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Politica Brasil
Sábado - 12 de Novembro de 2005 às 14:20

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São Paulo - Um ex-superintendente do Banco Rural, Carlos Godinho, afirmou que os empréstimos da instituição para o PT “foram feitos para não pagar, mas para mascarar a entrada de recursos que vinham de outra forma”. Em entrevista à revista Época, o executivo disse que “é falsa” a versão que atribui ao falecido vice-presidente do banco, José Augusto Dumont, o envolvimento do PT com o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, suposto operador do mensalão.

O Rural está sob investigação da CPI dos Correios e do Ministério Público Federal por suspeita de ter sido caixa do mensalão. Godinho declarou que havia indícios de lavagem de dinheiro nas operações da SMPB, agência de Valério que movimentava valores muito acima do seu faturamento médio mensal.

“No caso da SMPB, em 2003 e 2004, todo mês acontecia isso, então a gente encaminhava para a diretoria dizendo que o cliente estava com indícios de lavagem de dinheiro”, afirmou. “E nenhuma providência foi tomada.”

Ele destacou que os empréstimos do banco ao PT e à SMPB não são prática normal de mercado. Alertou para o fato de que os avalistas do Partido dos Trabalhadores - o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o ex-presidente, José Genoino - não tinham como garantir as transações. “Na conta da SMPB entrava dinheiro, mas o Valério não liquidava os empréstimos. É suspeito. No caso do PT, é o aval de duas pessoas que não têm patrimônio para garantir a operação.”

Godinho criticou o sistema do Rural, “que pactuou com as operações do PT e do Marcos Valério em troca de favores, lobbies, recursos ao Banco Central, a órgãos fiscalizadores e negócios que beneficiaram o Rural nestes anos”.

Responsável pela área que cuida do cumprimento das regras no banco, o executivo assegurou que fazia alertas à cúpula da instituição por meio de boletins escritos. “Assim que o primeiro boletim foi impresso e assinado foi dada ordem para não fazer mais, para comunicar ao diretor verbalmente.”

Segundo Godinho, seus superiores proibiram a elaboração de novos boletins “nos casos da SMPB e do PT, não deixaram colocar nos relatórios as irregularidades de movimentações acima dos padrões, de risco de crédito em função de constantes renovações”. No período de 2003 a 2005, ele afirma, nenhum dado relativo a irregularidades foi incluído nos boletins.

O ex-superintendente disse, ainda, que o Banco Central “tinha conhecimento da constância” com que o PT e a SMPB faziam reformas de empréstimos. “Toda a movimentação foi para o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras, do Ministério da Fazenda), mas eles não olham. Se olham, existe um lobby muito forte em cima disso.”





Fonte: Agência Estado

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