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Internacional
Sábado - 23 de Abril de 2005 às 18:30
Por: Benjamin Kang Lim e George Nis

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Os líderes da China e do Japão concordaram em consertar as relações entre os dois países, que haviam sido abaladas, em negociações em Jacarta no sábado. Apesar disso, o presidente chinês, Hu Jintao, disse que os japoneses precisam aprender com o seu passado de guerra.

As conversações aconteceram um dia depois de o primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi ter pedido desculpas, durante uma cúpula de líderes asiáticos e africanos, na capital indonésia, pelas atrocidades cometidas pelo Japão no passado.

As relações entre os gigantes asiáticos se deterioraram, atingindo o pior ponto desde a normalização, em 1972, e representando um risco para os laços econômicos e para o comércio bilateral, no valor de 212 bilhões de dólares anuais.

"Se o surgimento de problemas graves nas relações sino-japonesas não receber o cuidado adequado... haverá prejuízos não apenas para a China e o Japão, mas também para a estabilidade e o desenvolvimento da Ásia", disse Hu a jornalistas.

"O remorso manifesto pela guerra de agressão deve se traduzir em ação. (O Japão) não deve nunca mais fazer algo que fira os sentimentos do povo chinês ou dos povos de outros países asiáticos."

O premiê japonês Koizumi disse que teve uma conversa franca e significativa com Hu e acrescentou que os dois concordaram em não debater a história japonesa da época da guerra nem as visitas de políticos japoneses a um controvertido santuário de guerra em Tóquio, duas questões de grande atrito.

"Conseguimos confirmar na reunião que, ao invés de criticarmos os defeitos passados um do outro e agravarmos os sentimentos de antagonismo, devemos nos esforçar para desenvolver a amizade bilateral", disse Koizumi em entrevista à imprensa, depois de uma hora de reunião.

Hu disse também que as divergências entre os dois países precisam ser resolvidas através do diálogo. E o Japão precisa cumprir o compromisso de não apoiar a independência de Taiwan, que a China considera uma província renegada, acrescentou Hu.

Houve manifestações violentas contra o Japão na China devido a livros escolares japoneses que, segundo críticos, "doura a pílula" da história durante a guerra e sobre outros fatores de atrito, entre eles a campanha de Tóquio para obter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Segundo Pequim, 35 milhões de chineses foram mortos ou feridos durante a ocupação japonesa de grande parte do país, de 1931 a 1945.

PEDIDO PÚBLICO DE DESCULPAS

Na sexta-feira, Koizumi pediu desculpas num discurso perante 100 líderes asiáticos e africanos, entre eles Hu, pelo "imenso dano e sofrimento" causado pelo Japão na época da guerra.

Indagado antes sobre os comentários do governo chinês de que agir é mais importante do que falar, Koizumi disse que "nos últimos 60 anos nós nos tornamos uma superpotência econômica e não um estado militar. (Somos) uma nação pacífica que reflete sobre a experiência da guerra."

Mas, num sinal da facilidade com que as relações podem ser afetadas, um ministro do gabinete japonês e outros 80 parlamentares fizeram na sexta-feira uma visita ao santuário Yasukuni, em Tóquio, que se tornou um símbolo da animosidade. Isso provocou uma reação furiosa de Pequim.

As relações com a China esfriaram significativamente depois da posse de Koizumi, em 2001. O primeiro-ministro começou a fazer visitas anuais ao santuário, mas ainda não esteve lá este ano.





Fonte: Reuters

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