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Cultura
Quarta - 04 de Maio de 2005 às 06:31
Por: Luiz Fernando Vieira

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A abertura, hoje à noite, da temporada 2005 da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Mato Grosso (OSUFMT) pode ser considerada, desde já, um marco em sua história. Seguindo uma tendência verificada nas grandes orquestras brasileiras, a OSUFMT dividirá os concertos este ano em duas séries distintas, a Villa Real e a Vila Bela. O concerto de logo mais, às 20 horas, no Teatro Universitário - e que será reapresentado amanhã, na igreja Nossa Senhora do Bom Despacho -, faz parte da série Villa Real e traz um repertório do período barroco, com a participação especial de duas solistas. A entrada é franca.

A Villa Real, explica o diretor artístico da orquestra maestro Fabrício Carvalho, é uma série que visitará composições próprias para formações mais numerosas, como orquestras e corais - a Vila Bela tratará dos concertos de música de câmara. E já em sua primeira apresentação traz um material pouco conhecido, mas de grande beleza que representa um capítulo importante na história da música barroca tanto brasileira quanto internacional. O barroco, compreendido entre os anos 1600 e 1750, é um período muito rico da história da música erudita porque estabelece um padrão harmônico que vai ser seguido até os dias atuais, frisa o maestro.

Para mostrar bem esse período, foram escolhidas composições como "Abertura em Ré", de José Maurício Nunes Garcia (1767-1830). Apesar de ter uma característica clássica, ele é considerado um barroco brasileiro, observa Carvalho. Em seguida, vem "Adágio em Sol Menor", de Tomaso Albinoni (1671-1750), um trabalho bem conhecido por ter feito parte de trilhas famosas. A primeira parte será fechada com "The Music for the Royal Fireworks", de George Frederic Handel (1685-1759), uma suite com excertos da música medieval inglesa, informa.

Após um breve intervalo, a orquestra interpreta "Stabat Mater", que é uma obra-prima do compositor italiano Giovanni Batista Pergolesi (1710-1736). Trata-se do retrato de uma cena comovente na história da Paixão de Cristo, a imagem de Maria vendo Jesus pender na cruz. "Não é Maria chorando a morte do filho, mas é a imagem de um poeta, Jacopone da Todi, retratando aquela imagem", observa Carvalho. Segundo ele, é um texto muito bonito, em latim, que a direção da orquestra apresenta em português no folheto, para que as pessoas possam entender o que está sendo feito pelos músicos.

O maestro destaca ainda a participação, nessa segunda parte, das solistas Roberta Luz, vinda de Curitiba (PR), e de Jane Acosta, esta bem conhecida por outras participações em concertos da mesma OSUFMT. A primeira, diz Carvalho, é uma soprano que promete se tornar um grande destaque na cena lírica brasileira, e a segunda tem uma carreira bastante versátil, com trabalhos tanto eruditos quanto populares.

Roberta, de 24 anos, concluiu sua formação musical pela Faculdade de Artes do Paraná e Estudou canto na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP), com a renomada professora Neyde Thomas. Atuou como solista em concertos líricos com consagrados pianistas, na Orquestra de Câmera da PUC/PR. Foi vencedora do Prêmio Jovem da Música Erudita pelo estado do Mato Grosso no Concurso Furnas Geração Musical 2004.

Jane é carioca e começou a formação musical aos 7 anos, na Associação de Canto Coral, no Rio de Janeiro. Logo após, ingressou na escola de música Villa-Lobos (RJ) nos cursos de ritmo e som (teoria musical), piano e flauta doce. Na década de 80 foi integrante do grupo vocal e instrumental de música antiga Tandaradei. Em Brasília, participou do Coral da Universidade de Brasília (UnB). Em Cuiabá desde 1992, atuou como coralista e solista na Sociedade Musical Bachiana Brasileira, Coral da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) e Orquestra Sinfônica da UFMT. Em 2003 uniu-se a duas amigas cantoras: Deize Águena e Rita Cássia na formação de um trio de música popular que já está em sua terceira temporada de shows.

Segundo Carvalho, o concerto Villa Real é o resultado de uma série de cuidados que a direção da orquestra está tomando para tornar seu trabalho cada vez mais profissional, com muita qualidade. A idéia é dar uma mostra de onde a OSUFMT pretende chegar, apesar dos parcos recursos, mas com apoios importantes como o da Funarte e da Secretaria de Estado de Cultura.

Serviço - A abertura da temporada 2005 da Orquestra Sinfônica Universitária, com o concerto Villa Real, será hoje (dia 4), no Teatro da UFMT, com reapresentação amanhã, na Igreja N. S. do Bom Despacho. As duas apresentações serão realizadas às 20 horas, sempre com entrada franca. Para hoje à noite os ingressos devem ser retirados antecipadamente na bilheteria do teatro. Informações: 615-8372.




Fonte: A Gazeta

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