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Cultura
Segunda - 02 de Maio de 2005 às 10:48
Por: Ana Moreira

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Poxoréo, município localizado a 290 quilômetros a sul da Capital, poderá se tornar um programa modelo de revitalização econômica, cultural e turística no interior do Estado através da recuperação de seu Patrimônio Histórico. A proposta foi apresentada neste fim de semana pelo secretário de Estado de Cultura, João Carlos Vicente Ferreira, ao prefeito Antônio Rodrigues de Souza e a secretária de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, Leda Figueiredo Rocha Lago, e um protocolo de intenções deve ser assinado nos próximos dias formalizando as ações.

A cidade de aproximadamente 20 mil habitantes possui um dos mais belos centros históricos de Mato Grosso. O programa modelo a ser executado, inicialmente envolverá a recuperação de duas das mais antigas ruas da cidade, Bahia e Maranhão, da primeira máquina de arroz de Poxoréo, e a criação da Casa de Memória Amarilio Bento de Britto e o Museu da Pedra – em homenagem aos garimpeiros, que durante décadas movimentaram a região com a extração de diamantes.

A arquiteta Andréa Lier e o técnico em edificações Flávio de Arruda Assumpção vistoriaram os aproximadamente 30 imóveis do complexo acompanhados da presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Poxoréo, Ruzulina Cavalcante Carvalho, e da crítica de arte Aline Figueiredo, que viajou a convite do secretário de Estado de Cultura.

Além da recuperação do casario, toda a margem do rio que envolve a cidade deverá ser revitalizada com calcadas e espaços para atividades de lazer. “Quando o projeto estiver desenhado pretendemos convidar as secretárias de Emprego, Trabalho e Cidadania, Indústria e Comércio, Infra-estrutrura e Turismo, além da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Fema) para discuti-lo e abraça-lo”, contou o secretário João Carlos.

Boa parte dos imóveis das ruas Bahia e Maranhão são ocupados por pessoas de baixa-renda. A proposta é, além de recuperar as casas, estimular seus moradores a atividades que gerem renda, como o artesanato e a fabricação de doces caseiros.

CASA DE MÉMORIA

Centenas de vidros com essências farmacológicas, peças de manipulação de remédios e até livros com registros minuciosos do que foi orientado a muitos pacientes, no início do século 20, integram o acervo quase intacto que pertenceu ao farmacêutico Amarilio Bento de Britto, na cidade de Poxoréo.

Um acordo entre a família, a Prefeitura e o Governo devem transformar a antiga Farmácia São Pedro em uma das mais ricas Casas de Memória. As netas de Amarilio, Anna Rita e Edsonina Benedita já concordaram com a proposta, com as vistas da mãe, Dona Eunilce Rita de Britto Sol, 80 anos, filha única de Amarilio.

O farmacêutico, filho de descendentes negros e indígenas, nasceu em 1899 na redondeza de Cuiabá e aos 9 anos começou a trabalhar limpando vidros de remédios numa farmácia na Capital. Em 1926 abriu sua farmácia em Poxoréo, onde atendeu a toda a população da região. Minucioso, anotava todas as fórmulas ministradas. As essências vinham do mundo inteiro, do continente europeu ao africano.

Amarilio morreu de derrame em 1986, aos 87 anos. A família preservou sua farmácia com todo o acervo de medicamentos e registros que hoje são documentos. O Governo do Estado, através da Secretaria de Estado de Cultura, propõe a recuperação do prédio e a capacitação de pessoal para a abertura da Casa de Memória em homenagem ao farmacêutico Amarilio. ARTES



Sabendo da visita a região, a crítica de arte Aline Figueiredo, pediu que o escultor Paulo Pires de Oliveira, residente em Rondonópolis, encontrasse com a equipe em Poxoréo.

O artista premiado pelas maravilhosas criações em pedra, tem 32 anos, nasceu na Poxoréo e a sua terra natal não voltava há 28 anos. As ruas estreitas e grandes casarios, o aconchego dos anfitriões e as belezas naturais entre rios e vales emocionaram o escultor, que foi convidado para fazer uma obra em homenagem a história dos que ajudaram a cidade se desenvolver. A peça ficará instalada próxima ao Museu da Pedra, local em que o turista poderá conhecer sobre o acervo geológico e a história da cidade.

Como Paulo Pires, em Poxoréo nasceram primorosos artistas em cênicas, literatura e artesanato. Dona Ruzulina é um exemplo, com minúsculas sementes ela cria pássaros. Com pedras, ervas faz muito mais. A cidade possui ainda vários poetas que recentemente lançaram uma coletânea pela União Poxorense de Escritores, uma escola de marchetaria e um ateliê.

A cidade também vive de música, realizado todos os anos, encontros de violeiros. O governador Blairo Maggi já prestigiou duas edições do evento, que no próximo ano, deverá acontecer sob uma concha acústica. A proposta está sendo desenhada pelo município e contará com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura, conforme acordo firmado neste fim de semana.





Fonte: SEC-MT

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