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Pedro Henry: “O governo é todo meu”
Deputado federal mais votado da história de Mato Grosso e maior líder do Partido Progressista no Estado, Pedro Henry garante, sem modéstia nenhuma, que foi um dos “pilares políticos” da eleição do governador Blairo Maggi (PPS) em 2002. Essa participação efetiva na campanha, segundo ele, lhe dá abertura para ajudar a governar da mesma forma que ajudou a eleger.
Paulista, radicado em Mato Grosso desde 1981, Henry garante que, ao contrário das especulações, não há nenhuma disputa de poder entre ele o secretário de Infra-estrutura, Luiz Antônio Pagot. “Eu não tenho esse tipo de disputa porque eu sinto que o governo inteiro é meu, não dele. Eu construí esse governo. Eu fui para a rua pedir voto”, enfatiza.
Médico por formação, abandonou a profissão para seguir a carreira política. Eleito três vezes deputado federal, depois de ter sido vice-prefeito de Cáceres, cidade onde sua família chegou em 1973, Henry se prepara para mais um pleito. Mas, apesar de ser um forte pré-candidato ao Senado, não admite tal pretensão. Conforme ele, isso ainda não passa de um desejo manifestado pelo governador.
Nesta entrevista ao Diário de Cuiabá, Henry fala sobre as articulações para 2006, seu relacionamento com o governo estadual e sobre a derrota do governo Lula na eleição da Câmara Federal, que acabou por inviabilizar a sua nomeação para um ministério.
Diário de Cuiabá – Como o deputado Pedro Henry pretende trabalhar as articulações para 2006?
Pedro Henry – Depois que passou as eleições municipais, todos os partidos políticos e lideranças políticas do Estado começaram a se movimentar já se preparando para um posicionamento mais adequado do ponto de vista eleitoral objetivando as eleições de 2006. No PP nós estamos conversando com diversas lideranças, tentando fazer um amplo aglutinamento de forças políticas com o objetivo de dar mais fortalecimento para as eleições vindouras. Dentro desse cenário a gente tem feito inúmeras conversas com prefeitos, vereadores, deputados estaduais, suplentes de deputados, até lideranças que têm densidade eleitoral mas que não foram eleitas, e já tentando montar as chapas proporcionais e futuras candidaturas nas diversas regiões.
Diário de Cuiabá – O senhor acha que possível filiação desse bloco de deputados estaduais pode ser o início desse fortalecimento?
Henry – Nós não temos uma definição ainda por parte deles, ainda não está definido o cenários. Mas já foi feito o convite e nós estamos tentando avançar nisso. Isso é uma parte do que nós pretendemos fazer na estratégia de crescimento. Agora não é tudo. Nós vamos continuar objetivando as futuras candidaturas.
Diário de Cuiabá – Vocês já têm um mapeamento dessas lideranças no Estado deputado?
Henry – Como nós tivemos uma organização em nível de Mato Grosso muito grande nesses último anos, o partido já está bem organizado na maioria dos municípios. Então, eu acho que a gente vai ter uma boa perspectiva no processo eleitoral futuro. Bem maior que em 2002.
Diário de Cuiabá – Quais os partidos que o PP deve priorizar em 2006?
Henry – Nós estamos trabalhando pela manutenção da aliança denominada Mato Grosso Mais Forte, junto com o PFL e o PPS, como essência da aliança que permitiu a vitória do governador Blairo Maggi. Obviamente que reeditar uma aliança não é um trabalho fácil, porém, estamos tentando construir essa realidade. Além disso eu tenho uma proximidade muito grande com o PTB, com o PL, e, na verdade, pessoalmente não tenho diferença nem divergência com nenhum partido, vamos estabelecer estas conversações daqui para frente de forma mais constante e mais próxima, isso é uma postura que o processo eleitoral exige.
Diário de Cuiabá – E essa questão do pacto de respeito entre os aliados, o senhor acredita realmente que ele está sendo quebrado?
