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Politica Brasil
Segunda - 14 de Novembro de 2005 às 08:59

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Num gesto para tentar segurá-lo no Ministério da Fazenda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara um discurso público forte em defesa de Antonio Palocci Filho, sua política econômica e sua honra. O gesto é aguardado por Palocci, que saiu de Brasília no feriado para avaliar se continua ou não na Fazenda.

Ao mesmo tempo, um emissário de Lula conversou recentemente com um dos mais importantes membros da cúpula tucana para tentar uma trégua ou limite na guerra política. Acertou-se que serão poupadas as famílias de Lula e de cardeais tucanos, como o prefeito de São Paulo, José Serra, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O discurso pró-Palocci deverá ser feito por Lula na primeira solenidade ou declaração pública desta semana. Na agenda de Lula hoje, constam despachos no Palácio do Planalto. E vai ao ar o programa de rádio semanal "Café com o Presidente".

A intenção do presidente é abordar, segundo as palavras de um auxiliar, "a importância do trabalho de Palocci para o país". Ou seja: dizer que sua eventual saída poderia gerar uma desestabilização na economia que ele não pretende deixar que aconteça. Haveria ainda menção específica à "honradez" e "seriedade" do ministro da Fazenda.

Palocci está sofrendo ataques em três frentes: acusações de corrupção com origem em afirmações de ex-auxiliares, crítica da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à política econômica e pressão de petistas, aliados e até oposicionistas para que aumente os gastos públicos.

A nota divulgada pela assessoria do presidente no sábado foi considerada pelo próprio Lula insuficiente. Ditada à imprensa por um auxiliar, a nota nem consta do site oficial da Presidência. Ela dizia que o presidente, "diante de boatos, reafirma que não estuda mudanças na política econômica, que é de sua responsabilidade, nem na pessoa escolhida por ele para conduzi-la, o ministro Antonio Palocci".

Cálculo político

Lula não deseja que Palocci deixe o governo, mas o ministro pode sair por cálculo político. Exemplo: se avaliar que terá mais a perder ficando, vendo seu poder definhar, sairia em breve. Nesse caso, a opção de Lula, segundo apurou a Folha, seria o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), que abandonou as críticas a Palocci e se transformou em seu defensor número 1 nas últimas semanas.

Nos bastidores, permanece a tentativa de algum entendimento entre governo e oposição para colocar limite na guerra que travam em torno das CPIs do Congresso na atual crise política. Apesar da alta temperatura política, Lula enviou um emissário para falar de trégua com um cacique do PSDB.

Além do acordo para tentar deixar fora das CPIs familiares do presidente e de tucanos de peso, como Serra e FHC, acertou-se que alguns canais de comunicação precisam permanecer abertos.

O emissário de Lula reclamou de ataques da oposição a Palocci. Ouviu do tucano que eles começam no próprio governo e entre ex-auxiliares do ministro. Ambos avaliaram que há fatos (investigações da imprensa e das CPIs) que não podem ser controlados por acordo de cavalheiros.

Prudência

A Folha apurou que Serra disse recentemente ao líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), que seria prudente calibrar os ataques a Palocci. Presidenciável tucano, Serra teme que a economia desande e que o PSDB, se vencer a sucessão de 2006, administre uma situação complicada.

Apesar das negociações de bastidor entre governo e adversários, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, avalia que Palocci sofre bombardeio da oposição para ela "tentar impedir o presidente Lula de vencer a eleição no ano que vem".

"A oposição perdeu qualquer prurido. Se precisar botar fogo no país para ganhar a eleição, como desestabilizar a economia, ela fará isso", diz o ministro do Planejamento. Paulo Bernardo, que afirma não ver "motivos" para eventual saída de Palocci, é um dos principais aliados do ministro da Fazenda no conflito contra a ministra Dilma Rousseff.





Fonte: 24 HorasNews

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