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Nacional
Quarta - 20 de Abril de 2005 às 20:50
Por: Pedro Z. Malavolta

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São Paulo – Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, Dom Pedro Casaldáliga, bispo aposentado de São Félix do Araguaia (MT) comentou a eleição do novo papa. Para ele, o atual sistema de escolha do papa não é o adequado. Hoje, o líder da Igreja Católica é escolhido pela votação de um colegiado de cardeais. Dom Pedro defende a participação dos bispos e das conferências episcopais. Leia a seguir trechos da entrevista concedida por telefone:

Agência Brasil: O senhor espera que o Ratzinger volte a perseguir os teólogos da libertação, como fez à frente da congregação para a Doutrina da Fé?

Dom Pedro Casaldáliga: [Risos] Ele agora é papa, está numa nova posição. Espero que ele faça um esforço de diálogo de compreensão e de abertura que é o que a gente espera e que o mundo necessita. Agora é prematuro para fazer um prognóstico, também o cardeal Ratzinger já tem uma idade, 78 anos, e nessa idade você também não pode pensar em muito tempo pela frente.

ABr: Sobre a escolha do nome de Bento XVI, qual seria o motivo para a escolha? Seria uma referência ao São Bento, ou ao último papa com esse nome, o Bento XV?

Dom Pedro Casaldáliga: O nome de São Bento possivelmente tem várias motivações para ser escolhido. Ele nasceu no dia de São Bento. São Bento é o padroeiro da Europa. É o homem que propiciou, fundando a ordem dos Beneditinos, a defesa da cultura e da tradição melhor da velha Europa. E o Papa Bento XV foi o papa que proclamou a paz e a conciliação em plena Primeira Guerra Mundial. Estamos precisando que se clame insistentemente à conciliação e à paz.

ABr: A nomeação dos trinta cardeais, pouco anos antes da morte de João Paulo II influenciou a decisão, certo?

Dom Pedro Casaldáliga: Mais uma vez aparece claro que o colégio cardinalício não é uma estrutura adequada. O verdadeiro colégio é o colégio episcopal, as igrejas particulares, as dioceses, as conferências episcopais. O cardinalato desnorteou, um pouco, a verdadeira ‘colegialidade’ na igreja. É preciso valorizar novamente os bispos e as conferências episcopais.

ABr: Então o senhor defende a eleição do papa por um colégio episcopal?

Dom Pedro Casaldáliga: Representação das conferências episcopais, seria mais claro. Só os bispos das respectivas dioceses e das respectivas conferências episcopais vivem o dia-a-dia, as aspirações do povo e as reclamações. O colégio cardinalício acaba sendo um colégio fechado sobre si.





Fonte: Agência Brasil

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