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Arreviderci Roma, Diogo Mainardi!
Recebi ao longo desta semana muitos e-mails de pessoas indignadas contra o jornalista Diogo Mainardi, que escreveu um artigo na última edição da revista “Veja”. Ele disse no artigo: “Não dou palestras. O dinheiro não vale a pena. Se alguém me oferece 10.000 reais para dar uma palestra em Cuiabá, penso imediatamente que eu aceitaria pagar 15.000 reais para não ter de ir a Cuiabá.Portanto, é como se economizasse 5.000 reais”. De quebra, no mesmo artigo, mencionou também Fortaleza como outra cidade onde não faria palestras.
As pessoas que me escreveram querem uma retratação a favor de Cuiabá. Peço que me perdoem, mas Cuiabá não precisa de retratação de Diogo Mainardi, de qualquer outro jornalista e de ninguém. É uma cidade consolidada, com sua vida, com suas qualidades, com seus defeitos e com tudo a que tem direito.
Não sei se o jornalista escreveu deliberadamente, se escreveu por escrever o nome de Cuiabá. Nem preciso saber. Ele mora em Roma, vive em outra realidade e, certamente, tem a impressão de que viver em Cuiabá é o mesmo que viver no Afeganistão. Azar o dele!
Morar em Cuiabá tem qualidades tão óbvias que nem se coloca aos pés de Roma ou de São Paulo. São, justamente, as qualidades humanas. O fato de se poder sentar num barzinho num fim de tarde morno e beber uma cerveja gelada, beliscar um filé de carne de nelore engordado no campo comendo capim no pasto, ou um filé de pintado nascido, criado e registrado no pantanal, sem hormônios importados da China.
Mas, melhor do que tudo isso, é poder conversar com as pessoas da mesa ao lado, falar abobrinhas e rir em voz alta, conversar no banheiro enquanto faz o xixi da cerveja destilada sem que a pessoa do lado se sinta assediada. É ouvir música de quaisquer gostos. Pode ser desde o Amado Batista, pode ser o Pescuma, Henrique, o Claudinho com sua viola maravilhosa, pode ser um pagode bem temperado, pode ser um axé...pode ser qualquer coisa. O clima morno absorve qualquer som, e embala a cerveja, dá sabor à picanha vermelha com gordura larga e amarela com sabor divino, até a tampa de colesterol.
Ora, vou lá me preocupar com o Diogo Mainardi que come o spaguetti italiano de segunda a segunda-feira e come aquelas pizzas com massa ressecada. Eu, hein? Uma pizza suculenta no Chopão, no Gato Mia, na Torre de Pizza. Qual é?, diriam meus filhos.
Quero dizer aos amigos que me escreveram que não vou me preocupar com o Diogo Mainardi. E nem vou lhe dar cartaz mandando um e-mail desaforado ou uma carta triste. Certamente alguém o fará e ele, no futuro, ficará constrangido de vir aqui. E vai perder tudo isso que nós temos e que ele nem faz idéia.
Bobagem. Nossa cidade é muito maior do que ele poderia nem de longe imaginar. Mesmo no calorão de 45 graus de outubro e novembro, ainda dá pra suportar. Desde que inventaram geladeira, frízer, ar condicionado, piscina e chuveiro, não tem mais lugar quente no mundo.
Au revoir, companheiro Mainardi. Arrivederci Roma pra você!
Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM onofreribeiro@terra.com.br
As pessoas que me escreveram querem uma retratação a favor de Cuiabá. Peço que me perdoem, mas Cuiabá não precisa de retratação de Diogo Mainardi, de qualquer outro jornalista e de ninguém. É uma cidade consolidada, com sua vida, com suas qualidades, com seus defeitos e com tudo a que tem direito.
Não sei se o jornalista escreveu deliberadamente, se escreveu por escrever o nome de Cuiabá. Nem preciso saber. Ele mora em Roma, vive em outra realidade e, certamente, tem a impressão de que viver em Cuiabá é o mesmo que viver no Afeganistão. Azar o dele!
Morar em Cuiabá tem qualidades tão óbvias que nem se coloca aos pés de Roma ou de São Paulo. São, justamente, as qualidades humanas. O fato de se poder sentar num barzinho num fim de tarde morno e beber uma cerveja gelada, beliscar um filé de carne de nelore engordado no campo comendo capim no pasto, ou um filé de pintado nascido, criado e registrado no pantanal, sem hormônios importados da China.
Mas, melhor do que tudo isso, é poder conversar com as pessoas da mesa ao lado, falar abobrinhas e rir em voz alta, conversar no banheiro enquanto faz o xixi da cerveja destilada sem que a pessoa do lado se sinta assediada. É ouvir música de quaisquer gostos. Pode ser desde o Amado Batista, pode ser o Pescuma, Henrique, o Claudinho com sua viola maravilhosa, pode ser um pagode bem temperado, pode ser um axé...pode ser qualquer coisa. O clima morno absorve qualquer som, e embala a cerveja, dá sabor à picanha vermelha com gordura larga e amarela com sabor divino, até a tampa de colesterol.
Ora, vou lá me preocupar com o Diogo Mainardi que come o spaguetti italiano de segunda a segunda-feira e come aquelas pizzas com massa ressecada. Eu, hein? Uma pizza suculenta no Chopão, no Gato Mia, na Torre de Pizza. Qual é?, diriam meus filhos.
Quero dizer aos amigos que me escreveram que não vou me preocupar com o Diogo Mainardi. E nem vou lhe dar cartaz mandando um e-mail desaforado ou uma carta triste. Certamente alguém o fará e ele, no futuro, ficará constrangido de vir aqui. E vai perder tudo isso que nós temos e que ele nem faz idéia.
Bobagem. Nossa cidade é muito maior do que ele poderia nem de longe imaginar. Mesmo no calorão de 45 graus de outubro e novembro, ainda dá pra suportar. Desde que inventaram geladeira, frízer, ar condicionado, piscina e chuveiro, não tem mais lugar quente no mundo.
Au revoir, companheiro Mainardi. Arrivederci Roma pra você!
Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM onofreribeiro@terra.com.br
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