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Internacional
Quinta - 24 de Novembro de 2005 às 10:33

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Cidade do México - O subcomandante Marcos, líder da guerrilha armada que teve início em 1º de janeiro de 1994, em Chiapas, sul do México, anunciou a dissolução, a partir de sexta-feira, da Frente Zapatista de Libertação Nacional (FZLN), braço político do Exército Zapatista de Liberação Nacional (EZLN). Segundo Marcos, a decisão foi tomada para dar início a "uma nova etapa do zapatismo civil".

A FZLN, criada em 1996, será substituída por uma nova organização integrada por pessoas "expressamente convidadas, que deverão cumprir com rigor os princípios zapatistas". Será uma organização política zapatista "civil, pacífica, anticapitalista e de esquerda", explicou Marcos.

O dirigente acrescentou que a nova organização não lutará pelo poder e se empenhará em "construir uma nova forma de fazer política, com o mesmo objetivo trilhado até agora por caminhos paralelos". O FZLN se dedicou ao trabalho político e a reunir fundos para o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN).

O subcomandante questionou alguns membros da FZLN por cometerem erros. "Houve quem usou a FZLN e sua proximidade com o Exército Zapatista de Libertação Nacional em proveito próprio, para prejudicar outros, para se isolar e nos isolar, para ganhar força em rivalidades pessoais e lutas inúteis", disse o dirigente em um comunicado.

Rebelião indígena - "A rebelião armada indígena iniciada no Estado de Chiapas, no México, em 1º de janeiro de 1994, não se trata de um movimento de guerrilhas de orientação marxista, como poder-se-ia supor diante de tantos movimentos guerrilheiros que eclodiram nos últimos anos em diversos países latino-americanos, inclusive, no Brasil na década de 70, no Araguaia", explica Douglas Carrara, antropólogo, escritor e professor.

Segundo Carrara, o núcleo do chamado Exército Zapatista de Liberação Nacional (EZLN) formou-se a partir de 1982, na selva, no Estado de Chiapas, com apenas 6 integrantes. Entretanto o processo de aproximação com as diversas comunidades indígenas foi lento e difícil. O EZLN somente obteve apoio e pôde se desenvolver quando decidiu aceitar as propostas indígenas.

"Entretanto, para surpresa das comunidades indígenas elas descobriram que não estavam sozinhas. Em todo o México, os mexicanos foram às ruas clamar pela paz. A partir de então, a guerra transformou-se. Trocaram-se as armas da guerra pela guerra das palavras. Trata-se da primeira manifestação contrária ao modelo neoliberal a surgir em todo o mundo", conclui Carrara.





Fonte: AE-ANSA

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