Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Sábado - 26 de Novembro de 2005 às 19:55

    Imprimir


Cerca de 1.600 palestinos cruzaram hoje a passagem fronteiriça de Rafah, entre a Faixa de Gaza e o Egito, no primeiro dia de atividade sob controle exclusivo da Autoridade Nacional Palestina (ANP) em 38 anos.

Segundo informaram à EFE fontes da missão européia de supervisão, 830 palestinos saíram por Rafah em direção ao Egito, enquanto outros 755 entraram na Faixa de Gaza, sem que houvesse incidentes graves.

A ANP abriu hoje a barreira fronteiriça ao meio-dia (8h de Brasília), e a fechou às 16h (12h), para voltar a abri-la amanhã por cinco horas, a partir das 11h (7h).

"A abertura da passagem acontecerá de forma gradual, com a idéia de deixá-la aberta o dia inteiro o mais breve possível", disseram as fontes consultadas pela EFE.

No entanto, as fontes ressaltaram que não existe um calendário, e que tudo acontecerá de acordo com as condições de segurança no local e conforme forem sendo chegando os 70 policiais europeus que acompanharão o processo de supervisão.

Por enquanto, apenas 15 observadores já estão na região, vindos de Itália, Dinamarca, Romênia, Suécia e Luxemburgo. Representantes de outros cinco estados europeus chegarão nas próximas semanas.

"Nossa missão é fazer com que os procedimentos sejam aplicados corretamente e, em princípio, (a tarefa desses agentes) é exclusivamente de supervisão", explicaram as fontes.

A delegação européia tem como objetivo impedir a entrada de supostos terroristas e armamento em Gaza, de acordo com o pacto conseguido entre as partes há duas semanas.

Esta é a primeira vez que uma missão européia de segurança intervém fisicamente na região, e a União Européia (UE) considera que isso pode ser um precedente para assumir um papel mais ativo no futuro para a resolução do conflito palestino-israelense.

Depois do primeiro dia de atividade, o enviado especial da UE, o belga Mark Otte, disse que "as expectativas foram cumpridas amplamente", pois o número de pessoas que conseguiu atravessar a fronteira foi maior que quando a passagem era controlada por israelenses e palestinos antes da Intifada de Al-Aqsa, de setembro de 2000.

Cada pessoa levou de 10 a 20 minutos para percorrer o trecho palestino da passagem.

A passagem foi inaugurada ontem, em cerimônia na qual o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, destacou que se tratava de "um sonho inicial". "Não vemos ninguém que coloque obstáculos a nossa saída ou entrada e nos humilhe, nem as filas de espera de semanas e inclusive meses" que existiam antes, acrescentou.

Os palestinos que passaram hoje por Rafah não escondiam sua satisfação com o fato de não terem que ser revistados pelos israelenses, mas pelos próprios agentes da ANP.

Centenas de palestinos se concentraram desde o início da manhã na passagem fronteiriça, onde as autoridades deram prioridade aos doentes que deviam sair para receber tratamento médico.

É o caso de Abu Abdullah, militante das Brigadas dos Mártires de al-Aqsa, braço armado do movimento governista palestino Fatah, e que hoje viajava para a Jordânia para ser tratado de um ferimento à bala nas costas.

"Não pude viajar nestes últimos cinco anos porque era militante das Brigadas e tinha medo de ser detido pelos israelenses", disse Abu Abdullah, que ficou ferido em 2001 em um confronto com soldados israelenses no campo de refugiados de Jabalya.

Ao longo do dia, também passaram estudantes universitários e comerciantes, todos eles com suas carteiras de identidade e passaportes palestinos.

No futuro, também poderão atravessar a passagem diplomatas, investidores estrangeiros, funcionários de organizações internacionais e casos humanitários.





Fonte: EFE

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/333130/visualizar/