Henry – Eu não quero julgar a atitude de ninguém. Eu prefiro antes dar o exemplo com minhas atitudes. Eu pessoalmente não tenho estimulado a migração partidária daqueles que eu pretendo estabelecer aliança. Obviamente que há algumas exceções que a gente vai ter que trabalhar isso com calma, com responsabilidade, com conseqüência e sobretudo com respeito com os demais partidos. Acho que essa fobia por crescimento não pode inviabilizar o estabelecimento de alianças lá na frente, então tem que ir devagar com o andor.
Diário de Cuiabá – Esta semana surgiram comentários de que o senhor teria convidado o vereador Guilherme Maluf, do PFL, para se filiar ao PP, isso confere?
Henry - Nós já temos trabalhado juntos desde o momento da eleição dele. Quando da eleição da Mesa Diretora e todos os episódios, até da escolha do prefeito Wilson Santos para líder do governo na Câmara, nós estivemos juntos, contribuindo um pouco com a nossa experiência, na forma de ele conduzir o mandato dele. Há uma proximidade e reciprocidade muito grande. Entretanto, o próprio vereador tem um desejo muito grande de disputar uma candidatura maior que o mandato de vereador, e em função disso nós temos trocado algumas idéias e ele está vendo um cenário complicado do ponto de vista eleitoral para conduzir a sua candidatura e nós temos discutido a possibilidade disso. Não há nada decidido, mas se houver um avanço nessa conversa, é obvio que eu vou conversar com as lideranças do PFL e vou deixar isso muito claro. Eu acho que a forma de tratar é assim, com respeito.
Diário de Cuiabá – E como está o relacionamento do PP com o governador Blairo Maggi?
Henry – Eu vejo no governador Blairo Maggi um homem ousado, uma pessoa destemida, com vontade de transformar nosso Estado, acreditei nele desde o primeiro momento em que ele lançou a candidatura. Fui um defensor ardoroso, fui um dos pilares políticos da eleição dele, sei disso, falo isso sem modéstia nenhuma. Acho que os valores pessoais dele é que conduziram essa vitória. Entretanto, há algumas dificuldades no campo político.
O governador, até pela forma sincera, clara que ele tem de conduzir as coisas, com uma franqueza excessiva, às vezes tem dificultado muito no campo político de entendimento com toda a base aliada que ele construiu, que permitiu a eleição dele e que tem permitido o governo andar até agora. Eu acho que cada dia é uma aprendizado, ele tem também dito a mim que tem um desejo de mostrar que é recíproco, que sabe ser recíproco. Eu tenho ajudado muito na esfera federal a carrear investimentos através do governo do Estado, resolver problemas graves como a manutenção do Fethab. Outras atitudes que a gente tomou garantiram a ele na Reforma Tributária uma posição mais privilegiada, que ainda não foi votada, mas já há o seguro de receita que é um instrumento que inviabilizaria Mato Grosso se não existisse, nós conseguimos inserir isso com o ministro Palocci. Então eu tenho sido um companheiro leal, o que eu espero dele também é lealdade. Essas questões pontuais que existiram e eu acho que vão até continuar existindo para frente, são questões menores e não podem nos afastar daquilo que é a essência e que é o fundamental, que é contribuir para que o Estado seja cada vez melhor. Eu há dois ano por exemplo, trabalho num projeto para viabilizar para o nosso Estado uma indústria de fertilizantes. Eu consegui indicar um presidente primeiro da TBG, Transportadora Brasileira de Gás, que é uma subsidiária da Petrobrás, depois eu consegui passar esse presidente para a Diretoria de Abastecimento, e a Petrobrás avança muito. Nós estamos falando de um investimento de mais de R$ 1,2 bilhão em nosso Estado, que vai gerar milhares de empregos, que vão possibilitar uma receita maior para o nosso Estado por causa do valor agregado.
Nós estamos caminhando para o desenvolvimento, para a viabilidade do agronegócio cada vez mais. Você coloca uma indústria de fertilizantes aqui a partir do gás natural, que é a matéria-prima necessária e que nós já temos, significa que a produção será mais barata. Então essas parcerias que nós temos feito mostra com clareza que nós somos parceiros. Fomos parceiros para ganhar, estamos sendo parceiros para governar, agora, obviamente que política é uma ciência difícil de ser elaborada, e eu espero que a gente tenha a capacidade de manter essa aliança para na próxima nós também estarmos juntos.
