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Internacional
Segunda - 30 de Maio de 2005 às 12:04
Por: Mark John

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A Europa, e especialmente a França, acordou atônita na segunda-feira com a retumbante vitória do "não" em um referendo sobre a Constituição da União Européia (UE), um resultado que, segundo muitos políticos, representa um golpe fatal para o tratado.

Derrotado no referendo que teve um dos maiores comparecimentos em vários anos, o presidente Jacques Chirac deu a entender que pode demitir o primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin, que disse a jornalistas, após reunião com o presidente, que haverá fatos políticos importantes — que ele não especificou — até terça-feira.

A maioria dos 69,7 por cento de eleitores que foram às urnas usou o referendo para castigar Chirac por suas políticas econômicas e pelo desemprego. O presidente, de 72 anos, prometeu mudanças, mas ignorou apelos para renunciar.

A Constituição, escrita para garantir decisões mais rápidas e transparentes no bloco, que em 2005 passou de 15 para 25 membros, precisa da adesão de todos os países da UE para entrar em vigor. Líderes europeus disseram que isso ainda pode acontecer, embora o referendo francês diminua suas chances de ratificação em outros países, especialmente na Holanda, que realiza referendo na quarta-feira.

"Há um risco de contágio", disse o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, à TV francesa LCI depois do anúncio do resultado — 54,87 por cento dos votos para o "não".

Os mercados estão fechados nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha devido a um feriado, e por isso o impacto financeiro só será plenamente conhecido na segunda-feira.

Embora o resultado eleitoral não ameace a união monetária européia, os líderes da região temem que os investidores fujam devido à incerteza política prolongada, o que dificultaria as tentativas de reformas no bloco.

"Isso não pode ser positivo para a economia da Europa", disse Jean-Claude Juncker, primeiro-ministro de Luxemburgo, país que ocupa a presidência da UE neste semestre, à rádio francesa RTL.

Na Turquia, que pretende aderir à UE, o governo disse que o resultado é uma questão interna da França. A lira turca permaneceu estável, mas analistas e parlamentares dizem que o referendo pode prejudicar as negociações de adesão da Turquia à UE, marcadas para começar em 3 de outubro.

"O resultado francês mostra que a opinião pública européia não está pronta para saudar a Turquia como parceira", disse o parlamentar turco Emin Sirin.

A derrota mina a autoridade de Chirac, dois anos antes das eleições presidenciais e parlamentares. Há especulações de que ele reformaria o seu gabinete para dar o "novo ímpeto" que prometeu a seu governo.

Analistas dizem que a força do "não" pode ajudar o ambicioso Nicolas Sarkozy, líder do partido governista UMP, que ampliou seu favoritismo para ser primeiro-ministro ao pedir reformas sociais e econômicas radicais depois do resultado.

O outro candidato é Dominique de Villepin, ministro do Interior e fiel aliado de Chirac.





Fonte: Reuters

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