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Leandro Carvalho divulga obra de Levino Conceição
No Dia das Comunicações e de seu patrono Marechal Rondon, o violonista Leandro Carvalho refaz o trabalho do desbravador mimoseano, não mais levando as linhas telegráficas aos quatro cantos do estado, mas a música de um importante nome da cultura mato-grossense: o violonista Levino Albano Conceição. Acompanhado de outros músicos e de um cineasta, Carvalho vai apresentar o trabalho de Levino em oito municípios, numa turnê que começa hoje, em Sorriso, e termina somente em agosto, em Cuiabá. A excursão deverá se transformar num DVD.
O violonista Leandro Carvalho se considera uma pessoa privilegiada por poder levar a música do que chama de "gênio da cultura brasileira" para o povo mato-grossense. "É importante lembrar que o Levino nasceu em 1895 e que hoje, praticamente 110 anos depois de seu nascimento, nós estamos conseguindo fazer com que sua obra seja conhecida, seja perpetuada, seja difundida", diz. O grupo começa a excursão hoje, em Sorriso. Em seguida passa por Sinop (07/05), Alta Floresta (10/05), Tangará da Serra (11/06), Cáceres (18/06), Rondonópolis (23/06), Barra do Garças (25/06) e Cuiabá (12 e 13/06).
O projeto, intitulado Concertos Populares, conta com o apoio da Lei Estadual de Incentivo a Cultura, Unimed Cuiabá, Brasil Telecom e Rede Cemat. A produção cultural é da MO Arte & Mídia.
Dizendo não lembrar-se de algo parecido em Mato Grosso, ele aponta este como um trabalho único num estado de dimensões continentais. O grande desafio, diz, não se restringe a vencer as distâncias, sempre muito grandes. "Nem todos os municípios têm as condições técnicas ideais para executar um espetáculo desse tipo, mas a gente está disposto a superar tudo isso justamente para poder levar a música de Levino pra esses municípios", frisa.
Conhecedor das dificuldades e ciente de que outra oportunidade como esta pode não aparecer tão cedo, Carvalho quer aproveitar para mostrar também um pouco dos seus trabalhos anteriores. O violonista incluirá canções de vários discos, como por exemplo do que fez em homenagem a João Pacífico, com a presença de Reinaldo Rodrigues declamando as poesias do poeta caboclo. "Vou tocar algumas músicas de Villa-Lobos, vamos tocar uma ou outra coisa de Tom Jobim, que é do meu trabalho mais recente (London Poem), e não poderiam faltar algumas peças de João Pernambuco, dos meus dois primeiros discos, e de Dilermano Reis, que foi o aluno célebre do Levino", enumera.
As apresentações, no entanto, serão pautadas pelo penúltimo disco de Carvalho, chamado Cromo. Diferente de Leandro Carvalho e o Brasil de João Pacífico, onde ele magistralmente "casa" os versos de Pacífico com a música de Levino, Cromo é totalmente baseado no trabalho do compositor cuiabano que, mesmo cego, figura como um dos mais criativos da história da música popular brasileira. Somando-se as canções dos dois discos a serem executadas na turnê, pode-se afirmar, sem dúvida, que dois terços do espetáculo são inteiramente dedicados a Levino.
Além de Reinaldo Rodrigues, participam ainda os músicos Deivison Branco, Ney Arruda e Claudinho (do trio Henrique, Claudinho e Pescuma), e a cantora Margarete Rodrigues. Dessa forma, analisa Carvalho, será uma apresentação bastante diversificada, com violão solo, peças com violinos, viola caipira, canto e poesia. Além disso, pretende-se montar pequenas exposições sempre na entrada dos locais dos shows para que as pessoas entrem em contato com o universo de Levino Conceição e conheçam um pouco mais sobre ele. "Isso enquanto a gente não tem uma edição definitiva da obra dele", acrescenta.
É mais uma etapa do trabalho de divulgação do legado de Levino desenvolvido por Carvalho já há alguns anos. "Até há pouco tempo ele era ignorado, mas ele ainda continua desconhecido. Apesar dos esforços dos últimos anos, a gente não chegou onde queria. Precisamos realmente disseminar, fazer com que as pessoas interiorizem a obra do Levino. Eu acho que a melhor maneira disso acontecer é fazer com que as novas gerações toquem e ouçam Levino", opina. Para isso, acha que é necessário assegurar a publicação de suas obras. "Eu gravei algumas músicas, mas agora o próximo passo deve ser a publicação e distribuição das partituras para as escolas, para as novas gerações de músicos que com certeza vão se interessar pela obra dele".