Diário de Cuiabá – Mas existe hoje alguma insatisfação em relação a participação no governo?
Henry – Da minha parte nunca houve isso. Houve um problema pontual na Secretaria de Infra-estrutura, que eu tratei isso com absoluta clareza, que foi um problema político e teve um desdobramento administrativo.
Diário de Cuiabá – Que foi a questão com o secretário Luiz Antônio Pagot?
Henry – Isso, com o Pagot e o adjunto Gilson. Isso já está superado. Nós já estamos trabalhando e eu acho que é uma fato passado e não tem mais o porquê ter manutenção de discussão sobre esse assunto. E é uma questão pontual, muito menor do que qualquer coisa. Não reivindiquei nenhum cargo para o governador. Não quero participar mais do nós já estamos participando. Ofereci a ele no início do governo alguns nomes para participar, a maior parte já saiu, mas os que ficam continuam ajudando, e o governador tem total liberdade, sem prejudicar o nosso relacionamento, com as minhas indicações ele não tem o compromisso de mantê-los.
Diário de Cuiabá – Então esse questão pontual que o senhor fala não tem a ver com espaço no governo ou disputa de poder entre o senhor e o secretário Pagot?
Henry – Não. Não há e eu não tenho esse tipo de disputa porque eu sinto que o governo inteiro é meu, não dele. Eu sinto que é meu. Eu construí esse governo. Eu fui para a rua pedir voto.
Diário de Cuiabá – Além dessa questão pontual com o secretário Pagot, há comentários de um possível desentendimento entre o senhor e o secretário Otaviano Pivetta, que entrou para o governo com uma áurea de “homem forte” do governo. O quê há de real nesses comentários?
Henry – Comigo não houve discussão nenhuma. Pessoalmente comigo e ele não. O que ele me colocou é que ele tem a pretensão de ser candidato ao Senado e que ele vai trabalhar para construir isso. Eu disse ao governador que eu achava legítimo isso, só que usar o governo para fazer isso eu acho que não é correto. Eu acho que se ele quiser realmente fazer um enfrentamento político ele deveria se desincompatibilizar do governo e construir a candidatura dele, que é legítima, não tem problema nenhum. Essa foi a única questão que houve, não sei se isso é uma indisposição.
Diário de Cuiabá – Talvez por o senhor ter declarado a intenção de disputar também o Senado...
Henry – Eu não declarei. Não declarei e não declaro nesta entrevista. O que eu disse e continua dizendo, é que o governador deseja que eu mature uma candidatura, eu acho que é precoce para a gente decidir isso, uma candidatura ao Senado é uma candidatura conjuntural, depende da conjuntura política. Hoje ela pode ser até favorável ao meu nome, mas eu não sei se no ano que vem será.
Diário de Cuiabá – Alguns conselheiros do governador defendem que cada aliado lance o eu candidato ao senado para que depois seja feita a escolha, o que o senhor pensa sobre essa proposta?
Henry – Isso é um equívoco, próprio de quem desconhece o cenário político. Eu não recebi essa sugestão, não ouvi ninguém falar isso, mas acho que quem falou dá o testemunho claro de que desconhece política. Uma aliança para ser viável tem que ser uma mão de duas vias. Se o PPS se coloca na condição de um dos partícipes de uma aliança e já coloca o nome do governador Blairo Maggi ele vai ter que ceder espaço para que outros participem e se sintam atraídos por esse projeto. Então, eu acho que isso é de uma estupidez muito grande.
Diário de Cuiabá – Qual é a avaliação que o senhor faz dessa decisão do governador em permanecer no PPS para viabilizar a sua reeleição?
Henry – Eu acho que nesse momento é uma decisão acertada. A partir do momento em que a gente tiver uma definição da Legislação Eleitoral nós vamos ver se essa decisão deve permanecer ou se nós temos que mudar.
