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Politica Brasil
Sexta - 18 de Novembro de 2005 às 08:37
Por: Rubem Mauro Palma de Moura

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A imprensa noticiou com bastante ênfase o suicídio do ambientalista Francisco Anselmo Barros, ocorrido na cidade de Campo Grande. É lamentável o que aconteceu, ainda mais da maneira como o trágico episódio teve o seu desfecho.

Ambientalista ativo, porém sem formação profissional que pudesse melhor orientá-lo, foi influenciado por profissionais e políticos irresponsáveis. O meu pensamento é de que o Franscelmo foi “suicidado”. Se não, vejamos: no ano de 1982, em um evento promovido pela ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental) na cidade de Campo Grande, ainda vivendo no clima de divisão, nós Mato-grossenses fomos acusados por falsos ambientalistas que por aqui tem guarida, de estarmos destruindo o Pantanal. Motivos? Permitimos a implantação de 11 destilarias de Álcool, nove delas na bacia do alto Paraguai, somada a aquela já existente no município de Jaciara. Diziam os ambientalistas que elas (as usinas) iriam poluir o Pantanal e que eles, os bem intencionados lá embaixo, seriam a caixa de gordura da nossa inconseqüência.

Pois bem, decorridos 23 anos do evento, não matamos nenhum dos nossos rios, enquanto eles, destruíram pelo assoreamento e envenenamento por agrotóxicos, um dos mais importantes cursos d’água, formador do pantanal mato-grossense, o rio Taquari. Ironicamente, sem produzir sequer uma gota de álcool.

O álcool, este que os próprios falsos ambientalistas usam em seus carros e recomendam como fator inibidor da poluição do ar, é bio combustível renovável, que nos colocará com certeza em futuro próximo, em posição destacada no cenário mundial, uma vez que o petróleo está com a sua produção em declínio e o mundo, a procura por outras fontes energéticas. Isso é uma realidade.

Propõem os falsos ambientalistas que as destilarias de álcool lá em Mato Grosso do Sul sejam implantadas na bacia do rio Paraná, o que comprova uma formação profissional deficiente e preconceituosa. Não sabem que hoje por trabalho de profissionais bem formados, os impactos produzidos pelas destilarias são mínimos, uma vez que a água de lavagem é recirculada, com efluente zero. Que o vinhoto pode ser usado na fértil irrigação ou em planta anexa, produzir gás e adubo orgânico. Que do bagaço da cana se produz energia elétrica e que o seu corte hoje é feito com equipamentos sem a necessidade da queima, tão danosa ao meio ambiente. Nada disso eles sabem. Mas sabem mentir quando querem fazer crer que essas usinas se instalarão em área inundável do Pantanal e não no planalto ao seu entorno, influenciando os leigos. Além do mais, para isso, existem regras bem definidas e rígidas a serem cumpridas pelos órgãos ambientais.

Portanto, o seu suicídio foi influenciado por profissionais alarmistas e equivocados, que, mesmo que não tenham induzido-o ao suicídio, o convenceram de que um ato extremo salvaria o nosso Pantanal.

Chega de “ecologismo” irresponsável.

*Rubem Mauro Palma de Moura, Eng°. Civil e Sanitarista, com Especialização em Hidráulica e Saneamento pela USP; Mestrando em Ambiente e Desenvolvimento Regional na Pós-Geo e Prof°. do Departamento de Engª. Sanitária e Ambiental da UFMT.

E-mail: rubemauro@bol.com.br




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