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Politica Brasil
Segunda - 30 de Maio de 2005 às 07:31
Por: Romilson Dourado

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O governador e empresário Blairo Maggi (PPS) disse ontem, em entrevista para A Gazeta, que, às vezes, se sente angustiado porque, apesar dos esforços, nem sempre as ações chegam à ponta de modo a atender os anseios da população. Enfatiza que o governo atua de forma técnica, condena, sem entrar em detalhes, a antecipação da disputa eleitoral, e confessa não ter mais esperança de, a curto prazo, o governo federal atender a reivindicação de Mato Grosso, que deseja nova renegociação da dívida pública, que hoje compromete 23% das receitas.

Com 28 meses ou 840 dias de administração, Maggi observa que, diferente da iniciativa privada, o governo só não avança mais porque enfrenta uma máquina pesada, lenta e burocrática. Comando um orçamento de R$ 5,1 bilhões. Apesar de toda complexidade de administrar um Estado com mais de 2,5 milhões de habitantes e 141 municípios, distribuídos em 901,4 mil km2, carentes de infra-estrutura e isolados dos grandes centros, o governador afirma que "todas as ações têm um único objetivo: a população".

"O desafio é continuar fazendo um governo sério, transparente e ousado", destacou Maggi, enquanto comemorava seu 49º aniversário, em sua residência em Rondonópolis, ao lado de familiares, parentes e amigos.

O governador assegura que tem procurado priorizar todos os setores, até mesmo o meio ambiente e o social, áreas bombardeadas pela oposição. Observa que as ações são planejadas. Pondera, porém, que o fato das determinações de governo nem sempre culminarem em resultados na ponta, por mais que ocorra esforço da equipe, o deixa um tanto angustiado. "Queremos que as ações cheguem na ponta. A população precisa sentir o resultado. Se isso não acontece a gente fica angustiado".

Com índices de aprovação superiores a 70%, cortejado pelos partidos e tido como imbatível à reeleição em 2006, Blairo Maggi se diferencia das gestões anteriores por avançar em algumas áreas, como na construção de casas populares e na pavimentação asfáltica - ver quadro. Por outro lado, é criticado pela oposição, sob argumento de que o governo dá conotação social às obras de infra-estrutura e não investe, por exemplo, em saneamento, não efetiva a prometida reforma administrativa e trata a classe política com indiferença.

Com atuação mais técnica, Blairo Maggi, apesar de trabalhar projetos políticos audaciosos, como à Presidência da República em 2010, considera que o momento não é para se falar em política, mas sim continuar as ações administrativas. É um recado aos próprios aliados, como PP e PFL que, a 16 meses das eleições, já começam a cobrar do governador uma definição sobre alianças e composição da chapa majoritária.

"O povo elege o governador para administrar e não para ficar fazendo política. Tudo tem seu prazo. Não podemos ficar fazendo acordo antecipado. Temos que trabalhar e apresentar resultado", destacou Maggi, que condena a antecipação do debate político.

Dívidas - O governador revela que, após consultar sua assessoria jurídica, recuou da idéia de decretar moratória por um ano como forma de pressionar o governo federal a abrir uma nova renegociação da dívida pública. Explica que a decisão radical de não-pagamento da dívida poderia levar a União a bloquear repasses constitucionais para o Estado, como o Fundef e até o SUS.

O Estado deve R$ 6 bilhões à União. Maggi considera "impagável" a dívida, que compromete 23% das receitas líquidas do Estado (R$ 600 milhões por ano). Para o governador, a renegociação foi mal feita e chegou a promover estudos no sentido de diminuir as parcelas.

"Esperamos que uma hora isso (renegociação) vai acontecer. Talvez com o crescimento do país, o governo venha a discutir essa questão com os Estados e municípios". O Estado não tem hoje capacidade de endividamento. Desta forma, da União, só conseguirá recursos a fundo perdido.




Fonte: A Gazeta

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