Diário de Cuiabá – O senhor se arrepende de ter votado com o governo na eleição da Câmara Federal?
Henry – Nem um pouquinho. Eu tinha que manter a minha coerência. Eu fiquei dois anos construindo por deliberação partidária uma aproximação do meu partido com o governo. Como é que eu poderia, depois de ter ficado dois anos juntos, romper o trato, lembrando que a candidatura de Severino Cavalcanti não foi uma candidatura partidária, foi uma candidatura avulsa, individual, então eu não poderia ter uma postura como líder do partido, base do governo, de oposição. Votei com o governo absolutamente consciente e não tenho nenhum tipo de constrangimento em falar sobre esse assunto.
Diário de Cuiabá – E isso criou alguma indisposição em relação ao PP? Henry – Com o PP não. Com o presidente da Câmara talvez sim. Ele tem preferência daqueles que o apoiaram, e é natural que seja dessa forma. Eu acho que o governo se equivocou no final do ano, quando o presidente me chamou dizendo que havia tomado a decisão de me incorporar ao governo, mas me pediu que esperasse a eleição da Câmara, ele se equivocou porque deu margem justamente ais surgimento de candidaturas avulsas. Então o PT errou porque também fez isso também dentro do partido, permitiu uma candidatura avulsa interna e justificou as demais. Criou o ambiente necessário e o deputado Severino é o presidente da Câmara. A relação do PP com o governo está ruim, aliás eu não diria que é só a do PP. Houve uma degradação das lideranças partidárias, o voto tornou-se muito mais individual do que partidário, e isso é ruim porque quebra uma hierarquia e uma prática que tinha na Câmara. Mas não há nenhum ressentimento da minha parte, isso não existe, eu vou continuar seguindo a orientação do líder do meu partido e vou votar porque eu acredito na disciplina partidária. Diário de Cuiabá – O fato de o senhor não ter sido nomeado ministro estremeceu a relação com o governo?
Henry – Não estremeceu nada. Eu acho que o governo hesitou em dezembro do ano passado e essa hesitação que ele teve acabou pagando um preço caríssimo, maior que o meu com toda a certeza, que foi a assunção do deputado Severino. E está vivendo agora um drama de não ter pela primeira vez na história do Brasil, eleito um presidente da Câmara.
Paulista, radicado em Mato Grosso desde 1981, Henry garante que, ao contrário das especulações, não há nenhuma disputa de poder entre ele o secretário de Infra-estrutura, Luiz Antônio Pagot. “Eu não tenho esse tipo de disputa porque eu sinto que o governo inteiro é meu, não dele. Eu construí esse governo. Eu fui para a rua pedir voto”, enfatiza.
Médico por formação, abandonou a profissão para seguir a carreira política. Eleito três vezes deputado federal, depois de ter sido vice-prefeito de Cáceres, cidade onde sua família chegou em 1973, Henry se prepara para mais um pleito. Mas, apesar de ser um forte pré-candidato ao Senado, não admite tal pretensão. Conforme ele, isso ainda não passa de um desejo manifestado pelo governador.
Nesta entrevista ao Diário de Cuiabá, Henry fala sobre as articulações para 2006, seu relacionamento com o governo estadual e sobre a derrota do governo Lula na eleição da Câmara Federal, que acabou por inviabilizar a sua nomeação para um ministério.
Diário de Cuiabá – Como o deputado Pedro Henry pretende trabalhar as articulações para 2006?
Pedro Henry – Depois que passou as eleições municipais, todos os partidos políticos e lideranças políticas do Estado começaram a se movimentar já se preparando para um posicionamento mais adequado do ponto de vista eleitoral objetivando as eleições de 2006. No PP nós estamos conversando com diversas lideranças, tentando fazer um amplo aglutinamento de forças políticas com o objetivo de dar mais fortalecimento para as eleições vindouras. Dentro desse cenário a gente tem feito inúmeras conversas com prefeitos, vereadores, deputados estaduais, suplentes de deputados, até lideranças que têm densidade eleitoral mas que não foram eleitas, e já tentando montar as chapas proporcionais e futuras candidaturas nas diversas regiões.
