Para Conmebol, caso Grafite não é de polícia

A Confederação Sul-Americana de Futebol repudiou, nesta quinta-feira, o racismo e afirmou que casos como o do atacante Grafite, do São Paulo, devem ser resolvidos pelos órgãos esportivos. Para a entidade, as atitudes racistas ocorridas dentro do campo devem ser resolvidas sem a participação da polícia ou da Justiça comum.

O racismo entrou na agenda da reunião executiva da Conmebol, realizada em Assunção, após a prisão do zagueiro argentino Leandro Desábato, do Quilmes, acusado por Grafite de tê-lo ofendido com declarações racistas durante a partida, que terminou com vitória, por 3 a 1, do São Paulo.

"Os órgãos disciplinares do esporte são os encarregados de julgar os atos que violam as regras de jogo da moral em campo, dentro das quais encontra-se o racismo", destaca o comunicado divulgado pela Conmebol e assinado pelos presidentes das dez associações nacionais.

O comunicado também aborda os princípios estabelecidos no tema pela Fifa e ressalta que "os fatos registrados no âmbito esportivo são força do privilégio esportivo".

Desábato passou duas noites em uma delegacia de São Paulo por ordem da Justiça, que abriu processo contra ele por "injúria qualificada".

"Estamos preocupados com o assunto. Divulgamos um comunicado que não falou sobre nenhum jogador, mas sobre o tema em geral", afirmou o secretário-geral da Conmebol, Eduardo Deluca.

Deluca reiterou que no relatório desse encontro não houve nenhuma referência à situação vivida por Desábato.

"A discriminação é uma situação na qual uma pessoa ou um grupo é tratada de forma desfavorável por causa de preconceitos, geralmente por pertencer a uma categoria social distinta. Hoje, mais que nunca, a Conmebol reafirma sua vocação humanista e sua luta contra a discriminação racial", ressalta o comunicado.

A nota diz ainda que o futebol "não sabe de diferenças de raça, de orientação sexual, de religião, de categoria socioeconômica, de idade ou de incapacidade".

"O futebol é, possivelmente, o mais democrático e integrador dos esportes, e por isso sentimos que formamos esta grande família universal. E muito mais na generosa América Latina mestiça, local de todas as raças", destaca o documento.

Discriminação A atitude de Grafite de denunciar Desábato continua causando polêmica também nas arquibancadas. Logo após o problema do jogo entre São Paulo e Quilmes, a torcida do time argentina mostrou faixas com desenhos ofensivos ao jogador do São Paulo.

Já no amistoso de quarta-feira, entre Brasil e Guatemala, um torcedor atirou uma banana em campo onde estava escrito "Grafite macaco". O jogador disse, nesta quinta, sentir "pena" do torcedor responsável pelo ato.

Já o técnico Carlos Alberto Parreira disse que não vê problema em uma possível convocação do atacante para a partida da Seleção Brasileira contra a Argentina, pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo.