Entenda o processo que retirou o banco Opportunity do fundo administrador da Brasil Telecom

Brasília - O investidor do CVC Internacional, que controla a Brasil Telecom, havia comunicado à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a destituição do banco Opportunity no dia 10 de março. Assim, o Opportunity deixaria de ser o administrador da empresa de telefonia fixas, bem como das empresas de telefonia móvel Amazônia Celular e Tele Norte Celular.

O banco questionou a atitude e pediu que houvesse uma autorização da Anatel antes que se efetivasse sua substituição. "O Conselho não considerou que a ausência do que se chama ‘anuência prévia’ invalidasse a decisão de destituir o gestor", explicou o relator do processo, conselheiro José Leite Pereira Filho.

O conselheiro explicou ainda que é direito do dono de uma empresa pedir a substituição de seu administrador a qualquer tempo. "É como uma empresa que, quando os acionistas, no caso o conselho de administração, escolhe diretores e presidente. O gestor é empregado da empresa e quem contrata empregado é o dono", comparou.

O CVC/Opportunity internacional havia pedido, no ano passado, documentos ao dono do banco Opportunity, Daniel Dantas, já com vistas à mudança na administração da Brasil Telecom e das outras empresas. Dantas é investigado pela Polícia Federal porque teria contratado a maior empresa de espionagem do mundo, a Kroll, para obter dados confidenciais da Telecom Itália. O objetivo era ganhar da rival italiana o controle da Brasil Telecom.

Após atingir seu objetivo, o banqueiro nomeou como presidente Carla Cico. Ela foi indiciada ontem (11), por formação de quadrilha, corrupção e divulgação de segredo.

A Polícia Federal entendeu, após ouvi-la na superintendência, em Brasília, que Carla Cico havia participado da contratação da Kroll. Daniel Dantas também será ouvido. Seu depoimento está marcado para amanhã (13), na superintendência da PF no Rio de Janeiro. As investigações da Operação Chacal, como foi batizada a ação deflagrada no ano passado, continuam.