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Politica Brasil
Terça - 19 de Abril de 2005 às 17:10
Por: Thaís Brianezi

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Manaus - Uma chuva torrencial que cai desde as 10h impede que as organizações indígenas de Manaus façam as apresentações culturais programadas para acontecer em praças do centro da cidade, como parte das comemorações do Dia do Índio. "Com a natureza, ninguém pode", sentencia o cacique Manuel Luís Sateré.

A comissão de lideranças indígenas foi recebida pela manhã pelo prefeito Serafim Correa (PSB). "A própria origem do 19 de abril tem a ver com o fato de os índios ocuparem seu lugar na sociedade brasileira. Nesta data, pela primeira vez, eles participaram de uma reunião da Associação Brasileira de Antropologia (ABA)", lembrou Arminda Mendonça, diretora-presidente da ManausTur (agência municipal de turismo), também presente ao encontro.

Jacimara Gouveia, da etnia Cambeba, entregou ao prefeito uma carta com as reivindicações dos indígenas que moram em Manaus. Segundo estimativas da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), cerca de 20 mil indígenas vivem na cidade. Entre os principais pontos do documento estão: assistência à saúde diferenciada, com qualificação de pessoal para atendimentos nos postos, hospitais e pronto-socorros municipais; escolas bilíngües com conteúdo curricular adaptado à realidade cultural dos indígenas; remoção das famílias indígenas que moram em áreas em risco de desabamento; criação de espaços destinados à produção e comercialização do artesanato indígena.

"Nós não pedimos mais que os irmãos não-índios, queremos apenas o cumprimento dos direitos que estão na Constituição Federal de 1988. Hoje você vai a um posto de saúde e enfrenta preconceito, não sabem falar nossa língua", justificou Jacimara.

O prefeito prometeu estudar as reivindicações apresentadas. Em entrevista à Agência Brasil, ele afirmou que é difícil atender aos anseios dos indígenas quando eles são tão específicos. "Em muitos casos, as demandas são as de qualquer cidadão e coincidem com os esforços gerais da prefeitura. Os pedidos particulares, porém, precisam ser analisados com mais cuidado", declarou o prefeito.

Para o membro do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), José Rocha, o prefeito deveria criar um grupo ou comissão de trabalho que funcionasse como interlocutor direto entre a prefeitura e as organizações indígenas da cidade. "É a primeira vez que um prefeito de Manaus recebe as lideranças indígenas. A prefeitura não tem qualquer canal para atender essa população", disse Rocha.





Fonte: Agência Brasil

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