O compositor Levino Albano Conceição (1895-1955) nasceu em Cuiabá e foi um exímio violonista mato-grossense que, cego desde os sete anos de idade, aprendeu a tocar violão aos nove. Aos 12 anos já mostrava total domínio do violão, sendo capaz de improvisar e dominar todos os tons. Mudou-se para o Rio de Janeiro e foi estudar música no Instituto Benjamim Constant. A partir de 1917 iniciou trabalho de ensino de música para cegos, tendo incentivado a criação de escolas para cegos no Amazonas, no Ceará, em Minas Gerais e na Paraíba. Teve canções gravadas por Augusto Calheiros e por seu aluno Dilermano Reis, realizou concertos em cinemas e clubes de várias cidades e criou escolas de música. Ao longo da vida compôs mais de 60 canções, ficando conhecido como "O Rei do Violão", por ser um virtuose e pela beleza de suas composições. Apesar disso, não chegou a ter um disco-solo. Morreu na cidade de Niterói, Rio de Janeiro.
Documentário - A viagem do grupo pelo Estado será filmada e se transformará num documentário pelas mãos do cineasta cuiabano João Carlos Ferreira Bertoli. A idéia é registrar não só as apresentações musicais, mas paisagens, pessoas, enfim, tudo que puder mostrar as várias "caras" de Mato Grosso. "É um projeto que a gente quer fazer muito bem feito, como merece, como é a música do Leandro", diz Bertoli. O cineasta explica que o DVD não está totalmente formatado, ainda não se sabe como será exatamente. "A única coisa que está norteando a gente é a idéia de se fazer uma coisa poética. O que vai mandar é a música realmente, mas a gente quer colocar imagens à altura dessa música, tanto da execução quanto da própria composição de Levino".
Para realizá-lo, Bertoli espera contar com o todo apoio possível, tanto de lei estadual quanto federal de incentivo à cultura. Afinal, não será um trabalho barato, principalmente se for feito em película, seu grande sonho. Ele atualmente está às voltas com a finalização de um documentário sobre o Pantanal que fez em digital. O cineasta convidou Carvalho para fazer a trilha. O nome, a princípio, seria "Céu e Água", uma referência à afirmação de um pantaneiro sobre como é a região na época da cheia.
Serviço - O projeto Concertos Populares inicia turnê hoje, em Sorriso. O local da apresentação é o Oasis Clube, às 20 horas.
O violonista Leandro Carvalho se considera uma pessoa privilegiada por poder levar a música do que chama de "gênio da cultura brasileira" para o povo mato-grossense. "É importante lembrar que o Levino nasceu em 1895 e que hoje, praticamente 110 anos depois de seu nascimento, nós estamos conseguindo fazer com que sua obra seja conhecida, seja perpetuada, seja difundida", diz. O grupo começa a excursão hoje, em Sorriso. Em seguida passa por Sinop (07/05), Alta Floresta (10/05), Tangará da Serra (11/06), Cáceres (18/06), Rondonópolis (23/06), Barra do Garças (25/06) e Cuiabá (12 e 13/06).
O projeto, intitulado Concertos Populares, conta com o apoio da Lei Estadual de Incentivo a Cultura, Unimed Cuiabá, Brasil Telecom e Rede Cemat. A produção cultural é da MO Arte & Mídia.
Dizendo não lembrar-se de algo parecido em Mato Grosso, ele aponta este como um trabalho único num estado de dimensões continentais. O grande desafio, diz, não se restringe a vencer as distâncias, sempre muito grandes. "Nem todos os municípios têm as condições técnicas ideais para executar um espetáculo desse tipo, mas a gente está disposto a superar tudo isso justamente para poder levar a música de Levino pra esses municípios", frisa.
Conhecedor das dificuldades e ciente de que outra oportunidade como esta pode não aparecer tão cedo, Carvalho quer aproveitar para mostrar também um pouco dos seus trabalhos anteriores. O violonista incluirá canções de vários discos, como por exemplo do que fez em homenagem a João Pacífico, com a presença de Reinaldo Rodrigues declamando as poesias do poeta caboclo. "Vou tocar algumas músicas de Villa-Lobos, vamos tocar uma ou outra coisa de Tom Jobim, que é do meu trabalho mais recente (London Poem), e não poderiam faltar algumas peças de João Pernambuco, dos meus dois primeiros discos, e de Dilermano Reis, que foi o aluno célebre do Levino", enumera.
