gente quer. Qualquer projeto do parlamentar que tenha possibilidade de gasto pelo Estado não é permitido. É o vício de origem.
Vera - Hoje os parlamentos são, infelizmente, mais para referendar projetos do Executivo do que de se voltarem para si mesmos. No Congresso, 90% dos projetos aprovados também são do Executivo e a tramitação lá é muito mais burocrática do que a nossa. Eu tinha mais facilidade para apresentar projeto quando vereadora...
Malheiros - [interrompendo] É que tinha um bom presidente na Câmara.
Vera - [cumprimentando Malheiros, que foi presidente da Câmara quando ela era parlamentar] Tinha um presidente democrático, que compreendeu o processo. Hoje os parlamentos estão muito voltados ao Executivo, não são independentes. Não foi falta de iniciativa da Assembléia. Se somar os projetos de iniciativa dos parlamentares, é um número superior ao do Executivo.
Zeca - Para a turminha de cá [apontando para os jornalistas], se a senhora não apresenta e eu não apresento, perguntam 'o que eles estão fazendo lá dentro'. Se você não faz, ficam falando 'ganham 7 mil contos sem fazer nada'. Na hora que você faz, é inconstitucional e 'pra que você fez? Gastou papel à toa'.
Promessas não cumpridas de Maggi
Zeca - A Sefaz soltou um panfleto dizendo que o governo baixou a energia, que é um imposto decrescente. Aquilo era propaganda enganosa. Votamos um projeto da deputada Serys e eu fiz um projeto também e foi tudo derrubado. Fui um dos que subiu no palanque com ele, prometi também e não estou conseguindo cumprir porque o governador não quer baixar. É uma promessa que ele deveria cumprir. Podia baixar um pouquinho esse ano, um pouco no outro.
Vera - Quando votamos um projeto da Serys, que reduzia (imposto na energia), ele vetou. Mas houve uma promessa dos líderes de que ele mandaria naquele ano um projeto com a redução gradativa e isso nunca aconteceu. Só acho que ele vai ter problema na campanha com isso.
Malheiros - Tenho a impressão que ele ainda vai reduzir.
Caixa 2
Zeca - Não usei. Tem que passar uma régua nisso e acabar ou, se deixar do jeito que está, fica pra todo mundo. Ou proíbe para todo mundo ou deixa como está. Sei que usaram, conheço. E a Justiça sabia, não adianta falar que é cega, porque sabia. Não adianta pregar moralidade porque a Justiça foi conivente.
Vera - Não tive caixa 2. Minhas campanhas sempre são pobres e com muito sacrifício. O problema não é o caixa 2, mas o que se faz com o dinheiro do caixa 2. Tinha que ter um patamar de gasto eleitoral. Os candidatos deveriam ter um orçamento único. A Justiça eleitoral é muito pequena para acompanhar o processo. Para mim, o gasto excessivo em uma campanha é para comprar voto.
Malheiros - Acredito que não vai se repetir. O povo vai ser o maior fiscal porque a Justiça eleitoral não tem estrutura para acompanhar. Mas o povo está repudiando essa prática. Poderiam acabar com os showmícios, com a distribuição de camisetas.
Nepotismo
Malheiros - No Legislativo é pouco. Até porque essa é uma fiscalização do povo. Político que só empregou parente, só tem um mandato.
Zeca - Se obedeceu à lei, não vejo crime nenhum.
Vera - A prática do nepotismo acontece pela falta de concurso público. Há um problema sério no Tribunal de Justiça que há anos não tem concurso. Isso está criando uma situação constrangedora.
Zeca - Não vejo essa prática na Assembléia. Se tem, não conheço.
Nota para a Governo Zeca - Oito
Malheiros - Dez
Vera - Sete. Não é um governo ruim.
Folha - Em certo momento, Zeca pede para sair para um compromisso. Verinha diz que ele pode ir que ela continuará dando entrevista. Ele ressalta que, se tiver que sair, Malheiros deve continuar na sala para ela não ficar sozinha falando.
Zeca D'Ávila (PFL), Vera Araújo (PT) e João Malheiros (PPS) conversaram com a reportagem da Folha do Estado, enumeraram os pontos positivos e negativos do governo e até deram nota à administração Maggi. Mesmo assim, faltou consenso na hora de apontar o próximo governador. Cada parlamentar aposta as fichas nos respectivos partidos e garante uma disputa acirrada na eleição de outubro.
