Série de TV sobre Chico Buarque terá encontro com Jamelão

Depois de rever parcerias musicais, mulheres e política, Chico Buarque volta à tela da DirecTV a partir de maio com três novos programas especiais que abordarão sua amizade com o maestro Tom Jobim, sua relação com a Estação Primeira de Mangueira e sua produção para o teatro. "Anos Dourados", estréia em 1º de maio, "Estação Derradeira" em junho e "Bastidores" em julho.

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Chico Buarque grava série de TV no Jardim Botânico, no Rio Um dos destaques na segunda fornada da série é o encontro de Chico no palco com o cantor e compositor Jamelão, ícone do samba carioca, e a Velha Guarda da Mangueira. A reunião musical verde e rosa e a entrevista exclusiva devem ser gravados na próxima semana em locações como o morro da Mangueira, além de contar também com imagens pinçadas do acervo do diretor Roberto de Oliveira e registros do arquivo pessoal do compositor.

"O Chico é o primeiro artista que consegue recuperar a sua história em termos de imagem, revisitar e consolidar isso. Portanto, quando este material estiver disponibilizado em DVD, as pessoas vão poder revisitar a obra dele desde o início", ressaltou hoje Oliveira em entrevista à Folha Online.

Da paixão pela escola de Cartola e de sua admiração pelos compositores da velha guarda do samba nasceram canções como "Estação Derradeira" (1987) e "Piano na Mangueira" (1993). Essa relação de inspiração acabaria se invertendo em 1998, quando "Chico Buarque de Mangueira" foi o tema do enredo do desfile campeão da Estação Primeira no Sambódromo do Rio.

Dono de um arquivo de mais de 30 horas de imagens sobre Chico, a maior parte gravada na TV Bandeirantes, o diretor da série quer manter a regra de mostrar uma música inédita do compositor a cada novo episódio.

"Está encomendado já, nós estamos aguardando. Vamos ver se ele consegue. Normalmente ele apronta em cima da hora, quando o programa já vai estrear", reclama Oliveira bem humorado.

O primeiro programa, "Meu Caro Amigo", tinha a música "Renata Maria" (parceria com Ivan Lins), o segundo, "À Flor da Pele", mostrou a canção "As Atrizes", e o terceiro episódio, "Vai Passar", teve "Risotto Nero", composta com Sergio Bardotti.

Antônio Brasileiro

"Anos Dourados", quarto episódio da série que será lançada em DVDs a partir do segundo semestre, é recheado de material de arquivo mostrando o trabalho conjunto de Chico e Tom, com obras-primas como "Retrato em Preto e Branco", "Sabiá" e "Eu Te Amo".

Para o programa, há cerca de 15 dias Oliveira levou Chico para o Jardim Botânico, no Rio, onde o maestro buscou inspiração na exuberância da Mata Atlântica para suas composições.

"O programa começa com uma música chamada 'Nuvens Douradas', que o Tom deu para o Chico colocar letra. Ele passou vários anos tentando colocar a letra, mas não conseguiu. Agora ele também não quer colocar letra, porque acha que não faz mais sentido fazer isso sem o Tom estar vivo", afirmou Oliveira, explicando que a abertura conta com tomadas aéreas da Floresta da Tijuca e da Mata Atlântica no entorno do Rio.

A recente polêmica envolvendo a divulgação de fotos de Chico Buarque com uma mulher casada em uma praia do Rio abalou de alguma forma a disposição do cantor em falar sobre si mesmo? "Isso não afetou nada, ele está gostando de fazer esta série, colaborando muito, muito disposto, e esse entusiasmo dele é vital para que a série seja bem sucedida. (...) O fato de ele fazer uma música nova a para cada programa é um negócio fantástico, considerando principalmente que ele estava há vários anos sem compor. É uma coisa que a gente não esperava, uma agradável surpresa", responde Oliveira.

Apesar de Oliveira ter material e temas para uma série completa com dez episódios, o sexto programa, "Bastidores", até agora o último confirmado, deve ser gravado em junho na localidade francesa de Nancy. Foi nesta cidade que "Morte e Vida Severina" venceu o Festival de Teatro Universitário de 1966. O programa também terá locações no Tuca (Teatro da Universidade Católica de São Paulo), onde Chico começou seu trabalho no teatro, ao musicar o poema de João Cabral de Melo Neto.