Serestas e serenatas em show

As serestas e serenatas serão relembradas no palco do Sesc Arsenal com o show Cuiabá ao Luar, de Wera Capilé e Abel Santos. É com a intenção de enaltecer e resgatar os antigas serestas cuiabanas que Wera e Abel se apresentam hoje e amanhã no Sesc Arsenal, a partir das 20h. No repertório do espetáculo há canções como "Carinhoso" de Pixinguinha e Jode Barro, "Dindi" de Tom Jobim, "Como Vai Você" de Antonio Marcos e "As Rosas Não Falam", de Cartola, entre outras composições.

Cuiabá ao Luar traz alguns diferenciais como música e teatro no mesmo espetáculo. "Não que essa idéia seja inovadora. Muitos outros shows já tiveram teatro e música juntos. Mas isso não acontece todo dia na capital. Além do mais é um estilo de show que eu gosto de fazer", diz a cantora Wera Capilé. Ela conta ainda que tem prática em fazer esse tipo de show. "Já fiz o lançamento de meu CD com o Yves Scaff misturando artes cênicas e música", diz Wera.

A cantora ressalta que esse espetáculo tem a intenção de relembrar as antigas serenatas. "Cuiabá sempre valorizou as serenatas e serestas. É preciso retornar a esses estilos. E isso tentamos fazer em Cuiabá ao Luar".

Outra inovação é que, além da produção, o espetáculo terá a direção de duas jovens da Companhia Pessoal de Teatro, Juliana Capilé, filha de Wera, e Tatiana Horevicht. Segundo elas, a idéia é mesclar encenação e boa música. O teatro do Arsenal vai se transformar em uma praça que receberá os dois cantores. Wera e Abel não encenarão personagens diferentes. Os músicos representarão eles mesmos na peça. Os dois vão se encontrar na praça e combinarão uma serenata. A cada dia o show terá dois convidados surpresa.

"Os convidados estarão passando pela praça e, ao encontrarem, Wera e Abel, vão cantar uma música com eles", diz Juliana Capilé.

O cenário e a iluminação também serão diferentes. "Não faremos um cenário igual ao de outros shows. Será mais teatral. E a iluminação também não será a utilizada em shows", contam as diretoras.

Para Tatiana a idéia era incluir a arte cênica de um modo diferente e de forma interativa. "Deixar com que o público se integre à peça e veja que os cantores são pessoas simples", conta Tatiana.

O espetáculo terá a duração média de uma hora e serão apresentadas de 12 a 13 faixas musicais e promete envolver o espectador do início ao fim.

Wera e Abel cantam também grandes sucessos da MBP e de músicos consagrados como Chiquinha Gonzaga, Tom Jobim, Chico Buarque e outros importantes representantes do cenário musical brasileiro.

Segundo Juliana e Tatiana, o show é bem simples e não utiliza muitos recursos. "O que pretendemos é mostrar como é o cotidiano dos cantores, como eles se preparam para o show e até mesmo como se prepara um espetáculo", explica Juliana.

Ela ressalta que os músicos são pessoas simples e não seria preciso exagerar ou enaltecê-los demais. "A intenção é fazer uma brincadeira bem singela e simples", revelam as diretoras.

Essa é a primeira vez que Wera e Abel se juntam para promover um espetáculo diferente. Os dois já dividiram o palco por várias vezes, mas em shows tradicionais. Os músicos estiveram recentemente no palco da UFMT no Projeto Pixinguinha e como parte desse projeto os dois embarcarão em julho rumo a Paris. Wera e Abel já subiram ao palco no Festival de Rasqueado que comemorou os 286 anos de Cuiabá.

"Nós somos parceiros há muito tempo. Gostamos do mesmo estilo de música e sempre é muito gratificante dividir o palco com o Abel", elogia Wera Capilé.

Biografia - Wera Capilé nasceu em Dourados, em Mato Grosso do Sul. Ela trouxe do estado vizinho a musicalidade das fronteiras paraguaias e misturou com a cultura dos cuiabanos. A cantora vive em Cuiabá desde dos 11 anos. Aqui se encantou com as festas de santos, as rezadeiras, o cururu, o siriri, a viola de cocho, o ganzá, o adufo, o tamborete e rituais e instrumentos de musicalidade do alto Pantanal.

Destes lugares Wera extrai a concepção musical diferente e o ritmo tipicamente mato-grossense. Vinda de uma família de músicos, Wera é conhecida como cantora na velha guarda das cantatas, serestas e chorinhos. Gravou o primeiro CD em 1998, intitulado Cuiabá, um canto de amor e o segundo em 2000, chamado Flor de laranjeira.

Abel Santos, professor da Universidade Federal de Mato Grosso, já escreveu quatro livros e é também o autor do projeto que difundiu a viola de cocho para o Brasil e o mundo. Abel tem 14 álbuns lançados, sendo o último produzido em 2004, intitulado Sagitáries. É também o autor do Hino Bandeira de Mato Grosso.

Serviço - O espetáculo musical Cuiabá ao Luar, com Wera Capilé e Abel Santos, acontece sexta (29) e sábado (30) no Teatro do Sesc Arsenal, às 20h. Ingressos: R$ 10 inteira e R$ 5 (meia). Mais informações: 616 6900.