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Politica Brasil
Sábado - 02 de Abril de 2005 às 11:23
Por: Tom Heneghan

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O lento declínio do papa João Paulo 2o., uma saga aparentemente sem fim em uma era de notícias em tempo real, parece menos dramático quando visto através do prisma da Igreja Católica.

Um momento crítico como este, em que o papa de 84 anos se aproxima da morte e muitos fiéis no mundo já se preocupam com seu sucessor, seria motivo de crise para um governo ou empresa sob alvo da imprensa 24 horas por dia.

Mas a Igreja, uma das mais antigas instituições do mundo, já passou pela nomeação e morte de 263 papas antes. Muitos envelheceram com problemas de saúde, tornando a burocracia mais lenta e provocando questionamentos sobre reformas, sem provocar conseqüências desastrosas ou danos irreversíveis à fé católica.

"As pessoas dizem que a Igreja não estava presente antes, mas estava", afirma John Haldane, especialista papal da Universidade de Saint Andrews, na Escócia. "O mundo só não sabia que estava aqui antes. A imprensa mudou tudo isto."

O pontificado de 26 anos de João Paulo 2o., o terceiro mais longo da história da Igreja, também fez com que o homem se tornasse também tão importante quanto o cargo, disse o historiador Gerald Fogarty, da Universidade da Virgínia, acrescentando: "Muitos jovens católicos acham que este papa é a Igreja."

O Vaticano era envolto em tal confidencialidade até pouco tempo que as notícias da morte de um papa costumavam ser o primeiro sinal de problema. Um antigo ditado romano diz: "Um papa não está doente enquanto não estiver morto."

Isto mudou bastante. Durante a hospitalização do papa, o Vaticano chegou a emitir dois boletins por semana no mês passado e agora os informativos sobre a saúde de João Paulo 2o. são dados duas vezes por dia.

CÂNCER, ATAQUE CARDÍACO, PROBLEMAS MENTAIS

O papa João 23o. recebeu o diagnóstico de câncer do estômago em setembro de 1962, um mês antes da abertura do Segundo Conselho do Vaticano, sem dar nenhum sinal de que não viveria para ver o final.

Em novembro, ele já estava doente demais para receber visitas importantes, mas o Vaticano manteve o silêncio, explicando na primavera seguinte que as expressões de dor do pontífice eram por motivo de "muito cansaço" e só divulgando a notícia do câncer poucos dias antes da morte do papa, em junho de 1963.

Seu sucessor, Paulo 6o., teve problemas de saúde a partir do início dos anos 1970 e nos últimos anos de pontificado seus assessores ficaram responsáveis por grande parte do trabalho na Igreja. Quando teve um ataque cardíaco em agosto de 1978, o Vaticano demorou horas antes de anunciar a morte do papa.

Agora, com João Paulo 2o., a atitude do Vaticano é tão diferente que a assessoria de imprensa ficou aberta a noite inteira de sábado para fornecer notícias para os jornalistas.

Pio 12o. (1939-1958) ficou seriamente doente nos últimos seis anos de seu pontificado, provavelmente sofrendo de problemas mentais.

O pontificado do papa Léo 13o. (1878-1903) terminou depois de dez anos de sofrimento. "Nos últimos dez anos antes de sua morte, ele foi mantido à base de narcóticos", afirma John-Peter Pham, historiador da Universidade James Madison, na Virgínia.

A confirmação de histórias sobre a saúde dos papas antes deste período é difícil por falta de informações. Por outro lado, as pessoas também morriam mais cedo antigamente. Com a medicina atual, é mais fácil prolongar a vida, afirma Pham.




Fonte: Reuters

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