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Internacional
Quarta - 23 de Novembro de 2005 às 17:10

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As autoridades eleitorais da Libéria confirmaram hoje o resultado do pleito realizado em 8 de novembro e proclamaram como chefe de Estado Ellen Johnson-Sirleaf, a primeira mulher a alcançar este cargo através das urnas tanto no país como em toda África. Segundo informações de emissoras regionais de rádio, a Comissão Eleitoral Nacional liberiana (CEN) confirmou que Johnson-Sirleaf, de 67 anos, obteve o maior número de votos no segundo turno das presidenciais, frente ao candidato perdedor, o ex-craque de futebol George Weah.

Johnson-Sirleaf, uma economista graduada nos EUA pela Universidade de Harvard, conseguiu 59,4% dos votos, enquanto Weah, um bem-sucedido homem de negócios, obteve 40,6%.

A CEN proclamou os resultados definitivos do pleito em uma cerimônia realizada no "Pavilhão do Centenário" de Monróvia, capital do País, à qual estavam presentes vários membros do corpo diplomático estrangeiro acreditado na cidade e representantes dos principais meios de comunicação do país.

Apesar de as eleições terem sido consideradas "transparentes" pelas equipes de observadores internacionais que se transferiram à Libéria, Weah, o candidato mais votado no primeiro turno - com mais de 28% de apoio - colocou em dúvida a limpidez do segundo turno ao afirmar que houve manobras de fraude.

Os observadores internacionais que supervisionaram a apuração, incluindo delegações da União Européia (UE), do Instituto Nacional Democrático (IND) e do Centro Carter, com sede em Washington, avaliaram positivamente a segunda rodada eleitoral e concordaram em qualificá-la como "sincera e transparente".

"Fundamentalmente, as liberdades de expressão, reunião e associação foram respeitadas, apesar de incidentes menores terem sido registrados", destacou a delegação européia, que recomendou que o vencedor e o derrotado no pleito "se unam para fomentar um futuro estável, democrático e bem-sucedido para a Libéria".

Esta também foi a opinião do representante especial do secretário-geral da ONU na Libéria, Alan Doss, que exortou o candidato perdedor a "aceitar pacificamente o veredicto das urnas".

O partido que lançou Weah como candidato, o Congresso para a Mudança Democrática (CDC, em inglês), apresentou um recurso para impedir o anúncio dos resultados. Entretanto, a CEN já tinha comunicado que cumpriria a lei ao proclamar os dados na data limite marcada pela legislação eleitoral.

Johnson-Sirleaf, que se apresentou neste pleito pelo Partido da Unidade (PU), é uma antiga funcionária do Banco Mundial e das Nações Unidas e se transformou na primeira mulher a ser escolhida para o cargo máximo governamental em um país africano.

"É uma vitória do povo liberiano e da democracia", comentou a presidente eleita em uma declaração aos meios de comunicação, ratificando sua intenção de formar um Governo que inclua representantes de todas as tendências políticas, assim como todos os grupos étnicos e religiosos do país.

Johnson-Sirleaf reiterou ainda seu desejo de contar com Weah como membro do Executivo, embora tenha esclarecido que o país não vai deixar de funcionar caso seu rival nas eleições não se integre ao gabinete.

As eleições do mês passado foram as primeiras que se realizaram no país depois do final da guerra civil, em 2003, conflito que se prolongou quase ininterruptamente durante 14 anos, deixou cerca de 150 mil mortos e colocou em exílio forçado metade da população, que se refugiou nos vizinhos Costa do Marfim, Guiné, Serra Leoa, Gana, Nigéria e Gâmbia.

A Libéria, um país de pouco mais de 3 milhões de habitantes, criado em 1847 por iniciativa dos Estados Unidos para dar uma pátria a seus escravos negros libertos, tem um índice de desemprego de 85%.

A esperança de vida é de 42 anos, quase a metade de sua população é analfabeta e só 37% das crianças freqüentam a escola.

O país não possui uma rede centralizada de energia elétrica nem de água ou esgoto. Os sistemas de saúde e educação são quase inexistentes em várias regiões do país.

Tudo isso representa um caminho espinhoso para Johnson-Sirleaf, que, no entanto, prometeu reconstruir rapidamente esta nação sem infra-estruturas.





Fonte: EFE

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