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Cultura
Segunda - 14 de Novembro de 2005 às 13:30

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Acrobacias, contorcionismo, dança, mímica, música, teatro e humor dão forma a "Bright Abyss" ("Abismo Luminoso"), um espetáculo mágico e fantástico dirigido por James Thierrée, neto do genial cineasta e comediante Charles Chaplin.

Sua apresentação na Brooklyn Academy of Music marca a estréia nos Estados Unidos de Thierrée e sua companhia, a Compagnie du Hanneton, integrada pelo acrobata brasileiro Thiago Martins, o dançarino sueco Niklas Ek, a vocalista e pianista espanhola Uma Ysamat e a contorcionista francesa Raphaëlle Boitel.

Um espetáculo que foge às classificações, "Bright Abyss" começa e termina com a cena lírica de um naufrágio, em que Thierrée entra empunhando ancinhos que simulam espadas e montado em escadas extensíveis transformadas em pernas de pau.

O vento sopra furiosamente e os personagens em cena começam uma viagem de sobrevivência de 90 minutos de duração, em que não faltam situações cômicas e, ao mesmo tempo, sombrias, imagens poéticas e surrealistas e "gags" da veia "chaplinesca".

O palco é composto por móveis antigos e objetos cotidianos que pouco a pouco ganharão vida ao se tornarem animais e criaturas de um conto infantil, ou ao serem usados em "jogos" e acrobacias que desafiam a gravidade.

Com uma assombrosa versatilidade, os artistas de "Bright Abyss" apresentam o tradicional vaudeville, mas sutil e habilmente disfarçado, ou no estilo do "nouveau cirque", do qual Thierrée e seus pais, Victoria Chaplin e Jean-Baptiste Thierrée, são pioneiros.

A rotina de contorção se desenvolve em um enorme portal de metal estilo barroco, enquanto as acrobacias acontecem tanto no chão como no ar, em exercícios de "capoeira" ou em trapézios que oscilam de um lado a outro em meio à catástrofe.

A mímica e o humor se manifestam em uma tentativa de suicídio que pode literalmente retroceder no tempo, em um sofá que engole pessoas, no maestro de uma orquestra de gemidos e espirros e, como Chaplin, na complicada leitura de um jornal.

O magnetismo, a destreza para entreter e a aparência física de Thierrée - a forma de sua cabeça, seu olhar romântico e inocente, sua estatura compacta e seu cabelo cacheado - evocam seu avô.

Contudo, o artista, de 30 anos, evitou sabiamente explorar seu vínculo familiar. Thierrée só conheceu Chaplin por meio de seus filmes, e diz que as influências em sua obra foram "inconscientes".

Estreou como artista aos quatro anos e, após desenvolver habilidades como acrobata, dançarino, trapezista e violinista, se envolveu totalmente nos espetáculos criados por seus pais para a companhia Le Cirque Imaginaire, que depois passaria a se chamar Le Cirque Invisible.

Thierrée também merece crédito por sua humildade e por deixar que o protagonista seja o espetáculo, isto é, por colocar o virtuosismo e o talento dos artistas a serviço da experiência multissensória.

Como autor e diretor da obra, que se apresentará no México no fim deste mês, Thierrée constrói uma história universal e isenta de uma única narrativa. O espetáculo comunica com a linguagem do corpo, o movimento, as sensações e a expressão.

Thierrée e sua companhia de circo-teatro, estabelecida em Paris, fazem a imaginação do espectador voar com gestos simples e a mais honesta das intenções, algo cada vez mais raro de experimentar em nossos tempos de reality shows.





Fonte: 24 HorasNews

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