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Internacional
Sexta - 08 de Abril de 2005 às 13:25

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O corpo de João Paulo II foi enterrado nesta sexta-feira na cripta do Vaticano, depois de um funeral solene na Praça de São Pedro, no qual o papa foi homenageado por líderes do mundo todo e por uma multidão fervorosa, que o aclamou como santo. O grito de "santo já" foi repetido durante a celebração religiosa por dezenas de milhares de pessoas - muitas delas chegadas da Polônia natal de João Paulo II - no Vaticano e nas proximidades da Santa Sé, e em praças e locais históricos de Roma, onde foram colocados telões.

As autoridades italianas calculam que mais de um milhão de peregrinos acompanhou o funeral em toda a cidade, invadida nos últimos dias por um mar de fiéis, turistas e curiosos.

João Paulo II foi enterrado na terra, como ele mesmo pedira em seu testamento, no mesmo local da cripta onde até alguns anos atrás estava o corpo de João XXIII, que foi recentemente transferido para a Basílica de São Pedro.

O papa que veio do Leste e ajudou na queda do comunismo, o Pontífice viajante e grande comunicador jaz desde as 14.20 horas de hoje (09.20 de Brasília) em um féretro de cipreste, encaixado em um de chumbo, que por sua vez está em um de madeira de olmo envernizada.

A partir da segunda-feira, será possível visitar seu tútmulo, que tem uma inscrição simples com seu nome e suas datas de nascimento e morte.

Tudo parece indicar que a sepultura do papa Wojtyla se transformará em um local de peregrinação. Em muitos lugares do mundo, João Paulo II "o Grande", como foi chamado pelo cardel Sodano na missa do dia seguinte à morte do Pontífice, já é aclamado como um santo.

Esse clamor popular, expresso em diversos cartazes, foi ouvido hoje pelos governantes de diversos países do mundo que, com sua presença no funeral, destacaram a importância dos 26 anos de Pontificicado de João Paulo II no plano político e social.

Estiveram no funeral o presidente dos Estados Unidos, George W.

Bush, com quem o papa teve muitas divergências, sobretudo devido à guerra do Iraque, à qual João Paulo II se opôs com todas suas forças, apesar de que sua saúde já era então extremamente frágil.

À frente de Bush, na primeira fila das autoridades sentaram-se reis e rainhas, como Juan Carlos e Sofía da Espanha, Albert e Paola da Bélgica, e Abdullah II e Rania da Jordânia.

Também estiveram presentes os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil; Jacques Chirac, da França; Mohammad Khatami, do Irã; Bachar al-Assad, da Síria; Vicente Fox, do México, e o polêmico Robert Mugabe, do Zimbábue, bem como chefes de governo como Tony Blair, do Reino Unido; Gerhard Schröder, da Alemanha, e José Luis Rodríguez Zapatero, da Espanha.

Só faltaram os principais líderes de dois países poderosos: a Rússia (representada pelo primeiro-ministro Mikhail Fradkov) e a China, que João Paulo II sempre quis visitar, mas não pôde devido às profundas divergências religiosas e políticas entre o Vaticano e Pequim.

Junto aos governantes também presenciaram o funeral solene representantes de todas as igrejas cristãs e das outras grandes religiões do mundo, como expressão dos esforços de Karol Wojtyla para promover o diálogo ecumênico.

Todos eles ouviram as palavras do celebrante, o alemão Joseph Ratzinger, que disse que quem viu João Paulo II rezar e o ouviu pregar "não o esquecerá nunca".

Ratzinger, que foi a mão direita do papa na Cúria romana, afirmou que João Paulo II "carregou um peso superior a suas forças humanas e nunca quis salvar sua própria vida, guardá-la para si mesmo, quis entregar-se sem reservas até o último momento".

Em sua condição de decano do Colégio Cardenalício, Ratzinger liderou as primeiras reuniões da congregação de purpurados que preparou as exéquias do papa e decidiu que o conclave para escolher seu sucessor começaria na segunda-feira dia 18.

Segundo informações vazadas para a imprensa, Ratzinger pretendia acabar com a presença dos cardeais nos meios de comunicação, mas teve que ceder devido à oposição de muitos deles.

Chegou-se ao acordo de que as declarações deveriam se limitar a comentários sobre o pontificado de João Paulo II. No entanto, esse compromisso não está sendo respeitado.

Em meio a essa controvérsia e, depois do enterro, voltaram as especulações sobre o próximo papa, com vários nomes que se repetem: do brasileiro Hummes, dos italianos Tettamanzi e Scola, do hondurenho Rodríguez Maradiaga, do argentino Bergoglio, do mexicano Rivera, do francês Barbarin, e até do próprio Ratzinger.

Mas o dia de hoje será lembrado pela homenagem sem precedentes prestada na Praça de São Pedro a Karol Wojtyla. No fundo, foi uma continuação da despedida feita por milhões de pessoas ao papa na última semana em Roma e no mundo todo.





Fonte: EFE

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