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Economia
Sexta - 29 de Abril de 2005 às 23:33
Por: Marli Moreira

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São Paulo – Cerca de 25% do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deverá ser alimentado pela entrada em circulação na economia do valor adicional em torno da correção do valor do salário mínimo, que subirá de R$ 260,00 para R$ 300,00 a partir do próximo dia 1º de maio. Essa é a avaliação do professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Cláudio Dedecca. Segundo ele, caso ocorra um crescimento da economia de 3,5% a 4%, "um quarto disso deverá ser explicado pelo aumento do salário mínimo".

O professor diz que haverá uma reposição em torno de 8,8% de aumento real sobre os ganhos. Ele afirma que "frente à continuidade de uma política econômica de juros altos, essa decisão do governo tem, para 2005, um papel muito importante para a sustentação da taxa de crescimento ao longo do ano. Como o governo vem perdendo oportunidade de estabelecer uma política mais favorável ao crescimento e mais favorável ao aumento do emprego e da renda, acaba ocorrendo que políticas como a do salário mínimo acabam tendo um papel importante de desenvolvimento econômico".

A população diretamente beneficiada pelo aumento dos rendimentos utiliza esse adicional no consumo, explica Dedecca, "porque não há nenhuma possibilidade desse universo de pessoas guardar ou poupar parte do recurso adicionalmente ganho". Esse gasto poderia ser maior ainda, segundo analisa, caso houvesse maior crédito – o que os juros altos não permitem que ocorra.

Um dos organizadores do seminário Salário Mínimo e Desenvolvimento, iniciado ontem e que se encerra hoje (29) na Universidade de Campinas (Unicamp), o professor Cláudio Dedecca disse que alguns dos pontos discutidos que podem acabar fundamentando as diretrizes da Comissão Quadripartite criada pelo governo para discutir formas de fortalecer o salário mínimo. De acordo com o economista, as avaliações de consenso deverão fazer parte de um livro a ser encaminhado para a comissão.

Entre os pontos que serão recomendados à comissão está a associação da política do salário mínimo ao crescimento do país. Também há indicações da necessidade de se ter uma política de médio prazo para aumentos, pois "não há possibilidade de uma atualização imediata de seu valor em termos significativos".

A comissão, formada por representantes do governo e entidades dos trabalhadores, empregadores e de aposentados e pensionistas, é uma reivindicação das centrais sindicais e foi cobrada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante um evento com sindicalistas, em Brasília. Segundo decreto publicado no Diário Oficial da União no dia 22, terá seu funcionamento definido em regimento interno que ainda deve ser aprovado no Congresso.





Fonte: Agência Brasil

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