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Agronegócios
Quinta - 12 de Janeiro de 2006 às 14:59
Por: Edivado de Sá

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Um caso de raiva bovina foi detectado no município de Diamantino, no Setor II da Gleba Buriti, na Fazenda Santa Clara, num animal que morreu com suspeitas da doença. O proprietário comunicou o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (INDEA), que coletou material e encaminhou ao Laboratório de Apoio a Saúde Animal, Aníbal Molina (Lasa/MT).

De posse do resultado positivo, uma ação conjunta foi desenvolvida pelo Escritório Local do Indea e a Secretária Municipal de Saúde e Vigilância Sanitária do município, num raio de 5 km do local, conforme a geografia da região, visando o controle e a erradicação através de visitas a todas as propriedades próximas da fazenda, onde foi constatada a doença. A equipe do Indea foi coordenada pelo médico veterinário, Mauricio Nonato dos Santos e a da Secretária Municipal de Saúde, pelos técnicos Valdecir de Souza e José Rogério Carmona.

Na Fazenda Santa Clara, das oito pessoas que residem na propriedade, dois tiveram contato direto com o bovino doente e foram encaminhados para cuidados médicos, 451 bovinos e 06 cães também foram vacinados. Outras 17 propriedades visitadas foram orientadas a vacinar seus rebanhos e a equipe realizou a chamada vacinação de bloqueio em 19 cães e 10 gatos. A mesma equipe constatou que outros 27 cães e gatos já haviam sido vacinados pela campanha de vacinação anti rábica animal e por veterinário particular, além da Secretaria Municipal de Alto Paraguai. A atuação in loco foi realizada entre os dias 28 e 30 de Dezembro, imediatamente a constatação da morte do animal por raiva.

O médico veterinário, Mauricio Nonato dos Santos, da ULE de Diamantino, frisou que o local não é considerado uma região endêmica e que como a propriedade está muito próxima da cidade, é possível que a raiva seja da área urbana, de animais levados as proximidades ou que se deslocaram até lá. “ É possível que seja raiva urbana, estamos visitando as propriedades e conversando com os proprietários para identificar a origem” salientou Nonato dos Santos. Ainda de acordo com ele, as fortes chuvas na região está dificultando as visitas in loco, mas que estão sendo feitas com o intuito de evitar novos casos.

A Secretária Municipal de Saúde e Vigilância Sanitária, Marineze Meira, informou que todos os procedimentos em relação aos humanos foram tomadas pela equipe responsável e que até o momento as pessoas monitoradas não apresentaram anormalidades.

Raiva Humana

A raiva humana se manifesta após um período de incubação usualmente compreendido entre 20 e 60 dias, com sintomas prodrômicos mal definidos: febre moderada, cefaléia, insônia, ansiedade e distúrbios sensoriais, sobretudo ao nível da mordedura. Em 24-48 horas, aparece a sintomatologia típica que, na raiva furiosa, assume decurso dramático, caminhando inexoravelmente para a morte em 2-6 dias: excitação cerebral, com crises de delírio e de agressividade, espasmos musculares dolorosos, convulsões, paralisias, hiperpirexia (41-42 C) e asfixia terminal. Na denominada paralítica, são pouco intensos os fenômenos espasmódicos e predomina a paralisia, que pode ser ascendente (tipo Landry) ou descendente.

Raiva Bovina

Nos bovinos, a raiva assume sobretudo a forma paralítica, sendo extremamente rara ou acidental a contaminação direta do homem. Extensas epizootias de raiva bovina e eqüina têm sido observadas no México, América Central e América do Sul, inclusive no Brasil.

O primeiro surto epizoótico de raiva bovina no Brasil foi diagnosticado em 1911 por Carini, em material enviado de Santa Catarina ao Instituto Pasteur de São Paulo. A epizootia atingiu ao máximo no período de 1914-1918, quando foi paticularmente estudada por Haupt e Renaag. Posteriormente, foram assinalados importantes surtos epidêmicos, não somente em outros estados brasileiros, como em diferentes países das Américas. De acordo com informes compendiados pela Organização Pan-Americana da Saúde, entre 1960 e 1966, foram notificados nas Américas cerca de 2.725.000 casos de raiva bovina (1.300.000 no Brasil e 1.000.000 no México), representando um prejuízo econômico estimado em aproximadamente 47.500.000 dólares.

A raiva bovina é transmitida por morcegos hematófagos, que sugam o gado preferivelmente à noite. Este fato, já suspeitado por Carini e por Haupt e Rehaag ao estudarem o surto epizoótico de Santa Catarina, foi definidamente comprovado em 1935 por pesquisas realizadas, independentemente, no Brasil (Torres e Queiroz Lima) e em Trinidad (Pawan). Os morcegos incriminados são da família "Desmodontidae", facilmente distinguíveis das espécies frugívoras, insetívoras, onívoras ou ictiófagas, pelos caracteres seguintes:

ausência de cauda, membrana interfemoral rudimentar, pêlo cinza ou marrom, orelhas largas e curtas, polegares longos e, especialmente, incisivos grandes em forma de alfanje, com bordas extremamente cortantes. Os morcegos hematófagos (espécies "Desmodus rotundus"', "Diphylla ecaudata" e "Diaemus youngi") atuam não só como transmissores, mas também como reservatórios do vírus.

O morcego é também transmissor comprovado da raiva do homem, produzindo geralmente um quadro grave de paralisia ascendente do tipo Landry. Foi assinalada também a transmissão ao homem por morcegos não-hematófagos, que facilmente se infetam nas lutas freqüentes que entretêm com morcegos desmodontídeos. Ao que parece, a transmissão humana não se opera somente pela mordedura dos morcegos, mas, até com maior freqüência, por intermédio de aerossóis.





Fonte: RepórterNews

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