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Agronegócios
Sexta - 13 de Janeiro de 2006 às 08:52

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O volume de álcool vendido pelas usinas do centro-sul do Brasil em dezembro superou em 35 por cento o verificado em dezembro de 2004, antes que entrassem em vigor, em janeiro, duas medidas de combate a fraudes, declarou nesta quinta-feira a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica).

Esse aumento nas vendas, segundo a entidade, explicaria em boa parte a forte elevação de preços verificada em dezembro, que levou o governo a pedir ao setor o compromisso de não promover novas altas durante a entressafra, que vai até abril.

"Houve uma aceleração das vendas em dezembro. O volume não deve ter refletido a real demanda, mas uma antecipação de compras", afirmou a repórteres o presidente da Unica, Eduardo Pereira de Carvalho, acrescentando que a expectativa para janeiro é de uma retração no volume vendido -- e, portanto, de uma menor pressão de alta sobre os preços.

Dezembro é tradicionalmente o mês de maior consumo de álcool, mas o volume saído das usinas superou em 70 a 80 milhões de litros o esperado para o mês, com o volume total atingindo 1,35 bilhão de litros.

A previsão da Unica é que, de janeiro a abril, a saída de álcool se mantenha abaixo de 1 bilhão de litros por mês.

Entrou em vigor em 6 de janeiro a adição obrigatória de um corante laranja a todo álcool anidro negociado no país, por determinação da ANP (Agência Nacional do Petróleo), uma medida que visa coibir a prática do "álcool molhado".

Nesse tipo de fraude, uma distribuidora compra álcool anidro sem pagar ICMS (porque este imposto é cobrado apenas sobre a gasolina C, vendida em postos), adiciona água e vende o produto como álcool hidratado (no qual há cobrança de ICMS no nível da usina). O corante inviabilizaria a operação.

Também passou a vigorar, em 1o. de janeiro, um sistema do governo de São Paulo (maior Estado produtor e consumidor de álcool) que cruza as compras de anidro de uma distribuidora com o volume adquirido de gasolina, impedindo a empresa de misturar álcool numa proporção superior aos 25 por cento permitidos por lei, uma prática ilícita porém existente até agora.

Cerca de 40 distribuidoras que efetuaram compras em dezembro não realizaram novas aquisições este mês, segundo a Unica, um indicativo de que estas empresas deixaram de praticar atos ilegais com a entrada em vigor das medidas.

Além disso, afirmou Carvalho, com o fim da sonegação do ICMS, é natural que os preços subam.

ACORDO

A expectativa de que o mercado vá se "normalizar" a partir de janeiro permitiu à associação estabelecer, na quarta-feira, um teto aos preços do álcool carburante (tanto anidro quanto hidratado), de 1,05 real por litro, disse Carvalho.

O álcool anidro é vendido atualmente na usina a cerca de 1,08 real o litro, segundo o último levantamento da ANP, com alta de cerca de 8 por cento nas últimas quatro semanas.

O setor se comprometeu com o governo também a antecipar o início da safra 2006/07, de maio para o fim de março, principalmente em Estados como Paraná e Mato Grosso.

O setor afirmou que os estoques em 1o. de janeiro no centro-sul somavam 3,8 bilhões de litros, e que serão necessários 620 milhões de litros dos 850 milhões a serem produzidos pelo setor até o fim de abril para manter o mercado abastecido.





Fonte: 24 Horas News

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