Pontos positivos e negativos do governo estadual Zeca D´Ávila - Acho que o governador foi novidade na condução e na aplicação dos recursos do governo do Estado. Tenho como falar sobre a aplicação particularmente do Fethab, porque eu impetrei um mandado de segurança contra o Fethab no governo Dante de Oliveira, por má aplicação na época. Hoje a aplicação do recurso está aí para todo mundo ver. O produtor não reclama mais, está pagando, e além de pagar ainda contribui em consórcio para fazer mais estradas. Acho que tem os seus pecados. E pecado todos nós temos, mas ele, como governante, tem os seus pecados que acho que nesse primeiro governo são suportáveis e esperados. Governo nenhum dá conta de fazer 100% daquilo que um Estado como o nosso, que é emergente, em desenvolvimento, precisa. O governo fica impotente em atender todas as necessidades básicas e urgentes.
Malheiros - Também fui eleito com o governador, pelo PPS. As pesquisas apontam que o governo está dando a satisfação que o povo de Mato Grosso queria. Na construção de casas, a meta do governador era construir 20 mil casas durante os quatro anos de mandato. Em menos de três anos ele construiu mais de 20 mil, mais do que havia prometido. Temos o governo que mais asfaltou no Brasil. Estamos aplicando os recursos de maneira condizente com aquilo que ele propunha fazer. Acho que o governador tem cumprido com suas metas e tido todo apoio da Assembléia Legislativa porque as matérias do governo são aprovadas com tranqüilidade. O trabalho do governador tem sido satisfatório porque ele tem honrado os compromissos de campanha.
Verinha - O governo Blairo tem uma publicidade muito forte e articulada. Isso faz com que muitas vezes questões de críticas e questionamentos não apareçam. Quando vai inaugurar alguma obra tudo é muito articulado. Eu reclamava que o prefeito de Várzea Grande, na duplicação da Avenida 31 de Março, tem quase R$ 7 milhões da Infraero. Mas o governo do Estado arrumou R$ 1 milhão para fazer o anel e a placa está lá. No dia de inaugurar, quem vai aparecer? Como se só o governo do Estado estivesse fazendo. Essas coisas estão acontecendo muito no Estado. Acho que o governador conseguiu trazer para a administração pública essa coisa de dar resposta rapidamente. O governador optou por algumas escolas que são bem visíveis, em cidades estratégicas, e isso ofuscou a necessidade de algumas reformas mínimas em escolas. É uma estratégia de governo. Isso acaba levando à expectativa de uma reeleição.
Zeca - Discordo em parte. A verdade é que foram feitas as escolas, mas também inúmeras e infinitas reformas. A migração no Estado é muito forte. Essa parte social, concordo em parte com a senhora, que ficou alguma coisa para trás que o governo poderia ter feito e não fez. Escolas foram feitas estrategicamente porque o governo não é burro. Se for burro não funciona. Tem que ser inteligente, mostrar se fez escola boa.
Malheiros - A escola Diva Hugueney, em Cuiabá, é uma escola de primeiro mundo, que tem piscina semi-olímpica. Esse é o nível do trabalho do governador. Eu queria que todas as ações do governo fossem desse tamanho para ofuscar alguma coisa. Não dá mais para pensar pequeno.
Vera - [interrompendo] Mas é essa que aparece na propaganda, a com piscina. E 99% não têm piscina. São as que estão com problemas na fiação, com banheiro estragado, sem ventilador...
Reeleição em Mato Grosso Malheiros - A reeleição é ponto pacífico. O povo do Estado quer a reeleição do governador Blairo Maggi.
Zeca - Nosso candidato chama-se Jonas Pinheiro. O PFL vem com Jonas e podemos coligar com PL, PTB. No segundo turno até com o PT.
Vera - [rindo] Difícil. Só se o PFL apoiar o Lula. Nossa posição é ter candidata: Serys. Vamos fazer igual ao Chile, ter a primeira presidente mulher. Acho que é natural que os partidos coloquem suas candidaturas.
Malheiros - Acho o Jonas um parceiro de primeira hora. Condeno a verticalização. Você quer a coligação lá e tem que ser a mesma aqui. Fomos e somos parceiros do PFL. Penso ainda que muita coisa pode ser feita e que poderemos, se a verticalização cair, ficar junto do PFL. Com o PT a situação é mais difícil.