Diário de Cuiabá – O senhor acha que possível filiação desse bloco de deputados estaduais pode ser o início desse fortalecimento?
Henry – Nós não temos uma definição ainda por parte deles, ainda não está definido o cenários. Mas já foi feito o convite e nós estamos tentando avançar nisso. Isso é uma parte do que nós pretendemos fazer na estratégia de crescimento. Agora não é tudo. Nós vamos continuar objetivando as futuras candidaturas.
Diário de Cuiabá – Vocês já têm um mapeamento dessas lideranças no Estado deputado?
Henry – Como nós tivemos uma organização em nível de Mato Grosso muito grande nesses último anos, o partido já está bem organizado na maioria dos municípios. Então, eu acho que a gente vai ter uma boa perspectiva no processo eleitoral futuro. Bem maior que em 2002.
Diário de Cuiabá – Quais os partidos que o PP deve priorizar em 2006?
Henry – Nós estamos trabalhando pela manutenção da aliança denominada Mato Grosso Mais Forte, junto com o PFL e o PPS, como essência da aliança que permitiu a vitória do governador Blairo Maggi. Obviamente que reeditar uma aliança não é um trabalho fácil, porém, estamos tentando construir essa realidade. Além disso eu tenho uma proximidade muito grande com o PTB, com o PL, e, na verdade, pessoalmente não tenho diferença nem divergência com nenhum partido, vamos estabelecer estas conversações daqui para frente de forma mais constante e mais próxima, isso é uma postura que o processo eleitoral exige.
Diário de Cuiabá – E essa questão do pacto de respeito entre os aliados, o senhor acredita realmente que ele está sendo quebrado?
Henry – Eu não quero julgar a atitude de ninguém. Eu prefiro antes dar o exemplo com minhas atitudes. Eu pessoalmente não tenho estimulado a migração partidária daqueles que eu pretendo estabelecer aliança. Obviamente que há algumas exceções que a gente vai ter que trabalhar isso com calma, com responsabilidade, com conseqüência e sobretudo com respeito com os demais partidos. Acho que essa fobia por crescimento não pode inviabilizar o estabelecimento de alianças lá na frente, então tem que ir devagar com o andor.
Diário de Cuiabá – Esta semana surgiram comentários de que o senhor teria convidado o vereador Guilherme Maluf, do PFL, para se filiar ao PP, isso confere?
Henry - Nós já temos trabalhado juntos desde o momento da eleição dele. Quando da eleição da Mesa Diretora e todos os episódios, até da escolha do prefeito Wilson Santos para líder do governo na Câmara, nós estivemos juntos, contribuindo um pouco com a nossa experiência, na forma de ele conduzir o mandato dele. Há uma proximidade e reciprocidade muito grande. Entretanto, o próprio vereador tem um desejo muito grande de disputar uma candidatura maior que o mandato de vereador, e em função disso nós temos trocado algumas idéias e ele está vendo um cenário complicado do ponto de vista eleitoral para conduzir a sua candidatura e nós temos discutido a possibilidade disso. Não há nada decidido, mas se houver um avanço nessa conversa, é obvio que eu vou conversar com as lideranças do PFL e vou deixar isso muito claro. Eu acho que a forma de tratar é assim, com respeito.
Diário de Cuiabá – E como está o relacionamento do PP com o governador Blairo Maggi?
Henry – Eu vejo no governador Blairo Maggi um homem ousado, uma pessoa destemida, com vontade de transformar nosso Estado, acreditei nele desde o primeiro momento em que ele lançou a candidatura. Fui um defensor ardoroso, fui um dos pilares políticos da eleição dele, sei disso, falo isso sem modéstia nenhuma. Acho que os valores pessoais dele é que conduziram essa vitória. Entretanto, há algumas dificuldades no campo político.
