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Sábado - 30 de Abril de 2005 às 17:15
Por: Jonas da Silva

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Cáceres, MT - A Administração da Hidrovia Paraguai-Paraná (Ahipar) e uma das empresas que operam no modal anunciaram investimentos em infra-estrutura no setor portuário de Cáceres (225 km a Oeste de Cuiabá), na certeza de que o Comércio Exterior e o desenvolvimento de Cáceres serão incrementados nos próximos anos.

A decisão, analisam secretários do Governo, é um sinal de confiança da integração mais intensa que deve marcar a relação de Mato Grosso com a Bolívia e outros países do Mercosul (Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile).

O superintendente da Ahipar, Fermiano Yarzon, informou que a instituição terá, em breve, escritórios em Cáceres e em Porto Murtinho (MS). As bases vão servir para facilitar o controle das condições de infra-estrutura para navegação da hidrovia e dar suporte para acompanhamento da fiscalização do seu uso, tarefas realizadas a partir da sede, em Corumbá (MS).

A empresa Cinco, usuária da via, também anunciou investimentos de R$ 800 mil a R$ 1 milhão para construir um estaleiro e dobrar sua capacidade de armazenagem, no terminal que tem na cidade. Todas as novidades foram manifestadas durante a realização no Município, na sexta-feira (29.04), do seminário "Carta de Cuiabá: Workshop de Cáceres".

O presidente da Companhia Interamericana de Navegação e Comércio (Cinco), Michel Chaim, disse que o Porto de Cáceres não só é viável, como seu investimento é necessário para atender à demanda de estoque de produtos no entorno da hidrovia. O estaleiro a ser construído vai fabricar barcaças, atualmente em falta. A meta, avisa, é ter um desses equipamentos por mês pronto para uso. Em um ano, a empresa vai aplicar R$ 7,2 milhões no projeto.

Já no novo armazém, a Cinco pretende ter capacidade para 15 mil toneladas para cargas de soja e pellets. Atualmente, a companhia dispõe de capacidade instalada para esse fim de 17 mil toneladas. Com as modificações, poderão ser movimentadas 600 mil toneladas de carga ao ano.

De acordo com Yarzon, a definição da instituição é pelo avanço em estudos e oferecimento de apoio logístico que reforcem legalmente a via navegável do rio Paraguai, competência do organismo do qual é responsável. "Nós não estamos na Ahipar para fazer obras. Temos a responsabilidade de dar condições para os usuários navegarem na hidrovia. No ano passado, visitamos todos os afluentes e tributários do rio e já reunimos com o Ibama, a Fema de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul para essa questão do controle ambiental", disse.

A Ahipar calcula que em três anos o volume de carga da hidrovia chegue a 10 milhões de toneladas, anualmente. Este ano, a estimativa é que pelo canal da via sejam transportados 3,5 milhões de toneladas, cifra um terço maior do que os 2,7 milhões do ano passado.

Segundo o secretário de Infra-Estrutura do Estado, Luiz Antonio Pagot, o apoio dos empresários é uma demonstração clara de que é possível aproveitar a potencialidade da hidrovia. "O Governo, os empresários, os órgãos públicos que têm compromisso com o progresso, o desenvolvimento social e com a melhoria da qualidade de vida de Cáceres retomaram aqui o desenvolvimento e a integração. Encaminhamos projetos de interesse do governo", afirmou, ao final do seminário.

O secretário de Projetos Estratégicos, Cloves Vettorato, voltou a chamar a atenção para o fato de que a política de integração inter-regional do Governo é fato, e não mais uma decisão burocrática de papéis e cerimônias. "Não saímos do seminário de Cuiabá, em março, com mais uma pasta para colocar nas pastas de seminário do Governo. Temos uma agenda de trabalho e aqui já ouvimos interesse dos empresários em investir, em solucionar os entraves", afiançou.

Ao final do seminário de sexta-feira, o prefeito de Cáceres, Ricardo Henry (PP), disse que a comunidade será convocada para debater e procurar soluções para efetivar a integração com a Bolívia. Ele classificou o seminário e o momento de ativação da economia como um passo à frente na histórica reivindicação de ligação plena do Município com a Bolívia.

AGENDA DE TRABALHO - O seminário de Cáceres foi mais uma etapa de compromissos do Governo de Mato Grosso com as questões de incentivo à aproximação do comércio, turismo e cultura de países sul-americanos. Desde a Expedição Internacional Estradeiro 4, com visitas à Bolívia, Peru e Chile, o Governo Maggi avançou em ações concretas para viabilizar a integração dos países.

Em março, por exemplo, o Governo do Estado realizou, em Cuiabá, o Seminário Internacional de Infra-estrutura Multimodal. Lá, foram retirados 11 pontos de tarefas (a "Carta de Cuiabá") para superar a burocracia, os impedimentos legais e entraves que são obstáculos para sintonizar a integração física de Mato Grosso com os portos do Pacífico e entre os países do Mercosul e da Comunidade Andina de Nações.

Entre os pontos firmados na "Carta de Cuiabá" estão, especificamente relacionado à fronteira Mato Grosso-Bolívia: a construção, pelo Governo Estadual, de uma aduana ou centro unificado na fronteira, a implantação de linha de transporte de passageiros entre Cáceres e San Matias e entre Cuiabá e Santa Cruz de la Sierra e de uma linha aérea entre as duas capitais regionais de Mato Grosso e do Departamento de Santa Cruz de la Sierra.

Compõem ainda as ações do documento relativo à aproximação Mato Grosso-Bolívia, o asfaltamento de 8 km entre o Destacamento de Corixa, na divisa dos países, até o centro da cidade de San Mathias e a busca de financiamento para completar a pavimentação de 430 km, entre essa cidade boliviana e Concepción, trecho que compreende a ligação rodoviária entre Cuiabá e Santa Cruz de la Sierra.




Fonte: Secom - MT

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