As apresentações, no entanto, serão pautadas pelo penúltimo disco de Carvalho, chamado Cromo. Diferente de Leandro Carvalho e o Brasil de João Pacífico, onde ele magistralmente "casa" os versos de Pacífico com a música de Levino, Cromo é totalmente baseado no trabalho do compositor cuiabano que, mesmo cego, figura como um dos mais criativos da história da música popular brasileira. Somando-se as canções dos dois discos a serem executadas na turnê, pode-se afirmar, sem dúvida, que dois terços do espetáculo são inteiramente dedicados a Levino.
Além de Reinaldo Rodrigues, participam ainda os músicos Deivison Branco, Ney Arruda e Claudinho (do trio Henrique, Claudinho e Pescuma), e a cantora Margarete Rodrigues. Dessa forma, analisa Carvalho, será uma apresentação bastante diversificada, com violão solo, peças com violinos, viola caipira, canto e poesia. Além disso, pretende-se montar pequenas exposições sempre na entrada dos locais dos shows para que as pessoas entrem em contato com o universo de Levino Conceição e conheçam um pouco mais sobre ele. "Isso enquanto a gente não tem uma edição definitiva da obra dele", acrescenta.
É mais uma etapa do trabalho de divulgação do legado de Levino desenvolvido por Carvalho já há alguns anos. "Até há pouco tempo ele era ignorado, mas ele ainda continua desconhecido. Apesar dos esforços dos últimos anos, a gente não chegou onde queria. Precisamos realmente disseminar, fazer com que as pessoas interiorizem a obra do Levino. Eu acho que a melhor maneira disso acontecer é fazer com que as novas gerações toquem e ouçam Levino", opina. Para isso, acha que é necessário assegurar a publicação de suas obras. "Eu gravei algumas músicas, mas agora o próximo passo deve ser a publicação e distribuição das partituras para as escolas, para as novas gerações de músicos que com certeza vão se interessar pela obra dele".
O compositor Levino Albano Conceição (1895-1955) nasceu em Cuiabá e foi um exímio violonista mato-grossense que, cego desde os sete anos de idade, aprendeu a tocar violão aos nove. Aos 12 anos já mostrava total domínio do violão, sendo capaz de improvisar e dominar todos os tons. Mudou-se para o Rio de Janeiro e foi estudar música no Instituto Benjamim Constant. A partir de 1917 iniciou trabalho de ensino de música para cegos, tendo incentivado a criação de escolas para cegos no Amazonas, no Ceará, em Minas Gerais e na Paraíba. Teve canções gravadas por Augusto Calheiros e por seu aluno Dilermano Reis, realizou concertos em cinemas e clubes de várias cidades e criou escolas de música. Ao longo da vida compôs mais de 60 canções, ficando conhecido como "O Rei do Violão", por ser um virtuose e pela beleza de suas composições. Apesar disso, não chegou a ter um disco-solo. Morreu na cidade de Niterói, Rio de Janeiro.
Documentário - A viagem do grupo pelo Estado será filmada e se transformará num documentário pelas mãos do cineasta cuiabano João Carlos Ferreira Bertoli. A idéia é registrar não só as apresentações musicais, mas paisagens, pessoas, enfim, tudo que puder mostrar as várias "caras" de Mato Grosso. "É um projeto que a gente quer fazer muito bem feito, como merece, como é a música do Leandro", diz Bertoli. O cineasta explica que o DVD não está totalmente formatado, ainda não se sabe como será exatamente. "A única coisa que está norteando a gente é a idéia de se fazer uma coisa poética. O que vai mandar é a música realmente, mas a gente quer colocar imagens à altura dessa música, tanto da execução quanto da própria composição de Levino".
Para realizá-lo, Bertoli espera contar com o todo apoio possível, tanto de lei estadual quanto federal de incentivo à cultura. Afinal, não será um trabalho barato, principalmente se for feito em película, seu grande sonho. Ele atualmente está às voltas com a finalização de um documentário sobre o Pantanal que fez em digital. O cineasta convidou Carvalho para fazer a trilha. O nome, a princípio, seria "Céu e Água", uma referência à afirmação de um pantaneiro sobre como é a região na época da cheia.
Serviço - O projeto Concertos Populares inicia turnê hoje, em Sorriso. O local da apresentação é o Oasis Clube, às 20 horas.
Fonte:
A Gazeta
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/341454/visualizar/
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