Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Terça - 22 de Novembro de 2005 às 17:04
Por: Natuza Nery

    Imprimir


As denúncias de corrupção dos últimos cinco meses abateram não só a avaliação do governo, mas atingiram diretamente a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mostrou nesta terça-feira pesquisa do Instituto Sensus.

Os números projetam um quadro difícil caso o presidente Lula queira lançar-se à reeleição no ano que vem. Esta é a opinião de 72,6 por cento dos entrevistados, ante 23,7 por cento que entende que as denúncias não vão interferir no desempenho do presidente nas eleições de 2006.

"A se manterem os indicadores (desfavoráveis), fica difícil a reeleição", afirmou Ricardo Guedes, do Sensus, responsável pela pesquisa encomendada pela Confederação Nacional do Transporte.

Na disputa federal do ano que vem, o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), derrotaria o presidente petista no segundo turno. O tucano, diz a sondagem, levaria 41,5 por cento dos votos e Lula, 37,6 por cento.

O cenário é ainda mais desfavorável na análise do primeiro turno. Ao contrário das últimas pesquisas, Lula não ganharia de nenhum adversário na primeira rodada das eleições, embora obtenha vitória sobre todos, exceto Serra, num segundo turno.

Foram considerados seis outros possíveis candidatos: os tucanos Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República, Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, e Aécio Neves (PSDB), governador de Minas Gerais.

Também integram a lista os pefelistas César Maia, prefeito do Rio de Janeiro, e Anthony Garotinho, além da senadora Heloisa Helena (PSOL-AL).

"Em todas as alternativas dá segundo turno. E, no segundo turno, ele só perde para o Serra. É a primeira vez (na sondagem CNT/Sensus) que isso acontece", completou Guedes.

Pesquisa Ibope divulgada em outubro já apontava Serra à frente de Lula num eventual segundo turno.

AVALIAÇÃO EM QUEDA

Acompanhando o quadro geral desfavorável, a avaliação positiva do governo Lula também caiu em novembro, passando de 35,8 por cento em setembro para 31,1 por cento. O patamar só não é menor do que o registrado em junho do ano passado, quando atingiu 29,4 por cento.

O desempenho pessoal do presidente piorou, passando de 50 por cento em setembro deste ano, na sondagem anterior, para 46,7 por cento em novembro, no pior resultado numérico desde o início do governo.

O levantamento indica que a avaliação negativa subiu de 24 por cento para 29 por cento, enquanto a regular passou de 38,2 por cento para 37,6 por cento neste mês.

A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais para cima ou para baixo. O Instituto Sensus entrevistou 2.000 pessoas entre os dias 14 e 17 de novembro, em 195 municípios do país.

ECONOMIA E SOCIAL

A seu favor, o presidente da República obteve uma percepção positiva dos programas sociais e uma avaliação estável em relação à economia.

"A positividade que existe na avaliação do governo se deve à estabilidade econômica com geração de emprego e aos programas sociais", argumentou Guedes.

A maioria da população consultada julga positivos os programas sociais porque são capazes de ajudar a população carente e levar ao desenvolvimento do país.

A economia, apesar de o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, estar sendo bombardeado por integrantes do governo e também por setores da oposição, seguiu estável em comparação à última sondagem.

Segundo a pesquisa, 52,7 ainda acham a política macroeconômica inadequada, contra 35,3 por cento que pensam o contrário. Esses números praticamente não se alteraram em relação a setembro.

Quando a avaliação é projetada para os próximos seis meses, os resultados são mais otimistas. Confiam do desempenho futuro da economia 42,3 por cento dos entrevistados, contra 49,4 por cento que atestam o contrário.

CORRUPÇÃO E VOTO

As recentes denúncias de irregularidades no país levaram a uma descrença da população quanto à corrupção o que deve se refletir no desempenho eleitoral de políticos em geral.

Para 64,6 por cento, as denúncias vão influenciar na intenção de voto, ante 23,7 que afirmam o contrário. Cerca de 82 por cento garante que não votaria em político envolvido em irregularidades.

Ainda assim, 64,3 por cento dos entrevistados acreditam que a corrupção no país sempre vai existir. Outros 31,8 acham que ela pode acabar, dependendo do governo.

A expectativa geral é de surgimento de novas denúncias que agravem a crise.





Fonte: Reuters

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/334332/visualizar/