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Meio Ambiente
Quinta - 13 de Dezembro de 2012 às 19:48
Por: Rafael Sampaio

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Arquivo/Luisa Ricciarini/Leemage/AFP
Imagem aérea mostra floresta amazônica em torno dos rios Nanay e Amazonas, próximo a Iquitos, no Peru
Imagem aérea mostra floresta amazônica em torno dos rios Nanay e Amazonas, próximo a Iquitos, no Peru

A alta no número de incêndios na floresta amazônica dentro do território do Peru está ligada ao êxodo rural crescente, aponta um estudo publicado nesta semana pelo periódico "PNAS". Realizada por cientistas da Universidade Columbia, nos EUA, a pesquisa avaliou focos de queimadas, dados de povoamento, clima, imagens do uso das terras e entrevistas com camponeses ao redor da cidade de Pucallpa, considerada uma porta de entrada para a Amazônia peruana.

Entre 2003 e 2007, a população da Amazônia peruana aumentou 20%, chegando a 7,5 milhões de pessoas, de acordo com o estudo. O crescimento, porém, ocorreu de forma acelerada nas zonas urbanas - a população rural caiu até 60% em algumas províncias do país. Com o êxodo, camponeses geralmente hábeis em controlar fogo estão deixando a região rumo às cidades, disse a pesquisadora Maria Uriarte, uma das autoras do levantamento.

Embora sejam com frequência acusados de destruir o ambiente, os camponeses na verdade "são bastante sofisticados no manejo de incêndios e planejam quando, como e onde queimam as terras", afirmou Maria em entrevista a agências internacionais.

"Alguns cientistas começaram a pensar que isto [o êxodo rural] levaria a menos incêndios. Mas o estudo mostra o contrário: com menos gente na região para controlá-los e pequenas árvores conquistando rapidamente parcelas não cultivadas [de terra], mais incêndios se espalham fora de controle e queimam áreas maiores", afirmaram os pesquisadores.

A população rural vai cair em quase todos os países da bacia Amazônica, apesar do crescimento das áreas urbanas, diz o estudo. Além do despovoamento rural, dois fatores colaboram com o crescimento das queimadas: a construção de rodovias e períodos de seca.

Não ao senso comum
Em entrevista ao G1, o professor da Unesp David Montenegro Lapola, especialista em política ambiental e mudança climática, avaliou que o estudo trouxe uma novidade ao relacionar a frequência de incêndios com a movimentação humana, além de derrubar o senso comum de que quanto menos pessoas em uma região de mata, menos queimadas.

Apesar disso, Lapola também fez críticas à pesquisa. "Não acho que seja tão simples assim dizer "quanto menos gente, menos fogo". Teria que analisar o nível de governança na área, fiscalização, participação do estado", disse. "Acredito que faltou contar um pouco mais da história da região, inclusive em termos de desmatamento, questão de políticas pró e anti-desmatamento na região. Não vi nada ali explícito."

O professor ressaltou que a região da Amazônia peruana vem se desenvolvendo bastante no período recente. "É uma região economicamente muito aquecida, inclusive com a instalação de rodovias", afirma. Ele aponta o interesse de produtores de soja na região, o que pode ser um dos fatores a interferir no crescimento dos incêndios.

Aprender com o Brasil
Lapola considera que o Peru poderia aprender com o Brasil em termos de controle de queimadas e desmatamento na Amazônia. Poderiam ser adotadas políticas públicas ou instituições peruanas que integrassem levantamento de dados (como ocorre com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe) com órgãos similares à Defesa Civil, por exemplo.

"O Brasil não chegou lá, não quer dizer que já chegou lá, mas já deu o pontapé inicial", avalia o professor da Unesp. Para ele, as ações do governo brasileiro e a fiscalização estão tendo um peso importante na diminuição de desmatamento e no controle das queimadas.






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