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Politica Brasil
Sexta - 01 de Abril de 2005 às 20:58
Por: João Carlos Caldeira

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Raras vezes, discuto sobre a violência urbana quando escrevo. Por dois motivos: o primeiro é que não gosto de explorar o interesse bizarro do ser humano pelo sofrimento alheio e em segundo, por opção, prefiro não alimentar a paranóia urbana que vivemos nas grandes cidades como Várzea Grande e Cuiabá.

Abro exceção neste artigo para que a chama da indignação de todos nós cidadãos permaneça acesa, sempre, para que possamos cobrar melhores resultados das políticas públicas de segurança, neste novo ano, do novo prefeito eleito Wilson Santos, que prometeu em campanha, a instalação da Guarda Municipal e de câmeras de vigilância espalhadas pelas ruas da capital.

Tão grave e preocupante quanto à violência urbana é a indiferença e a banalização da violência. Estamos tão acostumados a ouvir, ler e ver tantos casos de assaltos, roubos, seqüestros, brigas, acertos de conta e assassinatos que de maneira inconsciente, passamos a encarar como normal, rotineiro, sem solução. Isso é muito grave!

A indignação deve ser permanente e constante. É ela que nos mantém alerta, confiantes e com esperanças que um dia nossos filhos ou netos poderão viver em paz, seguros e com dignidade em Cuiabá ou qualquer outra cidade de Mato Grosso. Há poucos dias, quatro soldados da polícia militar foram presos numa ação, que não se sabe bem ao certo se tratava de um assalto, seqüestro ou cobrança ilegal, num pequeno supermercado do Bairro Tijucal.

Sabemos que casos como esse são exceções, acontece que além de macular a imagem da corporação que é paga para nos defender e nos proteger da violência, nos deixa ainda mais desconfiados e descrentes da honestidade e da integridade moral da Polícia.

Vivemos numa verdadeira guerra civil diariamente. Quem até hoje não teve um toca-cd roubado do seu carro? Quem nunca teve um furto em sua residência ou foi assaltado a mão armada?

De acordo com pesquisas publicadas na mídia, o custo da violência corresponde a mais de 10% do Produto Interno Bruto – PIB (tudo que se produz num país). As empresas e as famílias de classes sociais privilegiadas gastam cada vez mais com alarmes, cercas elétricas, grades, vigias, câmeras de vídeo, empresas de monitoramento, muros e com as companhias de seguro.

Dá pra imaginar você pagando 11 ou 12% do valor de um veículo todo ano, para mantê-lo segurado? É um absurdo mais em regiões de altos índices de violência e próximas a fronteiras com outros países (leia-se Paraguai), como é o caso de Mato Grosso, o seguro de uma Pick-up nacional a Diesel, chega a custar entre R$-7.000 a R$-9.000, por ano.

Um sistema de cerca elétrica e alarme monitorado em uma residência de classe média custa cerca de R$-5.000 instalados, mais um salário mínimo por mês de monitoramento.

Além de uma das maiores cargas tributária do planeta, temos ainda que pagar caro para conseguir manter nossa integridade física e patrimonial. O pior é que o imposto da violência é o mais caro e injusto de todos, pois não garante o cumprimento nem do primeiro princípio da Declaração Universal dos direitos do Homem: o direito a vida e a liberdade.

João Carlos Caldeira Empresário, jornalista, professor universitário. E-mail: joaocmc@terra.com.br




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