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Cultura
Segunda - 21 de Novembro de 2005 às 11:50

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Em uma ação sem precedentes, a Itália impulsionou um processo internacional contra o comércio ilícito de antiguidades por parte de museus dos Estados Unidos, incluindo o Metropolitano de Nova York e o Getty de Los Angeles.

A controvérsia alcançou nesta semana um ponto crítico com a abertura de um julgamento em Roma contra a ex-curadora do Getty Marion True e contra o marchand americano Robert Hecht, acusados de importar antiguidades romanas e etruscas escavadas ilegalmente e de incorporá-las à coleção do museu.

True é acusada de ter adquirido cerca de 40 obras de arte antiga entre as décadas de 80 e 90.

Enquanto isso, a acusação contra Hecht é por vender objetos saqueados não só para o Getty, mas ao Metropolitano (Met), ao Museu de Belas Artes de Boston (Massachusetts), ao Museu de Arte da Universidade de Princeton (Nova Jersey) e ao Museu de Arte de Cleveland (Ohio), entre outras instituições.

Nesta semana, o diretor do Met, Philippe de Montebello, se reunirá em Roma com representantes do Ministério de Cultura italiano para discutir sobre a procedência de uma série de objetoss antigos da coleção do museu que, segundo a Itália, foram saqueados de seu território.

Segundo o jornal The New York Times, a investigação sobre o Met abrange 22 objetos que foram escavados e exportados da Itália de forma supostamente ilegal antes de fazer parte da coleção do museu.

Entre os objetos citados pela imprensa está um alguidar do século VI a.C assinado pelo pintor Eufronios, considerado a peça antiga mais valiosa e importante da coleção do Met e adquirido em 1972, supostamente através de Hecht.

A Itália também afirma que o Met possui em sua coleção vários copos de Apulia (a atual Púglia), assim como uma coleção de prata roubada da antiga colônia grega de Morgantina, na Sicília.

Com essa polêmica, a Itália espera em abrir um precedente que preocupa museus do mundo todo que têm importantes coleções de objetos e arte antiga.

O objetivo das autoridades italianas é deter o tráfico ilícito de antiguidades de seu país e recuperar os mais de 3.000 tesouros artísticos supostamente saqueados de seu território.

"Nossa intenção é achatar o tráfico ilícito e, para fazer isso, temos que conseguir que os museus dos EUA deixem de comprar (objetos saqueados)", disse em Roma o advogado que representa o Ministério de Cultura italiano, Maurizio Fiorilli.

Parte da meta já foi alcançada, uma vez que em 1999 o Getty devolveu à Itália seis peças arqueológicas de sua coleção, ao que seria preciso somar outras três devolvidas na semana passada, entre elas o Copo de Asteas do século IV a.C.

Segundo os especialistas, as investigações abertas pela Itália poderiam mudar a forma na qual até agora se lida, a escala internacional, com os casos de contrabando de antiguidades e com as práticas de aquisições dos museus.

Essas práticas foram defendidas em 2003 pelos diretores de dezoito grandes museus do mundo, entre eles o Louvre de Paris, o Prado e o Thyssen-Bornemisza (Madri), o Rijksmuseum (Amsterdã) e o Guggenheim de Nova York.

No grupo também figuravam o Met e o Getty.

Um documento assinado pelos então diretores dessas instituições argumenta que os museus têm uma missão especial como tesoureiros da cultura mundial e que os padrões éticos do presente não poderiam ser aplicados às aquisições do passado.

"Os objetos e obras monumentais instalados décadas e até mesmo séculos atrás em museus na Europa e nos EUA foram adquiridos sob condições que não são comparáveis às da atualidade", assinala o documento, colocado na site do British Museum.





Fonte: EFE

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