Repórter News - reporternews.com.br
Manoel de Barros ganha prêmio por seu novo livro
O mato-grossense Manoel de Barros recebeu mais um prêmio esta semana, ratificando sua posição como um dos maiores poetas contemporâneos brasileiros. Seu mais recente livro, Poemas Rupestres (Editora Record), foi escolhido a melhor publicação em verso de 2004 pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (Apca) - que já havia premiado o poeta em 1990. É mais um reconhecimento do trabalho de um verdadeiro mestre que presenteia os leitores com legítimas obras-primas. Tem admiradores como o premiado escritor moçambicano Mia Couto, que confessou certa vez ter sido influenciado por ele.
Manoel de Barros nasceu em Cuiabá mas viveu a infância no Pantanal, mais precisamente em Corumbá (MS), cercado pela fauna e flora que mais tarde viriam a povoar seus versos. Esses elementos nunca se fizeram ausentes. Com habilidade o poeta revisitou-os várias vezes, mas sempre de formas diferentes. Transformou, desconstruiu e reconstruiu, resignificou lembranças, sensações e palavras. E, para sorte dos apreciadores da arte de escrever em versos, colocou tudo isso nos livros.
Em Poemas Rupestres, Manoel de Barros exercita a capacidade de transformar coisas simples e corriqueiras em acontecimentos cheios de lirismo e fantasia. Como faziam os primeiros exemplares da raça humana, deixando seus desenhos nas cavernas - uma forma de colocar para fora a avalanche de informações captadas ao longo do dia -, ele deixa as marcas de lembranças de Mato Grosso e das primeiras impressões do Pantanal gravadas nas páginas deste livro.
Depois de ler tais informações, quem não conhece a obra e a vida de Manoel de Barros pode até pensar que ele viveu enfurnado naquelas planícies alagáveis, vendo apenas bichos e plantas, conversando com a natureza. Puro engano. Para construir uma obra consistente, ele viu e estudou um pouco de tudo. Apesar de dizer que sua vida não é "biografável", é certo que ela daria um sem número de volumes se o autor da façanha esmiuçasse bem os quase 90 anos de vida do pantaneiro-poeta que também é advogado e foi membro da Juventude Comunista.
Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu no antigo Beco da Marinha, em 19 de dezembro de 1916, mas foi com a família para Cáceres, quase no limite oeste do Pantanal. Viveu lá até que, aos oito anos, rumou para a capital sul-mato-grossense a fim de estudar. Estudos esses concluídos no Rio de Janeiro. Conheceu muita gente engajada, a obra de grandes pensadores e juntou aos comunistas. Somente até testemunhar Luiz Carlos Prestes dando apoio a Getúlio Vargas, o homem que havia mandado entregar sua mulher, Olga Benário, aos nazistas. Em entrevistas, Barros descreve bem esse momento de desilusão, lembrando que saiu andando sem rumo até decidir voltar para o Pantanal. Não foi para lá de imediato. Conheceu vários locais, como a Bolívia e o Peru, além de Nova York (EUA).
O poeta pantaneiro estudou outras manifestações artísticas, como pintura e cinema. Mas foi pela poesia que optou, ciente de que, assim como nas artes plásticas ou na chamada sétima arte, com seus versos poderia extrapolar os limites do imaginável. O primeiro livro foi publicado no Rio de Janeiro, em 1937, e se chama Poemas Concebidos Sem Pecado. Não tardou até que público e crítica começassem a notar algo de interessante nos versos de Manoel de Barros. Millôr Fernandes, Antônio Houaiss e Guimarães Rosa são alguns exemplos de intelectuais que se renderam à poesia dele.
Como consequência vieram os prêmios. Em 1960, ganhou o Orlando Dantas, que traz a chancela da Academia Brasileira de Letras (ABL), por seu livro Compêndio Para Uso dos Pássaros. Na mesma década recebeu o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal pela obra Gramática Expositiva do Chão. Em 1989 foi homenageado pelo cineasta Joel Pizzini no filme O Inviável Anonimato do Caramujo-Flor e no ano seguinte recebeu o Grande Prêmio da Crítica/Literatura, da Apca, e o Prêmio Jabuti de Poesia pelo livro O Guardador de Águas. Em 1997, Livro Sobre Nada recebeu o Prêmio Nestlé, de âmbito nacional e em 1998 recebeu o Prêmio Cecília Meireles (literatura/poesia), concedido pelo Ministério da Cultura.
