Lula negocia com PMDB fim da verticalização
Genoino, que participou da reunião, confirmou que Lula, ao contrário do que vinha defendendo o PT, concordou com a reivindicação dos peemedebistas para acabar com a verticalização, regra eleitoral que passou a valer a partir das eleições de 2002 e que induz os partidos nos Estados a repetir a aliança do pleito nacional. Sem a oposição do PT, é provável a derrubada da regra.
A Folha apurou que Lula aceitou fazer o acordo devido a uma avaliação pragmática: com a verticalização, impediria de qualquer modo a aliança oficial com o PMDB porque o partido está rachado entre governistas e oposicionistas.
Sem verticalização, mesmo que o PMDB resolva lançar candidato próprio, como o ex-governador do Rio Anthony Garotinho, o PT conseguiria fazer alianças com o PMDB em alguns Estados e levaria esses peemedebistas a apoiar Lula. Ou seja, pega pelo menos boa parcela do partido.
Se Lula não terá o tempo de TV nacional do PMDB, poderá contar com o tempo da sigla em alguns Estados.
Em 2006, além da sucessão presidencial, haverá eleições para os governos dos 26 Estados e do Distrito Federal, um terço das 81 vagas do Senado e deputado federais e estaduais.
Desobstrução
Genoino disse ainda que o PT concorda em desobstruir a pauta da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados na semana que vem e colocar em votação o fim da verticalização.
Na próxima terça-feira, a CCJ deverá aprovar a admissibilidade, com o voto do PT, da proposta de emenda constitucional que derruba a verticalização.
Genoino afirmou, porém, que o PT "lutará para que sejam votados pontos da reforma política". Quer aprovar, já para a eleição do ano que vem, a fidelidade partidária e regras para que o aumento de bancadas no meio do mandato parlamentar não tenha impacto sobre a composição de comissões no Congresso.
Para 2008, ficariam o voto em listas partidárias e o financiamento público de campanha.
Palanques estaduais
Na reunião com Lula, o presidente ouviu dos peemedebistas que a verticalização impediria o início das discussões sobre alianças estaduais. Em alguns Estados, como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Roraima e no Distrito Federal, PT e PMDB são inimigos e não há chance de acordo.
Da parte dos petistas, Genoino disse: "O PT não discutirá alianças que enfraqueçam o partido ou o governo Lula".
Além de Lula e Genoino, participaram da reunião no Planalto os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Aldo Rebelo (Coordenação Política), além do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Do lado peemedebista, estiveram os ministros Eunício Oliveira (Comunicações) e Romero Jucá (Previdência), o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o líder do partido no Senado, Ney Suassuna (PB).
"A derrubada da verticalização não garante o casamento, mas o namoro", afirmou Suassuna.
"Vamos insistir em um acordo para que, após essa votação, o próximo item seja a aprovação da reforma política na CCJ", disse o líder do PT na Câmara, Paulo Rocha (PA).
Rocha defendeu ainda a reorganização da base de apoio do governo no Congresso após a derrota do candidato de Lula para o Conselho Nacional de Justiça, anteontem.
"Se o presidente não identificar quais são as demandas dos partidos, vai ficar difícil aprovar outras matérias", disse.
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