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Internacional
Sábado - 26 de Novembro de 2005 às 23:55

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O ex-ditador chileno Augusto Pinochet manifestou seu desejo de morrer para quem o visitou ontem, sexta-feira, quando completou 90 anos em prisão domiciliar, disseram hoje pessoas próximas.

Segundo o vice-presidente da Coordenadora de generais da reserva, Jaime Núñez, isso se deve ao fato de o ex-governante (1973-1990) "ver que há uma perseguição extremamente vingativa" contra ele.

Núñez afirmou que com Pinochet não houve um processo justo e reivindicou a aplicação da lei de anistia em seu caso e outros julgamentos por violações aos direitos humanos cometidas durante seu regime (1973-1990).

A aplicação dessa lei, ditada em 1978 por Pinochet e de acordo com Núñez "vigente", é a única maneira, afirmou, de conseguir a reconciliação entre os chilenos.

Os tribunais chilenos optaram nos últimos anos por desprezar a lei de anistia e em seu lugar aplicam os tratados internacionais de direito humanitário, que consideram que os crimes de lesa-humanidade não prescrevem nem são anistiados.

Pinochet foi processado nesta semana por quatro delitos de corrupção derivados por lidar com contas milionárias no exterior e como autor de seis seqüestros qualificados no julgamento pelos desaparecimentos com suspeita de morte de mais cem opositores na denominada "Operação Colombo".

Iván Moreira, deputado da direitista União Democrata Independente (UDI) e único membro desse partido que visitou Pinochet em seu aniversário, sugeriu que o desejo de morrer do ex-ditador se deve ao fato de "estar abandonado".

"Está abandonado. O que pode esperar uma pessoa de 90 anos que não consegue fazer quase nada por si mesmo? (Morrer) é o único que pode esperar", disse Moreira, que acrescentou, no entanto, que o nonagenário ex-governante tem "uma grande força espiritual" e segue com forças "porque sua família o preocupa".

"Já o destruíram, já o mataram, mas apesar de tudo a história não pode ser tão injusta com ele, porque não é nem ladrão nem assassino, embora digam o que disserem", afirmou.

Em tanto, o Agrupamento de Familiares de Detidos Desaparecidos (AFDD) afirmou hoje em uma declaração que as vítimas "rejeitam a impunidade".

Mireya García, vice-presidente do Agrupamento, considerou que a situação que afeta Pinochet "tem um grande valor jurídico, mas também um valor moral importantíssimo".

"O ditador que teve em suas mãos o poder para decidir sobre a vida e a morte dos chilenos, que colocou o país sob uma ditadura que alterou toda a vida política, econômica, social e cultural de cada um de nós, hoje pela primeira vez começa a enfrentar a justiça", ressaltou.

Em sua opinião, a Justiça começou a agir após 32 anos, devido principalmente "à ação das organizações de direitos humanos e dos familiares dos detidos desaparecidos".





Fonte: EFE

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