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Internacional
Sábado - 02 de Abril de 2005 às 10:19

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Sásabe, um pequeno povoado perdido e esquecido na grande fronteira entre o México e os Estados Unidos, há sete anos se tornou o oásis onde milhares de emigrantes se abastecem antes de fazer a longa travessia pelo deserto.

O povoado foi fundado há muitos anos por índios Papago, que vivem nos dois lados da fronteira e foram se afastando do lugar quando outros habitantes chegaram.

Quando, na década passada, as autoridades dos Estados Unidos começaram a aumentar a vigilância em pontos que os imigrantes ilegais tradicionalmente cruzam a fronteira, como Tijuana e Mexicali (Baixa Califórnia) e San Luis Rio Colorado (Sonora), a corrente migratória se deslocou para o centro de Sonora.

Nesse caminho, o fluxo migratório descobriu o povoado de Sásabe, que era quase uma cidade fantasma, mas um lugar ideal para "pular para o outro lado", pois está situado entre montes e riachos, permitindo que os emigrantes se escondam.

Atualmente, Sásabe tem cerca de dois mil habitantes, seis policiais e uma patrulha. E uma população flutuante de 2.500 pessoas, a maioria pessoas que querem atravessar para o lado "americano".

No povoado, que só tem uma rua de 200 metros pavimentada, existem alguns pequenos hotéis e casas de hóspedes, que cobram até 50 dólares por quarto, disse à EFE o comissário municipal, Alejandro Leyva.

Além disso, a economia local ganha estímulo com a construção de novas casas.

São dezenas de milhares de pessoas que a cada ano chegam a Sábabe de diferentes pontos do México e da América Central. O povoado é um oásis na rota para os Estados Unidos, pois no local os emigrantes se abastecem de água e comida para a odisséia.

"Muitos tentaram ficar nos Estados Unidos várias vezes; foram presos e deportados, mas voltam a insistir", conta Leyva, que reclama da pouca infra-estrutura administrativa, apesar da importância que o povoado ganhou nos últimos anos, com o aumento do fluxo migratório.

"Não temos muito apoio do governo, estamos sozinhos neste povoado", afirma Leyva.

Sobre o início da operação do grupo civil americano "Minuteman project", que anunciou que em abril vai "caçar" os imigrantes que entrarem no território do Arizona, Leyva diz que soube através das notícias e não recebeu instruções oficiais. Em Sásabe existe uma base do Grupo Beta, uma organização governamental de ajuda aos imigrantes, que irá reforçar seu trabalho diante das atividades dos "caça-ilegais".

"Estamos inteirados apenas pelas notícias, mesmo sendo fronteira com o Arizona. Aqui fazemos ronda, só temos três agentes da polícia municipal e outros três são da polícia judicial", diz Leyva.

"Não temos capacidade para uma emergência. As pessoas do Grupo Beta andam de quadriciclo, mas não podem fazer muito. Nós estamos pior do que eles, temos uma patrulha", acrescenta.

David Parra, prefeito do município de Saric, ao qual Sásabe pertence, também não tem informações oficiais sobre o que acontecerá no Arizona a partir de hoje.

Parra disse que na "alta temporada" todos os dias de 2.000 a 3.000 pessoas atravessam de Sonora para os Estados Unidos, principalmente por Sásabe.

Mas o povoado é só uma parada no longo caminho para "o sonho americano", que muitas vezes termina em pesadelo.

Do outro lado, está Sásabe Arizona, um povoado com cerca de vinte casas e poucos habitantes, ponto que os imigrantes evitam, preferindo entrar pelo deserto, que no verão chega a temperaturas de mais de 40 graus centígrados.

Além disso, explica Leyva, no deserto os imigrantes podem sofrer picadas de cobras e escorpiões, ou acabar nas garras e presas de um puma.

Esses não são os únicos obstáculos, também há assaltantes e traficantes de drogas, além dos "caça imigrantes", que começam sua tarefa a partir de hoje.

Por isso, os imigrantes compram em Sásabe água e alimentos; principalmente água, pois do povoado até Tucson, no Arizona, a caminhada dura três noites, diz o prefeito.

Nenhum dos imigrantes anda armado, diz Leyva, explicando que entre eles estão famílias inteiras, até "com crianças de colo".

Alguns deles aparecem depois na fria estatística de 400 mortos por ano no deserto do Arizona.




Fonte: EFE

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