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Cultura
Sábado - 30 de Abril de 2005 às 06:54
Por: Maria Angélica de Moraes

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O Sesc Arsenal exibe a partir deste domingo, na galeria de artes, a exposição de fotografias Floresta da Tijuca de Pedro Karp Vasquez. A mostra, que acontece até o final do mês, revela a obra de um profissional brasileiro que, além de fotógrafo, se dedica à pesquisa. São vários os livros onde ele resgata e revela grandes personagens que trouxeram a luz da história brasileira. Nestes registros a informação caminha junto com fotografias já clássicas e outras editadas com apuro e sensibilidade.

Nascido no Rio de Janeiro, em 1954, formado em cinema pela Université Sorbonne de Paris, Pedro Vasquez é, além de fotógrafo, poeta, crítico e historiador de fotografia. Foi responsável pela criação do Instituto Nacional da Fotografia (Infoto), da Fundação Nacional da Artes (Funarte), que dirigiu de 1984 a 1986. Curador do Departamento de Fotografia, Vídeo e Novas Tecnologias do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de 1986 a 1988, atualmente ele é consultor de história da fotografia de várias instituições culturais brasileiras.

Ele também é autor da biografia Humphrey Bogart: o anjo de cara suja e de diversos livros sobre história da fotografia. Entre eles está O Brasil na Fotografia Oitocentista, em que Vasquez analisa a arte e a técnica no século 19 através dos fotógrafos da Casa Imperial, dos processos pioneiros, da fotopintura, da Guerra do Paraguai, a República brasileira e o episódio de Canudos, entre eventos importantes e outros mais corriqueiros.

Dividindo a obra em vários "cadernos", o autor também envereda por capítulos dinâmicos deixando o estilo pesquisador de lado para se tornar um cronista. No caderno intitulado Labirintos de Papel, por exemplo, sua análise recai sobre as cidades de maneira curiosa: "Por que elas são sempre fantasmas? Quanto maior a cidade, menos gente há nas fotos, ao contrário das cidades pequenas", questiona.

Entre os outros livros publicados estão Fotógrafos Alemães no Brasil do século 19, Postaes do Brazil 1893-1930 e Mestres da fotografia no Brasil, Coleção Gilberto Ferrez - Centro Cultural Banco do Brasil.

"As fotografias de Vasquez, intencionalmente atemporais e universais, são caracterizadas pela precisão e pelo rigor geométrico do enquadramento, pelo preto e branco, pela imagem limpa e pelas arrojadas composições, em que são destruídos os conceitos de representação e significação absolutos. Tal qual um minucioso artesão, Vasquez cria suas imagens a fim de provocar reações contra a idéia da existência de uma fotografia "colada" na realidade literal", continua Rubens Fernandes. "Não que seja contrário a outras posturas fotográficas - ele simplesmente elabora um jogo sígnico com os elementos constitutivos do cotidiano", completa.

Nas fotografias de Vasquez o ser humano está quase sempre fisicamente ausente, mas sutilmente presente nesse registro atento, de referências objetivas e concretas, que deixam transparecer as intervenções criadoras do homem. As fotografias de Pedro Vasquez buscam também uma investigação formal imaginária no espaço. Ele registra tanto a organização rotineira, casual e natural, como as montagens e as estruturas permanentes fixadas no espaço urbano.

Prêmios - Com um trabalho primoroso na fotografia e no resgate histórico Vasquez já recebei várias homenagens e prêmios, entre eles o Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, oferecido pela Funarte para desenvolvimento do Dicionário da Síntaxe Fotográfica em 1991 e o Prêmio Nacional de Fotografia/Funarte -categoria texto em 1996.

"As fotografias de Pedro Vasquez são quase miragens de uma situação visual de estranhamento e imprevisto. Esse estranhamento exige uma leitura mais atenta e participativa. Exige reflexão. Suas fotografias não evidenciam com clareza os significados; elas têm uma proposta mais conceitual: comunicar uma visão particular de um mundo esteticamente organizado e disponível", diz o crítico Rubens Fernandes Junior em depoimento publicado na revista IrisFoto, em novembro de 1987.

Acervo - As obras de Pedro Vasquez começaram a ser expostas em 1973 com uma mostra na Aliança Francesa de Niterói (RJ). Além de cidades do Brasil, sua fotografia já foi mostrada em países como a França, Alemanha, México, Cuba, Itália, Estados Unidos, Uruguai, Suíça, Venezuela, Espanha e Portugal. Esta não é a primeira vez que o trabalho de Vasquez é mostrado em Mato Grosso. Em Cuiabá ele já esteve em duas exposições, uma em 1985, na Fundação Cultural de Mato Grosso e outra em 1991 na biblioteca da Universidade Federal de Mato Grosso.

Serviço - A exposição de fotografias Floresta da Tijuca, de Pedro Karp Vasquez, estará aberta ao público de 01 a 31 de maio na galeria de artes. O horário de visitação é das 9h às 21h. Outras informações pelo telefone 616-6900.




Fonte: A Gazeta

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