O governador, até pela forma sincera, clara que ele tem de conduzir as coisas, com uma franqueza excessiva, às vezes tem dificultado muito no campo político de entendimento com toda a base aliada que ele construiu, que permitiu a eleição dele e que tem permitido o governo andar até agora. Eu acho que cada dia é uma aprendizado, ele tem também dito a mim que tem um desejo de mostrar que é recíproco, que sabe ser recíproco. Eu tenho ajudado muito na esfera federal a carrear investimentos através do governo do Estado, resolver problemas graves como a manutenção do Fethab. Outras atitudes que a gente tomou garantiram a ele na Reforma Tributária uma posição mais privilegiada, que ainda não foi votada, mas já há o seguro de receita que é um instrumento que inviabilizaria Mato Grosso se não existisse, nós conseguimos inserir isso com o ministro Palocci. Então eu tenho sido um companheiro leal, o que eu espero dele também é lealdade. Essas questões pontuais que existiram e eu acho que vão até continuar existindo para frente, são questões menores e não podem nos afastar daquilo que é a essência e que é o fundamental, que é contribuir para que o Estado seja cada vez melhor. Eu há dois ano por exemplo, trabalho num projeto para viabilizar para o nosso Estado uma indústria de fertilizantes. Eu consegui indicar um presidente primeiro da TBG, Transportadora Brasileira de Gás, que é uma subsidiária da Petrobrás, depois eu consegui passar esse presidente para a Diretoria de Abastecimento, e a Petrobrás avança muito. Nós estamos falando de um investimento de mais de R$ 1,2 bilhão em nosso Estado, que vai gerar milhares de empregos, que vão possibilitar uma receita maior para o nosso Estado por causa do valor agregado.
Nós estamos caminhando para o desenvolvimento, para a viabilidade do agronegócio cada vez mais. Você coloca uma indústria de fertilizantes aqui a partir do gás natural, que é a matéria-prima necessária e que nós já temos, significa que a produção será mais barata. Então essas parcerias que nós temos feito mostra com clareza que nós somos parceiros. Fomos parceiros para ganhar, estamos sendo parceiros para governar, agora, obviamente que política é uma ciência difícil de ser elaborada, e eu espero que a gente tenha a capacidade de manter essa aliança para na próxima nós também estarmos juntos.
Diário de Cuiabá – Mas existe hoje alguma insatisfação em relação a participação no governo?
Henry – Da minha parte nunca houve isso. Houve um problema pontual na Secretaria de Infra-estrutura, que eu tratei isso com absoluta clareza, que foi um problema político e teve um desdobramento administrativo.
Diário de Cuiabá – Que foi a questão com o secretário Luiz Antônio Pagot?
Henry – Isso, com o Pagot e o adjunto Gilson. Isso já está superado. Nós já estamos trabalhando e eu acho que é uma fato passado e não tem mais o porquê ter manutenção de discussão sobre esse assunto. E é uma questão pontual, muito menor do que qualquer coisa. Não reivindiquei nenhum cargo para o governador. Não quero participar mais do nós já estamos participando. Ofereci a ele no início do governo alguns nomes para participar, a maior parte já saiu, mas os que ficam continuam ajudando, e o governador tem total liberdade, sem prejudicar o nosso relacionamento, com as minhas indicações ele não tem o compromisso de mantê-los.
Diário de Cuiabá – Então esse questão pontual que o senhor fala não tem a ver com espaço no governo ou disputa de poder entre o senhor e o secretário Pagot?
Henry – Não. Não há e eu não tenho esse tipo de disputa porque eu sinto que o governo inteiro é meu, não dele. Eu sinto que é meu. Eu construí esse governo. Eu fui para a rua pedir voto.
Diário de Cuiabá – Além dessa questão pontual com o secretário Pagot, há comentários de um possível desentendimento entre o senhor e o secretário Otaviano Pivetta, que entrou para o governo com uma áurea de “homem forte” do governo. O quê há de real nesses comentários?
Henry – Comigo não houve discussão nenhuma. Pessoalmente comigo e ele não. O que ele me colocou é que ele tem a pretensão de ser candidato ao Senado e que ele vai trabalhar para construir isso. Eu disse ao governador que eu achava legítimo isso, só que usar o governo para fazer isso eu acho que não é correto. Eu acho que se ele quiser realmente fazer um enfrentamento político ele deveria se desincompatibilizar do governo e construir a candidatura dele, que é legítima, não tem problema nenhum. Essa foi a única questão que houve, não sei se isso é uma indisposição.
