Reaberto mistério sobre assassinato de Pasolini
Condenado a nove anos e dois meses de prisão por esse assassinato, Pelosi reabriu o mistério sobre a morte do diretor de cinema com sua nova versão dos fatos, que detalha na entrevista que será exibida neste sábado pela televisão pública RAI-3.
Em suas declarações, Pelosi diz que os assassinos foram três desconhecidos "que falavam com sotaque do sul" que, na noite de 2 de novembro de 1975, bateram em Pasolini até a morte em uma praia de Ostia, perto de Roma.
Até agora a versão oficial, baseada nas declarações de Pelosi - que então tinha 17 anos -, dizia que o jovem foi abordado pelo cineasta, homossexual, que o teria levado em seu carro ao local.
Segundo as declarações de então, os dois praticaram vários atos de caráter sexual, mas quando o cineasta propôs uma relação sexual completa o jovem "reagiu" com violência e bateu em Pasolini até matá-lo.
Pelosi disse ter agido sozinho e foi condenado por um tribunal de menores, em meio às dúvidas sobre sua versão, pois muitos duvidavam que um rapaz de 17 anos fosse capaz de atacar sozinho a vítima de forma tão violenta.
Se Pelosi tivesse admitido a ajuda de outras pessoas no crime, ele teria sido julgado por um tribunal normal, e não por um tribunal de menores, e condenado a até 30 anos de prisão.
Agora, em seu novo testemunho, ele diz que não cometeu o assassinato, mas não dá informações que levem à identificação dos três supostos autores, e inclusive acrescenta ser possível que já tenham morrido.
Segundo Pelosi, os três agressores chegaram quando Pasolini e ele estavam juntos na praia de Ostia e, em meio a gritos de "comunista sujo" e "pedaço de merda", deram uma grande surra no cineasta, que ficou agonizando. Os agressores saíram do local de carro e ele, desesperado e com medo, entrou no carro de Pasolini, deu a partida e sem perceber passou por cima do corpo do artista, afirma. A polícia prendeu Pelosi pouco depois, quando circulava com o carro de Pasolini em alta velocidade e na contra mão.
Após saber destas declarações, a Procuradoria de Roma afirmou que é pouco provável que o novo relato de Pelosi leve à reabertura das investigações do caso, considerando que faltam dados concretos que permitam comprovar as novas informações. No entanto, o advogado da família Pasolini, Nino Marazzita, disse que a Procuradoria "tem obrigação de reabrir o processo sobre a morte do escritor" e "convocar e interrogar Pelosi".
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