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Cultura
Quinta - 14 de Abril de 2005 às 07:38
Por: Luiz Fernando Vieira

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A sub-regional de Mato Grosso do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan-MT) lança hoje, às 9h30, na sede do órgão, o livro Centro Histórico de Cuiabá - Patrimônio do Brasil (Entrelinhas). O trabalho, resultado de anos de pesquisa, foi elaborado para que servisse tanto à população em geral e usuários da região, quanto aos estudantes e profissionais das mais variadas áreas interessados nas questões do patrimônio cultural.

Assinado pelo diretor da sub-regional do Iphan-MT Claudio Conte e pelo jornalista Marcus Vinícius De Lamonica Freire, o livro se encaixa dentro de uma política do Iphan de fazer publicações voltadas para os locais onde existem centros históricos tombados. Era algo que faltava em Cuiabá, lembra o diretor. Desde turistas até profissionais como engenheiros, arquitetos e historiadores, além da população, todos se beneficiarão desse trabalho específico sobre o Centro Histórico, ressalta.

A publicação foi dividida em três capítulos principais: A Cidade, O Centro Histórico e Preservação. Conte explica que A Cidade destaca de forma sucinta a história de Cuiabá, contando como se iniciou e se desenvolveu ao longo de quase 300 anos. Já O Centro Histórico revela como foi sua formação e a eleição como tal, algo feito de forma um pouco arbitrária, acrescenta o diretor. Esse capítulo fala ainda sobre como se deu o processo de tombamento, preservação, porque preservar e os problemas para conservação dessa área.

Por último, A Preservação, com os pressupostos teóricos em nível nacional do que norteia a preservação, do que se preserva, qual o efeito disso e a importância, além de como deve ser feito esse trabalho. No final, revela Conte, há uma espécie de anexo com o decreto-lei 25, de 30/11/1937, que é a legislação federal de tombamento, e a instrução normativa utilizada para aprovação de projetos na área.

Em função de uma demanda verificada pelo órgão, entremeando tudo isso foram colocados subcapítulos com informações sobre as igrejas cuiabanas, a arquitetura de terra crua - a de adobe, de taipa de pilão e pau-a-pique, o que são e como são feitos -, estilos arquitetônicos, origem do nome Cuiabá, quadro demográfico e cronologia histórica da cidade. O livro é ricamente ilustrado com fotos e desenhos de várias épocas, oriundas de acervos do Iphan e de outros órgãos, bem como coleções particulares. As fotos, em sua grande maioria, são de Ênio Araújo, que as cedeu voluntariamente. Para completar há um mapa encartado do Centro Histórico e sua setorialização, com indicação de bens sob tombamento estadual e logradouros.

Tudo isso, ressalta Conte, para informar os mais diversos públicos e atender as mais variadas necessidades. Pensou-se inclusive no texto. "A gente usa uma linguagem fácil, acessível, sem perda de qualidade informativa e tudo mais. A gente tenta evitar ao máximo usar uma terminologia muito voltada para essa área de preservação do patrimônio. Não é um trabalho acadêmico, mas é um trabalho criterioso de qualquer forma", garante.

Apesar de estar sendo lançado agora, Centro Histórico de Cuiabá - Patrimônio do Brasil é um trabalho que já vinha sendo pensado há um bom tempo, conta o diretor. Ele já havia escrito vários textos e contou com a ajuda de Marcus Vinícius no aperfeiçoamento e organização desse material. Conte explica que Marcus é um jornalista cuiabano que foi estudar fora e acabou não voltando mais para a cidade. O relacionamento com a Entrelinhas, mais precisamente com a editora Maria Teresa Carracedo, ajudou a formatar o livro e apresentá-lo. "Foram realmente anos de trabalho. A gente não falou: "vamos fazer agora". Estava tudo meio disperso aqui e foi organizado para a publicação", diz.

O trabalho gráfico da capa feito pela editora foi importante para dar ao leitor uma noção de como a cidade mudou e do que ainda resta dos imóveis que já existiam na região no final do século 18. Mesmo tendo passado por um processo intenso de degradação antes de seu tombamento, o centro histórico conserva algumas características interessantes. "Agora você vê com essa vista de 1790 e uma atual que muitas construções ainda se mantêm, o traçado urbano ainda é o mesmo. Vários imóveis podem ser identificados. Obviamente muito se perdeu, mas ainda tem um centro a ser preservado. Em termos de volumetria, de altura, você vê que a escala ainda é a mesma, basicamente térrea", analisa.

Segundo Conte, mesmo "capsulado" pela verticalização, que só tende a aumentar, o centro histórico continua a ser uma área bem diferenciada. Não é grande, diz. A área protegida tem 62 hectares, ou seja, é menor que o parque Mãe Bonifácia. Porém é uma área que conta a história da cidade, frisa.

O livro foi viabilizado através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, com o apoio da Cemat - o projeto foi desenvolvido pelos produtores culturais Nicélio Acácio e Daniela Lepinsk Romio - e terá uma distribuição institucional, além de ser comercializado, explica Conte. Deve ir para bibliotecas públicas e escolas, num trabalho que deve ser realizado pela Secretaria de Estado de Cultura (SEC). O órgão receberá um quarto dos exemplares. A publicação também deverá ser distribuída a outras unidades do Iphan. O diretor lembra que há essa troca de informação, do que cada um está fazendo. Depois ele será vendido, a R$ 20,00.

Serviço - O lançamento do livro Centro Histórico de Cuiabá Patrimônio do Brasil será nesta quinta-feira, às 9h30, na sede do Iphan (rua Sete de Setembro, 390, Centro Histórico Cuiabá).




Fonte: A Gazeta

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