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Politica Brasil
Terça - 19 de Abril de 2005 às 08:26
Por: Onofre Ribeiro

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As eleições municipais do ano passado em Cuiabá trouxeram à tona a idéia de cuiabania, que aos poucos estava se tornando distante. Não que o seu espírito tivesse morrido. Ao contrário. Ele havia se fortalecido depois de mais de 20 anos de fusão consigo mesmo e na gestação das novas mudanças produzidas pelo relacionamento com as migrações intensas pós-1970.

O fato é que Cuiabá tem 286 anos e toda uma história construída em cima de uma vivência muito particular favorecida pelo isolamento de tantos anos.

O assunto vem à tona neste artigo por conta da indicação que o governador Blairo Maggi acabou de fazer de dois legítimos cuiabanos, ambos dessa geração intermediária entre os antigos e os novos. Toco Palma e Zito Adrien, ambos para o cargo de secretário-adjunto nas secretários de Cultura e de Turismo.

Têm significado as indicações. Toco Palma vem uma família de fortíssima tradição política. O pai, Rodrigues Palma, foi prefeito de Cuiabá, deputado estadual e três vezes deputado federal. É neto do ex-governador Garcia Neto, consagrada liderança política da história mato-grossense, neto de Maria Lygia de Borges Garcia, sobrinho de Berinho Garcia, e de Catonho Garcia, ambos reconhecidos no mundo empresarial e público. Por parte do pai, Toco é neto da legendária Bembém, cuiabana, consagrada como um dos símbolos do espírito humano de Cuiabá. Mereceu até homenagem na música "Cuiabá, Cuiabá", que acabou resgatando o ritmo do rasqueado cuiabano. A memória da cidade lembra ela na janela do seu casarão na rua Barão de Melgaço, onde se divertia com a crônica diária da cidade.v Na eleição de 2004 Toco obteve 1806 votos para vereador, e tudo indica que poderá ser um dos sucessores políticos na família. Já Zito Adrien, também vem de uma tradição política mais pessoal. Foi vereador por vários mandatos, secretário de estado de Indústria, Comércio e Turismo. Faz parte da tradição de Cuiabá, tanto política quanto empresarial. Sua família construiu o "Hotel Áurea", na década de 1970 uma relevante inovação na capital. Era o hotel onde se hospedavam as autoridades que visitavam Cuiabá, incluindo presidentes da República.

Dito isto, excluindo os valores pessoais dos dois indicados para as secretarias-adjuntas, gostaria de ressaltar que a perda de espaços na política estadual por representantes de Cuiabá é uma lacuna correspondente a um período de transição. O gesto do governador repercute no espírito cuiabano como um resgate de posições. A reconstrução do poder político da capital se dará no futuro a partir de uma indispensável integração de forças, tanto as tradicionais quanto as novas.

Não se pode ignorar 286 anos de história, do mesmo modo que não se pode ignorar a necessidade de integração dessa mesma história aos tempos atuais. Esse processo dialético se inicia com duas oportunas indicações políticas que, certamente, abrirão a cunha de outras inserções da nova Cuiabá no novo Mato Grosso, construído, justamente, a partir da existência de uma história anterior.

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM Onofreribeiro@terra.com.br




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