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Internacional
Sábado - 26 de Novembro de 2005 às 23:33

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Vários distúrbios e confrontos nas ruas marcaram a jornada eleitoral egípcia de hoje, em que o influente grupo Irmãos Muçulmanos denunciou a detenção de centenas de seus seguidores e dezenas de feridos.

Segundo o grupo islamita semi-clandestino, 35 de seus simpatizantes ficaram feridos, cinco deles gravemente, em diferentes confrontos registrados nas nove províncias que realizavam hoje o segundo turno da segunda fase das eleições parlamentares.

Além disso, outros 860 simpatizantes do grupo foram detidos hoje nos últimos três dias, a maioria deles em Al Fayum e Alexandria, dois grandes redutos dos Irmãos Muçulmanos, disse à EFE um de seus dirigentes, Issam El Arian.

A estes é preciso somar 350 seguidores de outros grupos, o que totaliza 1.210 detidos, disse El Arian.

O Governo só reconheceu a detenção de 78 pessoas após serem registrados distúrbios em várias províncias - mas sem confirmar a existência de feridos.

Segundo Mohammed Habib, "número dois" do grupo, os confrontos mais graves aconteceram em Kafr al Chokr, em Qaliubiya, ao norte do Cairo, entre simpatizantes dos Irmãos Egípcios e do grupo esquerdista Tagamu.

Estes confrontos tiveram um saldo de 15 feridos, sendo cinco em estado grave.

Os outros 20 saíram feridos de um confronto entre seguidores de vários candidatos na província de Gharbiya, no noroeste do país, acrescentou, mas não foi possível dar mais detalhes.

Fontes da segurança do Estado reconheceram, por sua vez, que houve distúrbios pelo menos em dois lugares: o bairro de Dejela, em Alexandria, e Tanta, no Delta do Nilo, e asseguraram que os detidos são 78 pessoas, acusados de "instigar a violência".

Segundo estas fontes, que não foram identificadas, cinco policiais ficaram feridos em Dejela ao serem atacados com pedras por simpatizantes de um candidato.

Em Tanta, as fontes de segurança asseguram que "simpatizantes da corrente islamita" tentaram atrapalhar o processo eleitoral, e a Polícia teve que dispersá-los com gás lacrimogêneo.

Estas fontes acrescentam que, em Wadi Natrun, "pessoas que cantavam palavras de ordem islamitas" chegaram a disparar para o alto, supostamente para assustar seus adversários, o que levou ao fechamento dos colégios.

El Arian atribuiu quase todos os episódios de violência "aos pistoleiros do Partido Nacional Democrático (do presidente Mubarak) e à mesma Polícia", mas afirmou que "vamos seguir adiante, após ter suportado tudo o que aconteceu no dia de hoje com heroísmo".

A jornada eleitoral já começou tensa, pois as autoridades judiciais tinham ordenado ontem à noite a anulação do processo eleitoral em três distritos: Qanater, 40 quilômetros ao norte de Cairo; Atsa, em Al Fayum (100 quilômetros ao oeste) e Al Manchiya, em Alexandria, com vários colégios eleitorais em cada um.

Enquanto os Irmãos Muçulmanos asseguram que as detenções têm como objetivo impedir sua previsível vitória nas eleições de hoje - em que tinham 38 candidatos de um total de 121 -, as fontes oficiais justificam os incidentes com o objetivo de neutralizar as tentativas de instigar a violência.

Por sua vez, o Clube de Juízes, principal órgão do governo da magistratura egípcia, pediu a todos os magistrados que supervisionam as votações que exijam interromper a apuração se forem testemunhas de irregularidades, e detalhou que já recebeu notícias neste sentido de Alexandria, Behera, Tanta e Qaliubiya.

O governista Conselho Egípcio de Direitos Humanos afirmou ter recebido 40 denúncias por diversas irregularidades, que incluíram a proibição de acesso aos colégios a eleitores e a observadores.

No entanto, o porta-voz do Ministério do Interior, Ibrahim Hamad, negou em comunicado que a Polícia impediu a entrada de eleitores dentro dos colégios.

A jornada de hoje era a segunda volta da segunda fase, e esta virá acompanhada de uma terceira com outros dois turnos. Em cada fase votam nove províncias egípcias, até completar as 450 cadeiras do Parlamento.





Fonte: EFE

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