Polícia "estoura" bancas de bicho

A Polícia Civil cumpriu ontem mandados de busca e apreensão em 11 locais apontados como centrais do jogo do bicho em Cuiabá, Várzea Grande e Tangará da Serra (242 km da Capital), no encerramento da chamada "Operação Fênix". A casa de João Arcanjo Ribeiro, preso no Uruguai acusado de ser o chefe do jogo do bicho e do crime organizado em Mato Grosso, no bairro Boa Esperança, foi um dos locais vasculhados pela operação. Não houve prisões.

Cerca de 90 homens, liderados por 15 delegados, apreenderam caixas com talões de apostas, terminais de computador e documentos relacionados ao registro e contabilidade dos jogos.

Os mandados foram expedidos pelo juiz Mario Kono. Todo o material foi levado para o complexo policial do CPA, onde será analisado. A polícia começou a mapear os pontos onde a contravenção ainda persistia em dezembro de 2004. As investigações apontaram que as apostas continuam a ser feitas na região central, no Coxipó, em alguns pontos de Várzea Grande e, sobretudo, nas proximidades do CPA.

O "negócio" envolve cerca de 200 cambistas, que não foram presos porque a prática do jogo é classificada como contravenção e não crime. O jogo do bicho, no entanto, pode camuflar ilícitos maiores, como a evasão de divisas. Todas as pessoas listadas como funcionários serão convocadas para prestar depoimento nos próximos dias. Nos locais "estourados" ontem, durante a operação, as apostas eram recolhidas e processadas. Dali o dinheiro era distribuído aos cambistas. A polícia obteve informações mais detalhadas com o depoimento de Nailze Siqueira, apontada como a responsável pela central do jogo do bicho na região do CPA. Ela foi ouvida ontem à tarde e revelou com minúcias o mecanismo do jogo.

"É fato que o jogo do bicho sobrevive em Cuiabá, as investigações constataram isso. Vamos agora estudar os documentos, porque há indícios de crimes mais graves", afirma o delegado Paulo Araújo, que comandou a operação na casa de Arcanjo.