Publicidade
Repórter News - reporternews.com.br
Politica Brasil
Sábado - 30 de Abril de 2005 às 11:37
Por: João Carlos Caldeira

    Imprimir


No último dia de 19, fui visitar a famosa Agrishow Cerrado 2005, em Rondonópolis e confesso que fiquei decepcionado com o que vi.

Desde sua organização no início do ano, já se falava que a ¨crise¨ do Agronegócio deste ano, tiraria o brilho e diminuiria drasticamente o volume dos negócios, tradicionalmente, realizados durante o evento.

Neste ano, pela primeira vez, quatro instituições financeiras (Banco da Amazônia, Bando do Brasil, Bradesco e Unibanco) estavam presentes na feira.

Mas minha decepção não foi por conta dos minguados negócios realizados durante o evento e nem pela suposta crise no principal setor econômico de Mato Grosso.

Como não sou produtor rural, nem pecuarista, nem se quer tenho uma chácara, fui como um visitante curioso com o que acontece em meu estado e talvez, tenha criado uma expectativa muito alta sobre a Agrishow, comparando-a com outras feiras agropecuárias.

Os números impressionam: 55 hectares para os estandes e 115 hectares para o campo de demonstração de máquinas; 270 expositores e negócios da ordem de duzentos e cinqüenta milhões de reais.

Acontece que, apesar do parque de exposições possuir uma excelente iluminação é aberto ao público somente das oito às dezoito horas (horário comercial). As ruas são asfaltadas e tem até táxi para levar o visitante em qualquer ponto do evento. São carrinhos que cabem até seis pessoas, como aqueles usados nos campos de golfe.Mas não tem cavalos e bois circulando pelas ruas, não tem cheiro de urina das baias, não tem pônei ¨vestido¨de zebra para tirar fotos. Tem restaurante famoso e sofisticado como o Buffet Leilla Maluf, mas não tem

espetinho, carrinho de pipoca, maçã-do-amor, algodão doce, churrasquinho grego, cocada, pastel frito na hora e cachorro quente.

Tem também imensos balões de publicidades espalhados pelos estandes, mas não tem balões (papo-de-peru) nas mãos das crianças, aliás não tem nem crianças! Tem uma arena de eventos da Fundação Mato Grosso muito bem construída, que parece um moderno estádio de futebol, mas não tem rodeio, prova de laço, nem show de Zezé di Camargo & Luciano, Gangue do Samba, Amado Batista e Ouro Preto e Boiadeiro.

Também têm estandes por toda parte, com máquinas operadas por GPS, via satélite, aviões agrícolas a álcool, tratores, pulverizadores e plantadeiras que mais parecem naves espaciais. Mas falta um parque de diversão com Roda Gigante, com Trem Fantasma, com bingo, Mulher Gorila, Montanha Russa e Tiro ao alvo.

Quanto aos expositores, parece até que estava num outro país: Dow, Basf, Icase, John Deere, Syngenta, Dupont, Trellerborg, Bunge, New Holland, Histen, Gehaka, entre outros. Mas senti falta da Açofer, Dismafe, Sadia, Trescinco, Cerâmica Dom Bosco, Barraca do Zé, da Maria, do Negão, do pisquila, etc...

Senti falta de gente, de pobre, de cultura popular, de civilização.

Cheguei a conclusão que apesar de toda tecnologia, apesar de tantas empresas de renome e prestígio, apesar de toda a infra-estrutura e de todo o dinheiro que envolve a Agrishow Cerrado, festa de rico é muito chata!

João Carlos Caldeira Empresário, jornalista e professor. E-mail: joaocmc@terra.com.br




Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/342361/visualizar/