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Politica Brasil
Quinta - 02 de Junho de 2005 às 07:39
Por: Paulo Aníbal

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A Amazônia é o “palco” de inúmeras lendas, entre elas, a do Mapinguari, um dos mitos mais difundidos pelos os índios na amazônia, mas há grande possibilidade que esse “animal” ainda exista. Na realidade seria um mamífero “pré-histórico” remanescente dos antigos bichos preguiça gigante que viveram aqui no Brasil no fim do Pleístoceno (há mais de 12 mil anos atrás), talvez seja o último representante.

Investigamos casos relacionados com o “mapi” em alguns pontos remotos da floresta amazônica nos estados do Amazonas, Rondônia,Pará e Mato Grosso, onde neste último a fera é chamada de pé-de-garrafa em certas localidades no norte do estado.

Durante as pesquisas coletamos muitos relatos de índios, de alguns garimpeiros e outros nativos que presenciaram esta “fera” durante à noite; os relatos se assemelham, testemunhas afirmam que ao se depararem com o tal mapinguari, o mesmo assumiu postura bípede ameaçadora quando percebe à presença do homem exibindo suas robustas garras, inclusive muitos índios relatam à eliminação de um odor extremamente fético, que dizem sair da “barriga”.

O tal animal possui uma longa pelagem de cor acastanhada à escura e alguns ainda citam que sua pele é semelhante ao do jacaré, possui um expressivo focinho e ter aproximadamente dois metros de altura quando de pé, já que normalmente é quadrúpede. Infelizmente temos dados que este animal tenha atacado com violência um posseiro durante à noite numa vila isolada(Coqueiral) no extremo norte de Mato Grosso e a pessoa foi dada como desaparecida.

Outro pesquisador, o biólogo norte-americano David Oren, realizou algumas expedições, uma delas em companhia de uma equipe de TV americana, numa área indígena próximo à Bolívia, onde encontraram indícios de pegadas, coletaram inúmeros relatos de indígenas e até excrementos, mas numa análise posterior verificou-se ser de tamanduá; Oren desistiu de procurar o “mapi” há mais de dois anos por nunca ter conseguido provar sua existência.

Em quase todas as vezes que estive em regiões afastadas na Amazônia com o objetivo de procurar o Mapinguari, me deparava comumente com relatos de um estranho animal parecido com um macaco mais alto que o homem, de pelo escuro, com grande focinho que lembra de um cachorro, com garras expressivas pontiagudas nas patas e que eliminava um forte cheiro de “coisa podre”, que na minha concepção pode ser uma forma de defesa química ou até marcação de território, onde podemos observar esse tipo de comportamento em diversos mamíferos e insetos,mas também não consegui nenhuma prova concreta e inquestionável relacionado ao “mapi”; Somente em janeiro de 2003, num lugar nas proximidades do Rio Negro, no estado do Amazonas, seguindo por uma trilha dentro da floresta até o local de um fato presenciado por um ex-garimpeiro, onde o mesmo relatou ter visto, à longa distância, o “mapi” raspando uma árvore com suas garras das patas dianteiras, o ex-garimpeiro saiu correndo com imenso pavor quando a fera percebeu sua presença; chegando ao tal local encontramos duas árvores cujos seus caules tinham marcas que se assemelham realmente ação de três garras, onde talvez seja uma evidência direta de seu comportamento, mas qualquer conclusão é prematura e, ainda devemos analisar todas as possibilidades, desde ter sido feita por algum animal conhecido como o bicho-preguiça, tamanduá, outros e até mesmo fraude.

Outra forma que encontramos para pesquisar à existência do mapinguari, já que defendemos ser um tipo de preguiça do passado do grupo Edentada foi estudar o comportamento dos atuais bichos-preguiça, como à espécie Bradydus tridactylus, bem menor que seus “parentes”antepassados, é totalmente vegetariano como também seus antecessores como comprova os fósseis das arcadas dentárias de molares achados, a fêmea dá “luz”apenas a um filhote e suas patas possuem 3 dedos c/ grandes garras semelhantes, guardadas as proporções, as gigantescas preguiças do passado, que eram terrícolas, ao contrário das atuais que são arborícolas e, dificilmente descem ao solo.

Estudando também evidências fósseis dos ossos da mandíbula robusta dos antigos preguiças, em especial o Eremotherium, uma grande espécie que existia muito em nosso território até por volta de 10.000 anos atrás, verificamos à presença de grandes dentes molares, demonstrando serem herbívoros por excelência, achados fósseis das patas com fortes e pontudas garras mostram como eram importantes na captura de vegetais para sua alimentação; fósseis dos largos ossos da bacia somado aos ossos das patas posteriores provam que tinham capacidade pe ficar em posição ereta e assim, alcançar folhas e galhos muito acima do solo na copa das árvores, podia apoiar-se no caule, mas não subia nas mesmas.

Alguns centros de pesquisas brasileiros que estive pesquisando possuem ótimos exemplares fósseis, como no Museu Nacional (no Rio de Janeiro), museu Emílio Goelth (no Pará), museu da Fundação do Homem Americano (no Piauí), entre outros.

O Eremotherium,que chegava a mais de quatro metros, foi citado devido ao estudo de seus fósseis, mas foram achados fósseis de espécies bem menores, compatível à altura dada ao “mapi”, como o Nothrotheriops shastensis, medindo 1,5 metros, considerada a menor das preguiças extintas; temos a espécie Glossoterium harlani, com cerca 1,8 metros e com uma característica que chama à nossa atenção, o de possuir um revestimento interno na pele como um tipo de “placa” dérmica, formado uma espécie de “carapaça” que servia de proteção contra predadores; esse detalhe é importante devido ao fato de algumas pessoas afirmarem que o tal “mapi” tinha um “couro” parecido com de um jacaré abaixo dos pelos castanhos.

Será o “mapi” um fóssil vivo? Um descendente direto do Glossoterium? Foram achados inúmeros fósseis desses mamíferos vegetarianos do grupo Endedata-Pilosa (Preguiças-gigantes) em toda América do Sul, alguns dos quais extinguiram-se, em termos geológicos, há muito pouco tempo atrás (6000 anos atrás), principalmente na região ocidental da Amazônia, no Nordeste Brasileiro, norte da Argentina e em inúmeras grutas em várias regiões do país, alguns submersos na água, onde tive a oportunidade de ver um exemplar sob as águas no interior da gruta do Lago Azul, na Chapada Diamantina (Bahia).

Comparando-se dados biológicos das atuais preguiças com os achados fósseis citados e somando-se aos testemunhos e indícios coletados podemos ter, então, uma idéia do perfil biológico do suposto mapinguari. Porém, os indícios até agora analisados não provam a existência do Mapinguari. Precisamos de evidências inquestionáveis ou será que teremos que capturar um exemplar para que o lendário “mapi” para que deixe de ser apenas fruto do folclore amazônico ou da “imaginação”das pessoas.

Paulo Aníbal G. Mesquita pauloanibal@yahoo.com.br Biólogo Fone (0xx11) 9679-2160




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