PT - Perda Total

Como num sinistro sem seguro o Partido do Trabalhadores deu PT (Perda Total).

Somente os fanáticos (tipo religiosos), que têm fé apenas no partido e não fazem qualquer leitura da realidade, se mantêm em sua defesa, além daqueles que precisam se defender a qualquer custo pelo tanto que têm a perder ou para não irem para a cadeia.

Qualquer petista honesto ideologicamente ou simpatizante do partido (agora ex-petista ou ex-simpatizante) sente mais que uma decepção, sente vergonha de ter acreditado nessa gente que dirigia o partido em todos os seus escalões.

Vergonha por terem sido levados a crer que se tratavam de uma mudança (e de fato foi, só que para bem pior), vergonha de participarem de ou de simpatizarem por um partido sem qualquer compromisso com o que pregava aos berros roucos daquele que agora não sabe de nada.

Vergonha por ver a sujeira toda purgando e a desfaçatez de seus condutores continuando com as mesmas práticas fisiológicas para obtenção de “vitórias” políticas e dizendo que apenas alguns de seus membros cometeram erros e não crimes como de fato ocorreu.

Vergonha por ver seu chefe maior falar bobagens vãs por toda parte do mundo onde anda, fazer gracejos diante de uma claque selecionada a dedo apenas para aplaudir feito macacas de auditório.

Vergonha porque seu chefe maior não tem coragem de falar com os jornalistas, dar entrevistas coletivas, abrir para perguntas. Até hoje foi apenas uma. De resto foram apenas bravatas roucas protegidas por um púlpito de mão única.

Vergonha porque a todo chefe cabe a responsabilidade de assumir os atos de seus subordinados. Numa estrutura hierárquica de qualquer tipo de poder o chefe é chefe não apenas para receber os louros de sua equipe mas para assumir as responsabilidades de suas falhas e crimes.

Vergonha de ouvir um Ariel Sharon de Israel pedir ao povo israelense que estava sendo retirado das áreas palestinas que não ficassem com raiva nem agredissem os soldados que estavam fazendo aquilo, mas que ficassem com raiva dele (Ariel Sharon) porque era ele o responsável por aquela ordem assumindo a responsabilidade por tudo e até pelos eventuais excessos cometidos.

Não tenho qualquer ligação com os israelenses mas admirei a coragem daquele chefe de Estado.

Vergonha ler na revista Veja de 19/10/2005 nas páginas amarelas o senhor Peter Eigen da ONG Transparência Internacional, principal ONG de combate à corrupção do mundo, dizer que o chefe é responsável pelos atos de seus subordinados. Como nos Estados Unidos, onde o sistema jurídico evoluiu para a noção de “obrigação de saber” do chefe. Até quando Lula e outros políticos do PT acreditam que irão enganar o povo com essa cantilena de que nada sabiam sobre a corrupção que os elegeu e que pretendia perpetuá-los no poder, que foram traídos...

Sim porque é importante lembrar que a palavra democracia, sempre fácil, na boca de petistas é uma falácia ou ignorância já que a orientação socialista e comunista do PT se mira em experiências como a de Cuba, ex-União Soviética entre outras, onde não há propriedade privada nem classes sociais, onde a vontade do povo que não é igual à vontade da cúpula que usufrui das benesses do poder deve ser descartada através de uma bala no famoso “paredón”. Tudo isso me parece bastante incompatível para o Brasil em cuja constituição estabelece a propriedade privada como base de seu sistema e o respeito aos direitos individuais é cláusula pétrea.

Por tudo isso e muito, mas muito mais que todos estamos lendo, vendo e ouvindo é fácil afirmar que o PT (Partido dos Trabalhadores) deu PT (Perda Total).

*MARCOS RELVAS, advogado tributarista, superintendente da Associação Mato-grossense de Contribuintes e presidente da comissão de estudos constitucionais da OAB/MT.