Zeca - [interrompendo] E se isso ocorrer o candidato ao governo é Jonas. PPS pode ser vice.
Malheiros - Jonas fez um bom trabalho como senador e é bom deixá-lo como senador. E como a Serys também é uma boa senadora, vamos mantê-la lá [risos].
Conjuntura Política Vera - Quero ver o posicionamento do governador com relação à presidência da República. Maggi está apostando em um quadro de fraqueza do Lula. Se o Lula voltar a se fortalecer, isso pode ser a fraqueza do Blairo. Nosso carro-chefe da campanha é a reeleição do Lula.
Zeca - Não acho que o Blairo pensa dessa forma que a senhora colocou. Mas ele deu um tiro no pé ao ficar no PPS.
Vera - Se ocorrer uma aliança nacional do PPS com o PSDB, Maggi fica em uma situação complicada. Acho que o quadro não está definido.
Zeca - Eu brigo para ter candidato próprio. É uma discussão no partido. Cacique é cacique, mas terão que ouvir os indiozinhos. Chega de só cacique mandar.
Vera - Acho que o governador tem trabalhado para marchar sozinho. Para tentar trabalhar todos os partidos de forma que ele estivesse comandando, inclusive o PT. Só não conseguiu porque nós ganhamos o diretório e enfrentamos o setor do partido que queria abraçá-lo. Há um ano estava estampado na imprensa para o Alexandre ser vice dele. Blairo tentou construir uma situação para ter o controle de todos os partidos. Com o PMDB foi o último.
Zeca - Não discordo. Acho que ela fez uma leitura mais ou menos correta. Mas também é correto trabalhar dessa forma.
Maggi se afasta Zeca - Maggi não deve se afastar para disputar a eleição. A lei permite? Então. Mas acho que não teria que haver reeleição. Cinco anos de mandato e fim.
Vera - Também concordo. Tem que acabar com isso. Com relação ao mandato no Legislativo, tem que ter a mesma regra do Executivo. Quando está em um mandato, tem que renunciar para ser candidato. É muito cômodo ir para a reeleição e ganhar ou perder. Por que só o Legislativo pode?
Fundo de Desenvolvimento de Mato Grosso Folha - A Assembléia aprovou a criação do chamado "Fundão", com orçamento de R$ 70 milhões sob administração direta do governador. Os deputados opinaram sobre a votação do Fundão e a entrega de toda essa verba para o governador gerenciar em um ano eleitoral.
Malheiros - Acho que não há perigo. Há uma transparência muito grande do governador. Não vejo problema, tanto que a Assembléia aprovou.
Vera - Fui contrária e digo por quê. Não é nem por ser perigoso. Acho que praticamente a Assembléia deu uma carta em branco para o governador decidir sozinho, no gabinete dele, onde o recurso será canalizado.
Zeca - Não vejo perigo. Encaro com tranqüilidade. Sei que o governador saberá administrar os recursos na hora certa e no lugar certo.
Suspensão das emendas parlamentares Zeca - Sobre o contingenciamento, sou a favor. Se houver condições, gasta. Se não houver, está contingenciado.
Malheiros - O orçamento é real. O governo não teve problemas na Assembléia.
Zeca - O corte das emendas foi um vexame. Porque foi prometido em prosa e verso, cantado e recantado no Estado. Assumimos compromisso com os prefeitos.
Vera - Não há a necessidade do contingenciamento. Em outubro houve uma queda na arrecadação, mas foi recuperado depois em novembro e dezembro. Foi sazonal, porque aconteceu a mesma coisa em outubro de 2004. Teve uma queda de R$ 40 milhões na arrecadação, mas que foi compensada com a ampliação de repasses do governo federal. Sobre as emendas, acho que o governador rompeu com uma frase que usou muito, que é 'romper paradigmas'. Ele rompeu paradigmas quando inovou e permitiu a todos os parlamentares a indicação de emendas. Ele inovou, foi democrático. Mas agora ele fez o que é uma marca do governador, infelizmente. Ele é vacilante. Ele vacila, não por ele, mas em um contexto. Talvez em um ano eleitoral queira ter mais controle sobre esses recursos e não seria interessante que os parlamentares fizessem essas indicações sem passar pelo governo central.
