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Cultura
Terça - 26 de Abril de 2005 às 06:23
Por: Jade Augusto Gole

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Conhecido como o samba sem palavras, o choro, um dos mais populares gêneros da música urbana e instrumental do Brasil, teve início no Rio na segunda metade do século 19. Originário da fusão entre a polka e as modinhas, alastrou-se pelo país na mesma velocidade que o samba. A cidade de São Paulo criou grandes compositores e chorões que contribuíram para o enriquecimento da música instrumental brasileira.

"É a história de toda a sonoridade do Brasil, não só popular, mas erudita também", sustenta o solista e professor Toninho Carrasqueira, membro do Quinteto Villa-Lobos e diretor artístico do projeto Retratos do Choro em São Paulo, aprovado pela Lei Rouanet e que agora busca patrocínio.

A idéia é resgatar a memória do choro paulistano com a gravação de 140 músicas em dez CDs, de um documentário em DVD com os depoimentos de músicos e compositores, além de três álbuns impressos com fotos e partituras das músicas que compõem os CDs. "Não queremos ser bairristas. As músicas são de compositores paulistas, mas nossa intenção é convidar gente do país inteiro para participar", explica o produtor-executivo José Alexandre, responsável por administrar todas as etapas do projeto. "Queremos mostrar que São Paulo tem, assim como o Nordeste e o Rio, músicas de qualidade que podem ser interpretadas por todo mundo."

Izaías, Israel Bueno de Almeida, Haroldo Capelupi e Laércio de Freitas são alguns dos músicos envolvidos na pesquisa e na elaboração das partituras e dos CDs. A expectativa é que a gravação dos álbuns dure, no mínimo, sete meses. Toninho gosta de lembrar que o choro, apesar de ter nascido na camada mais humilde da população, é apreciado e tocado por músicos eruditos.

"Villa-Lobos era um grande chorão, escreveu várias músicas. Se você é músico, é impossível não gostar, porque tem qualidade. E isso é independente da classe social e do nível de estudo musical. As sensações transmitidas para as pessoas são as mesmas."

Essa seria a explicação para o revival da música instrumental nos últimos anos visto em grandes casas de espetáculos no Brasil e no exterior. "As pessoas têm saudades do Brasil. Não ouvimos nossa música tradicional, tudo virou mercadoria. O choro é um tesouro que não podemos destruir, temos de recuperar", alerta o músico, que acabou de gravar com seu quinteto dois CDs com a música de câmara de Villa-Lobos.

Desenlace - O custo total do projeto é de R$ 2.091.104,32, aprovado sem restrições na Lei Rouanet. "Nos armamos para realizar um trabalho responsável e coerente", explica Alexandre. O valor cobriria, principalmente, o volume intenso de trabalho que os idealizadores de Retratos do Choro em São Paulo acreditam que vão enfrentar, a partir de julho ou agosto, data de início da nova fase do projeto.

Será um ano inteiro de produção em estúdio, na elaboração de partituras e em toda a pesquisa e gravação dos CDs e do documentário, que será feito pela cineasta Marília Franco. "Os chorões que estão aqui hoje podem nos deixar um dia. O registro deles explica como tudo aconteceu, como se faz uma roda de choro. É muito importante", completa o produtor. Os produtos de todo este trabalho serão vendidos em pacote ou separadamente, para quem quiser completar a coleção aos poucos.




Fonte: AE

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