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Meio Ambiente
Segunda - 02 de Janeiro de 2006 às 07:15

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Um grupo de físicos brasileiros e franceses descobriu que uma regularidade quase matemática se esconde por trás das borbulhas que brotam das taças de champanhe. De acordo com os pesquisadores, a bebida produz bolhas de pelo menos quatro maneiras diferentes, graças à ação de impurezas microscópicas nos recipientes. Tratam-se de fibras de celulose com cercas de 100 micrômetros de comprimento (um micrômetro equivale a um milésimo de milímetro), informa o jornal Folha de S.Paulo. Elas se agarram ao copo, vindas do ar, e funcionam como uma verdadeira bomba de bolhas.

Quase como um pequeno apito ou flauta, as fibras são ocas, com uma abertura na frente. O gás carbônico passa por essas câmaras e escapa pela abertura, formando as bolhas. Segundo Alberto Tufaile, do Instituto de Física da USP, um dos responsáveis pela parte brasileira do trabalho, a técnica do raspamento para intensificar o fenômeno pode até funcionar parcialmente, porque as cicatrizes formadas no recipiente tendem a facilitar a aderência das fibras.

O papel das fibras, porém, vai além do mero estímulo às bolhas. Elas também ajudam a moderar os chamados períodos de borbulhamento - fases em que o borbulhamento segue padrões regulares. Assim que a bebida vai para a taça, por exemplo, a tendência é que as bolhas se formem e subam para o alto de duas em duas; a seguir, o borbulhamento ocorre de forma aparentemente aleatória, com números variáveis; inicia-se nova série, com trios de bolhas subindo; e o espetáculo se encerra com bolhas isoladas, surgindo uma a uma, conforme o champanhe esgota seu suprimento de gás. O estudo foi divulgado na revista "Pesquisa Fapesp", da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

À primeira vista, não parece haver muito mistério: afinal, qualquer espumante é composto de água, álcool e gás carbônico dissolvido, responsável por formar as bolhas conforme vai escapando para o ar ao redor da taça. Antes, havia a crença de que taças com seu interior riscado e raspado promoviam a formação de mais borbulhas. "Como, além do paladar, o aspecto visual é interessante no champanhe, muita gente riscava a taça", conta Tufaile.

Não é preciso quebrar muito a cabeça para entender por que os pesquisadores decidiram estudar o tema. O líder do lado francês da pesquisa, por exemplo, é Gérard Liger-Belair, da Universidade de Reims, na Champanhe - justamente a região da França onde a bebida foi "inventada" acidentalmente no século XVII. Ali existe muito interesse comercial em desvendar as propriedades dos espumantes. Já Tufaile, do Instituto de Física da USP, estuda bolhas e tem interesse especial nos chamados sistemas caóticos.





Fonte: Terra

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