Matérias do Executivo Folha - Os parlamentares explicaram por que a Assembléia aprovou mais matérias do Executivo do que do próprio Legislativo.
Malheiros - É um aspecto da legalidade. Nós temos restrições que nos impedem de fazer o que a gente quer. Qualquer projeto do parlamentar que tenha possibilidade de gasto pelo Estado não é permitido. É o vício de origem.
Vera - Hoje os parlamentos são, infelizmente, mais para referendar projetos do Executivo do que de se voltarem para si mesmos. No Congresso, 90% dos projetos aprovados também são do Executivo e a tramitação lá é muito mais burocrática do que a nossa. Eu tinha mais facilidade para apresentar projeto quando vereadora...
Malheiros - [interrompendo] É que tinha um bom presidente na Câmara.
Vera - [cumprimentando Malheiros, que foi presidente da Câmara quando ela era parlamentar] Tinha um presidente democrático, que compreendeu o processo. Hoje os parlamentos estão muito voltados ao Executivo, não são independentes. Não foi falta de iniciativa da Assembléia. Se somar os projetos de iniciativa dos parlamentares, é um número superior ao do Executivo.
Zeca - Para a turminha de cá [apontando para os jornalistas], se a senhora não apresenta e eu não apresento, perguntam 'o que eles estão fazendo lá dentro'. Se você não faz, ficam falando 'ganham 7 mil contos sem fazer nada'. Na hora que você faz, é inconstitucional e 'pra que você fez? Gastou papel à toa'.
Promessas não cumpridas de Maggi
Zeca - A Sefaz soltou um panfleto dizendo que o governo baixou a energia, que é um imposto decrescente. Aquilo era propaganda enganosa. Votamos um projeto da deputada Serys e eu fiz um projeto também e foi tudo derrubado. Fui um dos que subiu no palanque com ele, prometi também e não estou conseguindo cumprir porque o governador não quer baixar. É uma promessa que ele deveria cumprir. Podia baixar um pouquinho esse ano, um pouco no outro.
Vera - Quando votamos um projeto da Serys, que reduzia (imposto na energia), ele vetou. Mas houve uma promessa dos líderes de que ele mandaria naquele ano um projeto com a redução gradativa e isso nunca aconteceu. Só acho que ele vai ter problema na campanha com isso.
Malheiros - Tenho a impressão que ele ainda vai reduzir.
Caixa 2
Zeca - Não usei. Tem que passar uma régua nisso e acabar ou, se deixar do jeito que está, fica pra todo mundo. Ou proíbe para todo mundo ou deixa como está. Sei que usaram, conheço. E a Justiça sabia, não adianta falar que é cega, porque sabia. Não adianta pregar moralidade porque a Justiça foi conivente.
Vera - Não tive caixa 2. Minhas campanhas sempre são pobres e com muito sacrifício. O problema não é o caixa 2, mas o que se faz com o dinheiro do caixa 2. Tinha que ter um patamar de gasto eleitoral. Os candidatos deveriam ter um orçamento único. A Justiça eleitoral é muito pequena para acompanhar o processo. Para mim, o gasto excessivo em uma campanha é para comprar voto.
Malheiros - Acredito que não vai se repetir. O povo vai ser o maior fiscal porque a Justiça eleitoral não tem estrutura para acompanhar. Mas o povo está repudiando essa prática. Poderiam acabar com os showmícios, com a distribuição de camisetas.
Nepotismo
Malheiros - No Legislativo é pouco. Até porque essa é uma fiscalização do povo. Político que só empregou parente, só tem um mandato.
Zeca - Se obedeceu à lei, não vejo crime nenhum.
Vera - A prática do nepotismo acontece pela falta de concurso público. Há um problema sério no Tribunal de Justiça que há anos não tem concurso. Isso está criando uma situação constrangedora.
Zeca - Não vejo essa prática na Assembléia. Se tem, não conheço.
Nota para a Governo Zeca - Oito
Malheiros - Dez
Vera - Sete. Não é um governo ruim.
Folha - Em certo momento, Zeca pede para sair para um compromisso. Verinha diz que ele pode ir que ela continuará dando entrevista. Ele ressalta que, se tiver que sair, Malheiros deve continuar na sala para ela não ficar sozinha falando.
Fonte:
Folha do Estado
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/324748/visualizar/
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