O prêmio recebido esta semana vem mostrar que mesmo depois de 60 anos Manoel de Barros continua atual, inovador, instigante. Hoje seus trabalhos são largamente divulgados em livros, revistas e sites, além de alimentar trabalhos que só fazem reforçar sua importância para a literatura brasileira e mundial.
Manoel de Barros nasceu em Cuiabá mas viveu a infância no Pantanal, mais precisamente em Corumbá (MS), cercado pela fauna e flora que mais tarde viriam a povoar seus versos. Esses elementos nunca se fizeram ausentes. Com habilidade o poeta revisitou-os várias vezes, mas sempre de formas diferentes. Transformou, desconstruiu e reconstruiu, resignificou lembranças, sensações e palavras. E, para sorte dos apreciadores da arte de escrever em versos, colocou tudo isso nos livros.
Em Poemas Rupestres, Manoel de Barros exercita a capacidade de transformar coisas simples e corriqueiras em acontecimentos cheios de lirismo e fantasia. Como faziam os primeiros exemplares da raça humana, deixando seus desenhos nas cavernas - uma forma de colocar para fora a avalanche de informações captadas ao longo do dia -, ele deixa as marcas de lembranças de Mato Grosso e das primeiras impressões do Pantanal gravadas nas páginas deste livro.
Depois de ler tais informações, quem não conhece a obra e a vida de Manoel de Barros pode até pensar que ele viveu enfurnado naquelas planícies alagáveis, vendo apenas bichos e plantas, conversando com a natureza. Puro engano. Para construir uma obra consistente, ele viu e estudou um pouco de tudo. Apesar de dizer que sua vida não é "biografável", é certo que ela daria um sem número de volumes se o autor da façanha esmiuçasse bem os quase 90 anos de vida do pantaneiro-poeta que também é advogado e foi membro da Juventude Comunista.
Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu no antigo Beco da Marinha, em 19 de dezembro de 1916, mas foi com a família para Cáceres, quase no limite oeste do Pantanal. Viveu lá até que, aos oito anos, rumou para a capital sul-mato-grossense a fim de estudar. Estudos esses concluídos no Rio de Janeiro. Conheceu muita gente engajada, a obra de grandes pensadores e juntou aos comunistas. Somente até testemunhar Luiz Carlos Prestes dando apoio a Getúlio Vargas, o homem que havia mandado entregar sua mulher, Olga Benário, aos nazistas. Em entrevistas, Barros descreve bem esse momento de desilusão, lembrando que saiu andando sem rumo até decidir voltar para o Pantanal. Não foi para lá de imediato. Conheceu vários locais, como a Bolívia e o Peru, além de Nova York (EUA).
O poeta pantaneiro estudou outras manifestações artísticas, como pintura e cinema. Mas foi pela poesia que optou, ciente de que, assim como nas artes plásticas ou na chamada sétima arte, com seus versos poderia extrapolar os limites do imaginável. O primeiro livro foi publicado no Rio de Janeiro, em 1937, e se chama Poemas Concebidos Sem Pecado. Não tardou até que público e crítica começassem a notar algo de interessante nos versos de Manoel de Barros. Millôr Fernandes, Antônio Houaiss e Guimarães Rosa são alguns exemplos de intelectuais que se renderam à poesia dele.
Como consequência vieram os prêmios. Em 1960, ganhou o Orlando Dantas, que traz a chancela da Academia Brasileira de Letras (ABL), por seu livro Compêndio Para Uso dos Pássaros. Na mesma década recebeu o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal pela obra Gramática Expositiva do Chão. Em 1989 foi homenageado pelo cineasta Joel Pizzini no filme O Inviável Anonimato do Caramujo-Flor e no ano seguinte recebeu o Grande Prêmio da Crítica/Literatura, da Apca, e o Prêmio Jabuti de Poesia pelo livro O Guardador de Águas. Em 1997, Livro Sobre Nada recebeu o Prêmio Nestlé, de âmbito nacional e em 1998 recebeu o Prêmio Cecília Meireles (literatura/poesia), concedido pelo Ministério da Cultura.
O prêmio recebido esta semana vem mostrar que mesmo depois de 60 anos Manoel de Barros continua atual, inovador, instigante. Hoje seus trabalhos são largamente divulgados em livros, revistas e sites, além de alimentar trabalhos que só fazem reforçar sua importância para a literatura brasileira e mundial.
Fonte:
A Gazeta
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/349413/visualizar/
Comentários