Diário de Cuiabá – Talvez por o senhor ter declarado a intenção de disputar também o Senado...
Henry – Eu não declarei. Não declarei e não declaro nesta entrevista. O que eu disse e continua dizendo, é que o governador deseja que eu mature uma candidatura, eu acho que é precoce para a gente decidir isso, uma candidatura ao Senado é uma candidatura conjuntural, depende da conjuntura política. Hoje ela pode ser até favorável ao meu nome, mas eu não sei se no ano que vem será.
Diário de Cuiabá – Alguns conselheiros do governador defendem que cada aliado lance o eu candidato ao senado para que depois seja feita a escolha, o que o senhor pensa sobre essa proposta?
Henry – Isso é um equívoco, próprio de quem desconhece o cenário político. Eu não recebi essa sugestão, não ouvi ninguém falar isso, mas acho que quem falou dá o testemunho claro de que desconhece política. Uma aliança para ser viável tem que ser uma mão de duas vias. Se o PPS se coloca na condição de um dos partícipes de uma aliança e já coloca o nome do governador Blairo Maggi ele vai ter que ceder espaço para que outros participem e se sintam atraídos por esse projeto. Então, eu acho que isso é de uma estupidez muito grande.
Diário de Cuiabá – Qual é a avaliação que o senhor faz dessa decisão do governador em permanecer no PPS para viabilizar a sua reeleição?
Henry – Eu acho que nesse momento é uma decisão acertada. A partir do momento em que a gente tiver uma definição da Legislação Eleitoral nós vamos ver se essa decisão deve permanecer ou se nós temos que mudar.
Diário de Cuiabá – O senhor se arrepende de ter votado com o governo na eleição da Câmara Federal?
Henry – Nem um pouquinho. Eu tinha que manter a minha coerência. Eu fiquei dois anos construindo por deliberação partidária uma aproximação do meu partido com o governo. Como é que eu poderia, depois de ter ficado dois anos juntos, romper o trato, lembrando que a candidatura de Severino Cavalcanti não foi uma candidatura partidária, foi uma candidatura avulsa, individual, então eu não poderia ter uma postura como líder do partido, base do governo, de oposição. Votei com o governo absolutamente consciente e não tenho nenhum tipo de constrangimento em falar sobre esse assunto.
Diário de Cuiabá – E isso criou alguma indisposição em relação ao PP? Henry – Com o PP não. Com o presidente da Câmara talvez sim. Ele tem preferência daqueles que o apoiaram, e é natural que seja dessa forma. Eu acho que o governo se equivocou no final do ano, quando o presidente me chamou dizendo que havia tomado a decisão de me incorporar ao governo, mas me pediu que esperasse a eleição da Câmara, ele se equivocou porque deu margem justamente ais surgimento de candidaturas avulsas. Então o PT errou porque também fez isso também dentro do partido, permitiu uma candidatura avulsa interna e justificou as demais. Criou o ambiente necessário e o deputado Severino é o presidente da Câmara. A relação do PP com o governo está ruim, aliás eu não diria que é só a do PP. Houve uma degradação das lideranças partidárias, o voto tornou-se muito mais individual do que partidário, e isso é ruim porque quebra uma hierarquia e uma prática que tinha na Câmara. Mas não há nenhum ressentimento da minha parte, isso não existe, eu vou continuar seguindo a orientação do líder do meu partido e vou votar porque eu acredito na disciplina partidária. Diário de Cuiabá – O fato de o senhor não ter sido nomeado ministro estremeceu a relação com o governo?
Henry – Não estremeceu nada. Eu acho que o governo hesitou em dezembro do ano passado e essa hesitação que ele teve acabou pagando um preço caríssimo, maior que o meu com toda a certeza, que foi a assunção do deputado Severino. E está vivendo agora um drama de não ter pela primeira vez na história do Brasil, eleito um presidente da Câmara.
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Diário de Cuiabá
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