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Cultura
Sábado - 02 de Abril de 2005 às 06:57
Por: Giordanna Santos

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Um clássico narrado pelo vilão. Essa é a história de Chapeuzinho Vermelho ou o Diário do Lobo Mau, espetáculo encenado neste fim de semana pelo Teatro da Juventude, do Rio de Janeiro, no teatro da Universidade Federal de Mato Grosso. Em várias versões deste clássico da literatura infantil, tudo que o lobo fez sempre deu errado. É a partir desse fato que ele resolve contar a sua vida. Na peça o vilão relata as histórias dos sete cabritinhos e dos três porquinhos. "Enquanto as outras histórias são narradas pelo lobo mau, Chapeuzinho Vermelho é encenada na íntegra. Só que do ponto de vista do vilão", conta o ator Marcelo Dusi.

De acordo com o diretor Luiz Arthur e o protagonista Marcelo Dusi, o clássico mantém uma legião de pequenos fãs não "só pela imagem da protagonista, a simpatia da vovó e do caçador mas também pela figura do lobo mau, que povoa o imaginário infantil".

O texto mantém ingredientes do conto clássico com toques de modernidade. Um exemplo disso é o cenário. "Como maior parte da história se passa na floresta, o cenário explora muito o verde. E isso é uma forma de sugestão, uma ambientação para que possamos transitar pelas histórias", explica Marcelo.

Diário do Lobo mau tem como principal atração a própria história e a sensibilidade do conto. O ator divide o palco com alguns bonecos e dispensa inovações técnicas. "O que mais chama atenção das crianças é o enredo. Não é a parte técnica que vai atrair o interesse desse tipo de público. Mesmo porque não poderíamos competir com os recursos modernos do videogame, da televisão ou da internet", afirma Marcelo.

O ator comenta que se o espetáculo for mais limpo, sem muitos exageros, é mais fácil de as crianças identificarem com o seu conteúdo. "Temos uma preocupação muito grande de não transformar o espetáculo em uma escola de samba. As crianças vão ter basicamente uma peça de teatro, baseada em ator e texto".

Para Luiz Arthur o ponto forte do trabalho do grupo é a simplicidade. Ele fala ainda que as produções do Teatro da Juventude sempre respeitam a inteligência da criança, onde o envolvimento com o espetáculo se dá de acordo com a faixa etária. "Acreditamos em uma história bem contada, em uma brincadeira inteligente e na mensagem sinceramente transmitida".

Para Dusi, o Programa Nacional de Formação de Platéias é um nome muito pomposo para uma idéia muito simples. "Nós acreditamos que se incentivarmos as crianças a irem ao teatro a médio prazo teremos um público teatral. Na verdade, é uma forma de a criança desenvolver o senso crítico e a vontade, muitas vezes escondida, de ir ao teatro".

Apesar de a história ser a principal forma de atrair o público infantil, o que cria a mágica do conto são os recursos cênicos, como o cenário, a iluminação, a sonoplastia. Para Luiz Arthur, o teatro infantil é uma forma de resgate de um tipo de literatura que está esquecida.

Ator e diretor acreditam que falta um pouco de incentivo e um envolvimento maior dos pais em relação ao teatro infantil. "Os pais têm que vestir a camisa e curtir com os filhos", revelam. "Diferente do que a maioria pensa, o público infantil lê muito. Os pais não estimulam isso, mas mesmo assim os pequeninos têm gosto pela literatura e pela fantasia", diz Marcelo Dusi.

Ele acredita que o teatro infantil está crescendo no Brasil e sendo mais valorizado. Marcelo diz ainda que o teatro em Cuiabá também está se desenvolvendo e não perde em nada para outras capitais.

A companhia Teatro da Juventude existe há 32 anos, sempre focada no teatro infantil. O grupo se apresenta em Cuiabá desde 1975 e em 2004 encenou Pinóquio, no teatro do Cefet. Também já apresentou outros contos clássicos da literatura infantil como Os Três Porquinhos.

Serviço - A peça Chapeuzinho Vermelho ou Diário do Lobo Mau será encenada hoje e amanhã no teatro UFMT, às 16h. O ingresso custa R$ 8 para crianças, estudantes, idosos e acompanhantes. Mais informações na bilheteria do teatro ou 615-8372.




Fonte: A Gazeta

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